Como doença de menina causou comoção e mudou a forma de país criar porcos DA BBC BRASIL 11/09/2017 12h44
Menina contraiu superbactéria dos porcos da
fazenda em que vivia
Fazendeiros ao redor do mundo estão dando
antibióticos para animais em grande escala para mantê-los saudáveis e reduzir o
preço de carnes, mas isso ajudou a criar uma grave crise de saúde pública.
Uso excessivo desses medicamentos na criação de
animais como porcos e galinhas permite que bactérias desenvolvam resistência.
Há três anos, por exemplo, foi descoberto que bactérias em porcos na China já
resistiam ao potente antibiótico colistina.
Mas um país decidiu mudar drasticamente e ir contra
essa tendência –tudo por causa de uma menina chamada Eveline.
Em 2003, a filha do fazendeiro holandês Eric van
den Heuval, então com um ano de idade, foi levada ao hospital às pressas para
uma cirurgia cardíaca.
Ela havia nascido com um problema congênito. Se não
fosse operada, poderia morrer.
"Fomos ao hospital, mas o médico disse: 'O
teste dela foi positivo para [a bactéria] MRSA [também conhecida pela sigla
SARM, para Staphylococcus aureus resistente à meticilina]. Ela
não pode ser operada'", diz Eric.
Para surpresa de Eric, Eveline havia contraído uma
superbactéria dos porcos de sua fazenda –uma variante que pode ser transmitida
no contato com animais contaminados e foi encontrada também em criadores de
porcos na Dinamarca e na Alemanha.
"Aquele momento mudou totalmente a vida da
minha família", afirma Eric.
Por causa de Eveline, Eric decidiu mudar a forma
como cuidava da fazenda.
A história de sua filha levou outros fazendeiros a
mudar suas práticas também.
"Quando você ouve sobre Eric e sua filha e
como isso tudo está nos matando, você é compelido a fazer algo a
respeito", diz o fazendeiro Gebert Oosterlaken, que também cria porcos.
Ele e Eric formaram um grupo para reunir outros
fazendeiros e veterinários para debater o problema e buscar soluções.
Eles passaram a cuidar dos porcos sem antibióticos,
usando bactérias probióticas para combater micro-organismos prejudiciais à
saúde dos animais e mantendo-os separados em zonas higienizadas para impedir a
proliferação de doenças.
"Hoje, você percebe pela aparência deles, seu
brilho, seus olhos, que eles estão mais saudáveis. Assim, eles morrem menos,
minha produtividade aumenta e é mais fácil criá-los", diz Gebert.
O governo holandês agora divulga as técnicas
desenvolvidas por Eric, Gebert e seus colegas, e diz que o uso de antibióticos
em animais caiu 65%.
"É claro que sentimos orgulho do que atingimos
dentro de nosso pequeno grupo, mas, na realidade, conseguimos criar um
movimento que mudou a criação de animais na Holanda", afirma Gebert.
O especialista em antibióticos Jaap Wagenaar diz
que Gebert e Eric foram muito importantes nessa mudança por terem sido os
primeiros a adotar formas de reduzir o uso desses medicamentos nas suas
fazendas.
"Eles atuam como embaixadores. Mostram aos
seus colegas quais opções eles têm."
E como está a filha e Eric hoje?
"Hoje, ela tem 16 anos", diz Eric ao lado de
Eveline em sua fazenda. "É muito saudável –e está livre da superbactéria."
Menina contraiu superbactéria dos porcos da fazenda em que vivia
Fazendeiros ao redor do mundo estão dando
antibióticos para animais em grande escala para mantê-los saudáveis e reduzir o
preço de carnes, mas isso ajudou a criar uma grave crise de saúde pública.
Uso excessivo desses medicamentos na criação de
animais como porcos e galinhas permite que bactérias desenvolvam resistência.
Há três anos, por exemplo, foi descoberto que bactérias em porcos na China já
resistiam ao potente antibiótico colistina.
Mas um país decidiu mudar drasticamente e ir contra
essa tendência –tudo por causa de uma menina chamada Eveline.
Em 2003, a filha do fazendeiro holandês Eric van
den Heuval, então com um ano de idade, foi levada ao hospital às pressas para
uma cirurgia cardíaca.
Ela havia nascido com um problema congênito. Se não
fosse operada, poderia morrer.
"Fomos ao hospital, mas o médico disse: 'O
teste dela foi positivo para [a bactéria] MRSA [também conhecida pela sigla
SARM, para Staphylococcus aureus resistente à meticilina]. Ela
não pode ser operada'", diz Eric.
Para surpresa de Eric, Eveline havia contraído uma
superbactéria dos porcos de sua fazenda –uma variante que pode ser transmitida
no contato com animais contaminados e foi encontrada também em criadores de
porcos na Dinamarca e na Alemanha.
"Aquele momento mudou totalmente a vida da
minha família", afirma Eric.
Por causa de Eveline, Eric decidiu mudar a forma
como cuidava da fazenda.
A história de sua filha levou outros fazendeiros a
mudar suas práticas também.
"Quando você ouve sobre Eric e sua filha e
como isso tudo está nos matando, você é compelido a fazer algo a
respeito", diz o fazendeiro Gebert Oosterlaken, que também cria porcos.
Ele e Eric formaram um grupo para reunir outros
fazendeiros e veterinários para debater o problema e buscar soluções.
Eles passaram a cuidar dos porcos sem antibióticos,
usando bactérias probióticas para combater micro-organismos prejudiciais à
saúde dos animais e mantendo-os separados em zonas higienizadas para impedir a
proliferação de doenças.
"Hoje, você percebe pela aparência deles, seu
brilho, seus olhos, que eles estão mais saudáveis. Assim, eles morrem menos,
minha produtividade aumenta e é mais fácil criá-los", diz Gebert.
O governo holandês agora divulga as técnicas
desenvolvidas por Eric, Gebert e seus colegas, e diz que o uso de antibióticos
em animais caiu 65%.
"É claro que sentimos orgulho do que atingimos
dentro de nosso pequeno grupo, mas, na realidade, conseguimos criar um
movimento que mudou a criação de animais na Holanda", afirma Gebert.
O especialista em antibióticos Jaap Wagenaar diz
que Gebert e Eric foram muito importantes nessa mudança por terem sido os
primeiros a adotar formas de reduzir o uso desses medicamentos nas suas
fazendas.
"Eles atuam como embaixadores. Mostram aos
seus colegas quais opções eles têm."
E como está a filha e Eric hoje?
"Hoje, ela tem 16 anos", diz Eric ao lado de
Eveline em sua fazenda. "É muito saudável –e está livre da superbactéria."
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