O que o Fuleco fez pelo tatu-bola?
Mascote da Copa de 2014 é espécie encontrada apenas
no Brasil, mas até agora, não se beneficiou com o título
Estagiária Gabriela Troian sob a orientação de
Valéria Forner
Formato da carapaça do tatu-bola facilita a caça predatória
Para chegar ao posto de mascote da Copa do Mundo de
2014, o tatu-bola (Tolypeutes tricinctus) enfrentou uma disputa com
a onça-pintada, a arara-azul e o jacaré. Das 11 espécies de tatu que ocorrem no Brasil, é a única endêmica. A
situação do tatu-bola, ameaçado de extinção, não melhorou desde setembro do ano
passado, quando houve a eleição da mascote. As áreas onde a espécie ocorre
continuam sendo desmatadas, comprometendo, assim, a sobrevivência do animal.
Espécie é a única
endêmica de tatus no Brasil
Ao apresentar o tatu-bola como candidato a mascote
aos membros da Federação Internacional de Futebol (Fifa), a Associação
Caatinga, organização não governamental, fez uma lista de justificativas. Entre
elas se destaca o fato de o tatu-bola ser espécie que existe apenas no Brasil, nas
áreas de Caatinga e Cerrado, e estar ameaçada de extinção. Outra característica é o formato de bola
que o animal assume, quando se sente ameaçado.
Desde a escolha da mascote, aumentou a visibilidade
para o projeto “Tatu-bola: Marcando um gol pela sustentabilidade”. No entanto,
não foram desenvolvidas medidas de preservação. Biólogo da Associação Caatinga,
Rodrigo Castro afirma que ainda há muitas pessoas que não associam o Fuleco,
nome dado à mascote, ao tatu-bola, e desconhecem o risco de a espécie
desaparecer.
Rodrigo Castro luta
pela preservação na Caatinga
O personagem Fuleco é facilmente encontrado em
comerciais, sites e até em álbuns de figurinhas. Mas e o tatu-bola de verdade?
Diferentemente da mascote, refugia-se em áreas bem preservadas que ainda restam
no País, como a RPPN Serra da Alma, entre as cidades de Crateus (CE) e Buriti
dos Montes (PI). A presença do Tolypeutes tricinctos, vale dizer, sinaliza a
boa saúde dos biomas.Tamanha importância motivou a Fifa a agregar a
palavra “futebol” à “ecologia”. Por isso o nome Fuleco. Rodrigo Castro afirma
que durante reuniões realizadas com o comitê organizador do evento esportivo e
o Ministério do Meio Ambiente, não houve apelo maior para conscientizar as
pessoas sobre a possibilidade de extinção. “O tatu-bola deu vida ao Fuleco, mas
o que ele realmente fez pelo tatu-bola? O compromisso de preservação termina
justamente no nome”, observa o biólogo.
Entre os dias 12 e 16 de maio será desenvolvida uma
oficina de elaboração do Plano de Ação Nacional (PAN) de conservação do
Tatu-bola, iniciativa do Instituto Chico Mendes de Conservação da
Biodiversidade (ICMBio) e da Associação Caatinga. Com a participação de
pesquisadores, o PAN tem a proposta de traçar metas para a preservação da
espécie pelos próximos cinco anos. O sumário deve ser concluído até o final da
Copa, em julho.
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