Tatu-canastra: o engenheiro ambiental indispensável
para o ecossistema
por
Fábio Paschoal em 25 de outubro de 2013
Tatu-canastra (Priodontes maximus)
– Foto: Projeto Tatu-Canastra
Encontrado em quase toda a América do
Sul, o tatu-canastra é o maior membro de sua família
(Dasypodidae). É um animal robusto, dotado de enormes garras que servem para
cavar buracos em busca de formigas e cupins. Seu corpo é coberto por uma
carapaça coriácea que o protege contra predadores. Pode pesar até 50 quilos e
chega a medir 1,5 metro de comprimento (incluindo a cauda).
Apesar de seu tamanho e de sua grande
área de distribuição é um animal raro de ser observado. A espécie é visada por
caçadores e o desmatamento está destruindo o seu habitat. Além disso, passa a
maior parte do tempo embaixo da terra. Há quem diga que é uma criatura
mitológica, outros acreditam que não exista mais. Hoje se encontra na
categoria vulnerável da lista vermelha
de animais ameaçados de extinção da IUCN (União Internacional para a Conservação da
Natureza, na sigla em inglês), mas oprojeto Tatu Canastra, uma iniciativa do Instituto de
Pesquisas Ecológicas (IPÊ) e da Royal Zoological Society of Scotland, está
tentando mudar essa história.
Um estudo realizado por Arnaud
Desbiez, biólogo e coordenador do projeto, e pelo médico veterinário Danilo
Kluyber, revelou que o tatu-canastra altera o ambiente, muda a
disponibilidade de recursos para outras espécies e, por isso, é considerado
um engenheiro do ecossistema indispensável para o
meio ambiente.
Jaguatirica
na toca do tatu-canastra – Foto: Projeto Tatu-Canastra
O animal cava túneis para dormir ou procurar comida. As tocas podem
atingir 5 metros de profundidade e 35 centímetros de largura. Esses buracos são
utilizados por outros animais como refúgio térmico, abrigo contra predadores e
área de alimentação e descanso. Pelo menos 24 espécies de vertebrados se
beneficiam dos novos habitats criados pelos canastras.
A pesquisa também indica que as tocas podem ser importantes aliadas dos
animais contra o aquecimento global. A temperatura do interior dos buracos se
mantém constante em 24°C. “Com as mudanças climáticas e a tendência das
temperaturas aumentarem, as tocas de tatu-canastra podem ajudar as espécies a
sobreviverem a essas mudanças e temperaturas extremas”, diz Desbiez.
Os gigantes encouraçados são
extremamente importantes para a manutenção de um ecossistema saudável e
sua extinção causaria um desequilíbrio nos habitats
onde são encontrados. Assim, o Projeto Tatu Canastra segue com as pesquisas e
luta pela conservação da espécie.
Arnaud
Desbiez (esquerda) e Danilo Kluyber (direita) – Foto: Projeto Tatu-Canastra
Quatis
procuram por comida no monte de terra deixado pelo tatu-canastra na entrada da
toca – Foto: Projeto Tatu-Canastra
Lobinho
dormindo em toca de tatu-canastra – Foto: Projeto Tatu-Canastra
Cutia
saindo de uma toca de tatu-canastra – Foto: Projeto Tatu-Canastra
Cateto
entrando na toca do tatu-canastra – Foto: Projeto Tatu-Canastra
O
tamanduá-mirim também usa os túneis feitos pelo tatu-canastra – Foto: Projeto
Tatu-Canastra
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