quinta-feira, maio 22, 2014

Tatu-canastra: o engenheiro ambiental indispensável para o ecossistema
por Fábio Paschoal em 25 de outubro de 2013
Tatu-canastra (Priodontes maximus) – Foto: Projeto Tatu-Canastra
Encontrado em quase toda a América do Sul, o tatu-canastra é o maior membro de sua família (Dasypodidae). É um animal robusto, dotado de enormes garras que servem para cavar buracos em busca de formigas e cupins. Seu corpo é coberto por uma carapaça coriácea que o protege contra predadores. Pode pesar até 50 quilos e chega a medir 1,5 metro de comprimento (incluindo a cauda).
Apesar de seu tamanho e de sua grande área de distribuição é um animal raro de ser observado. A espécie é visada por caçadores e o desmatamento está destruindo o seu habitat. Além disso, passa a maior parte do tempo embaixo da terra. Há quem diga que é uma criatura mitológica, outros acreditam que não exista mais. Hoje se encontra na categoria vulnerável da lista vermelha de animais ameaçados de extinção da IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza, na sigla em inglês), mas oprojeto Tatu Canastra, uma iniciativa do Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ) e da Royal Zoological Society of Scotland, está tentando mudar essa história.
Um estudo realizado por Arnaud Desbiez, biólogo e coordenador do projeto, e pelo médico veterinário Danilo Kluyber,  revelou que o tatu-canastra altera o ambiente, muda a disponibilidade de recursos para outras espécies e, por isso, é considerado um engenheiro do ecossistema indispensável para o meio ambiente.
Jaguatirica na toca do tatu-canastra – Foto: Projeto Tatu-Canastra
O animal cava túneis para dormir ou procurar comida. As tocas podem atingir 5 metros de profundidade e 35 centímetros de largura. Esses buracos são utilizados por outros animais como refúgio térmico, abrigo contra predadores e área de alimentação e descanso. Pelo menos 24 espécies de vertebrados se beneficiam dos novos habitats criados pelos canastras.
A pesquisa também indica que as tocas podem ser importantes aliadas dos animais contra o aquecimento global. A temperatura do interior dos buracos se mantém constante em 24°C. “Com as mudanças climáticas e a tendência das temperaturas aumentarem, as tocas de tatu-canastra podem ajudar as espécies a sobreviverem a essas mudanças e temperaturas extremas”, diz Desbiez.
Os gigantes encouraçados são extremamente importantes para a manutenção de um ecossistema saudável e sua extinção causaria um desequilíbrio nos habitats onde são encontrados. Assim, o Projeto Tatu Canastra segue com as pesquisas e luta pela conservação da espécie.


Arnaud Desbiez (esquerda) e Danilo Kluyber (direita) – Foto: Projeto Tatu-Canastra
Quatis procuram por comida no monte de terra deixado pelo tatu-canastra na entrada da toca – Foto: Projeto Tatu-Canastra
Lobinho dormindo em toca de tatu-canastra – Foto: Projeto Tatu-Canastra
Cutia saindo de uma toca de tatu-canastra – Foto: Projeto Tatu-Canastra
Cateto entrando na toca do tatu-canastra – Foto: Projeto Tatu-Canastra
O tamanduá-mirim também usa os túneis feitos pelo tatu-canastra – Foto: Projeto Tatu-Canastra
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