sábado, setembro 30, 2017
Monopólio brasileiro do nióbio gera cobiça mundial,e controvérsia...
O Brasil tem quase toda a revesa do mundo do mineral mais importante do mundo para a industria aéreo espacial, Trata-se do nióbio, elemento químico usado como liga na produção de aços especiais e um dos metais mais resistentes à corrosão e a temperaturas extremas. Quando adicionado na proporção de gramas por tonelada de aço, confere maior tenacidade e leveza. O nióbio é atualmente empregado em automóveis, turbinas de avião, gasodutos, em tomógrafos de ressonância magnética, na indústria aeroespacial, bélica e nuclear, além de outras inúmeras aplicações como lentes óticas, lâmpadas de alta intensidade, bens eletrônicos e até piercings.
sexta-feira, setembro 29, 2017
Cientistas brasileiros usam canto e DNA para identificar nova perereca
no Cerrado
Paula
Adamo Idoeta - @paulaidoetaDa BBC Brasil em São Paulo
28 setembro 2017
Pithecopus araguaius
foi identificada no Mato Grosso por pesquisa de campo que começou em 2010
(Foto: Divulgação)
Cientistas brasileiros anunciaram a descoberta de uma nova espécie de
anfíbio no Cerrado, o que evidencia, segundo eles, o potencial ainda
inexplorado (e ameaçado) desse bioma no Centro-Oeste do Brasil.
A perereca Pithecopus
araguaius foi primeiro avistada pelos pesquisadores - ligados às
universidades Unicamp, em São Paulo, e Federal de Uberlândia (UFU), em Minas
Gerais - em estudos de campo em 2010.
Desde então, foi possível confirmar
que se tratava de uma nova espécie graças a extensos estudos de DNA e análises
morfológicas (da aparência do animal), além de dados acústicos dos sons
emitidos pelo anfíbio, distintos dos emitidos até mesmo por pererecas do mesmo
gênero Pithecopus.
"O canto serve para que a fêmea reconheça o macho da mesma espécie.
Isso nos ajudou a diagnosticar que era (uma espécie) diferente das espécies
irmãs", explica à BBC Brasil o taxonomista Felipe Andrade, um dos autores
da pesquisa - recém-publicada no periódico científico Plos One - ao lado de
Isabelle Aquemi Haga, Daniel Pacheco Bruschi, Shirlei Recco-Pimentel e
Ariovaldo Giaretta.
Além disso, os pesquisadores notaram
que a araguaius tem a cabeça
e o corpo de tamanho um pouco menor que suas irmãs do gênero Pithecopus e um padrão
diferente (que os cientistas chamam de não reticulado) de manchas no corpo.
Há, agora, 11 tipos de Pithecopus documentados,
sendo o araguaius o mais novo
deles. Algumas pererecas desse gênero preferem altitudes mais elevadas, o que
também as diferencia da araguaius, que habita terras
baixas.
"O reconhecimento da Pithecopus
araguaius é importante para o conhecimento da riqueza de anfíbios e
diversificação de padrões nessa região", diz trecho do artigo publicado no
site da Plos One.
Perereca
recém-descoberta se diferencia de suas irmãs por tamanho menor da cabeça e do
corpo e diferenças no padrão de manchas; acima, registro dos cientistas dela
vista de cima e de baixo (Foto: Divulgação)
Bioma a ser conhecido
A araguaius foi
descoberta na cidade de Pontal do Araguaia, no Mato Grosso, à beira do rio
Araguaia - daí seu nome. Posteriormente, os cientistas documentaram a
existência da nova espécie também na Chapada dos Guimarães e na cidade
mato-grossense de Santa Terezinha.
"A descoberta mostra que em 2017 ainda temos espécies a serem
descritas no Cerrado, uma região com alto índice de biodiversidade e sob forte
impacto da ação humana", afirma Andrade.
Seu orientador, Ariovaldo Giaretta, acrescenta à BBC Brasil que o fato
de essa região do Brasil estar sob pressão - sobretudo pela expansão do
agronegócio - pode colocar em risco eventuais descobertas de outras espécies.
"Por acaso achamos essa nova espécie. Quantas outras podem existir?
E não temos ideia de o que está sendo perdido nas áreas (de Cerrado) que estão
sumindo", diz Giaretta. "Se novos vertebrados ainda estão aparecendo
(nas pesquisas), pode haver outras criaturas vivas - invertebrados, plantas.
(...) É estarrecedor que (muitas áreas) estejam virando pasto para boi."
No estudo, os pesquisadores citam o Cerrado como "um dos mais
ameaçados hotspots da Terra, sobretudo pela perda de hábitats por conta do
desenvolvimento urbano e agrícola".
E a própria araguaius pode estar
sob perigo de extinção, por ser uma perereca que habita áreas baixas e,
portanto, de interesse do agronegócio.
"Ainda precisamos de muitos esforços para conhecer nossa
biodiversidade do Cerrado e mais ainda da Amazônia", opina Andrade.
segunda-feira, setembro 11, 2017
Como doença de menina causou comoção e mudou a forma de país criar porcos DA BBC BRASIL 11/09/2017 12h44
Menina contraiu superbactéria dos porcos da
fazenda em que vivia
Fazendeiros ao redor do mundo estão dando
antibióticos para animais em grande escala para mantê-los saudáveis e reduzir o
preço de carnes, mas isso ajudou a criar uma grave crise de saúde pública.
Uso excessivo desses medicamentos na criação de
animais como porcos e galinhas permite que bactérias desenvolvam resistência.
Há três anos, por exemplo, foi descoberto que bactérias em porcos na China já
resistiam ao potente antibiótico colistina.
Mas um país decidiu mudar drasticamente e ir contra
essa tendência –tudo por causa de uma menina chamada Eveline.
Em 2003, a filha do fazendeiro holandês Eric van
den Heuval, então com um ano de idade, foi levada ao hospital às pressas para
uma cirurgia cardíaca.
Ela havia nascido com um problema congênito. Se não
fosse operada, poderia morrer.
"Fomos ao hospital, mas o médico disse: 'O
teste dela foi positivo para [a bactéria] MRSA [também conhecida pela sigla
SARM, para Staphylococcus aureus resistente à meticilina]. Ela
não pode ser operada'", diz Eric.
Para surpresa de Eric, Eveline havia contraído uma
superbactéria dos porcos de sua fazenda –uma variante que pode ser transmitida
no contato com animais contaminados e foi encontrada também em criadores de
porcos na Dinamarca e na Alemanha.
"Aquele momento mudou totalmente a vida da
minha família", afirma Eric.
Por causa de Eveline, Eric decidiu mudar a forma
como cuidava da fazenda.
A história de sua filha levou outros fazendeiros a
mudar suas práticas também.
"Quando você ouve sobre Eric e sua filha e
como isso tudo está nos matando, você é compelido a fazer algo a
respeito", diz o fazendeiro Gebert Oosterlaken, que também cria porcos.
Ele e Eric formaram um grupo para reunir outros
fazendeiros e veterinários para debater o problema e buscar soluções.
Eles passaram a cuidar dos porcos sem antibióticos,
usando bactérias probióticas para combater micro-organismos prejudiciais à
saúde dos animais e mantendo-os separados em zonas higienizadas para impedir a
proliferação de doenças.
"Hoje, você percebe pela aparência deles, seu
brilho, seus olhos, que eles estão mais saudáveis. Assim, eles morrem menos,
minha produtividade aumenta e é mais fácil criá-los", diz Gebert.
O governo holandês agora divulga as técnicas
desenvolvidas por Eric, Gebert e seus colegas, e diz que o uso de antibióticos
em animais caiu 65%.
"É claro que sentimos orgulho do que atingimos
dentro de nosso pequeno grupo, mas, na realidade, conseguimos criar um
movimento que mudou a criação de animais na Holanda", afirma Gebert.
O especialista em antibióticos Jaap Wagenaar diz
que Gebert e Eric foram muito importantes nessa mudança por terem sido os
primeiros a adotar formas de reduzir o uso desses medicamentos nas suas
fazendas.
"Eles atuam como embaixadores. Mostram aos
seus colegas quais opções eles têm."
E como está a filha e Eric hoje?
"Hoje, ela tem 16 anos", diz Eric ao lado de
Eveline em sua fazenda. "É muito saudável –e está livre da superbactéria."
Menina contraiu superbactéria dos porcos da fazenda em que vivia
Fazendeiros ao redor do mundo estão dando
antibióticos para animais em grande escala para mantê-los saudáveis e reduzir o
preço de carnes, mas isso ajudou a criar uma grave crise de saúde pública.
Uso excessivo desses medicamentos na criação de
animais como porcos e galinhas permite que bactérias desenvolvam resistência.
Há três anos, por exemplo, foi descoberto que bactérias em porcos na China já
resistiam ao potente antibiótico colistina.
Mas um país decidiu mudar drasticamente e ir contra
essa tendência –tudo por causa de uma menina chamada Eveline.
Em 2003, a filha do fazendeiro holandês Eric van
den Heuval, então com um ano de idade, foi levada ao hospital às pressas para
uma cirurgia cardíaca.
Ela havia nascido com um problema congênito. Se não
fosse operada, poderia morrer.
"Fomos ao hospital, mas o médico disse: 'O
teste dela foi positivo para [a bactéria] MRSA [também conhecida pela sigla
SARM, para Staphylococcus aureus resistente à meticilina]. Ela
não pode ser operada'", diz Eric.
Para surpresa de Eric, Eveline havia contraído uma
superbactéria dos porcos de sua fazenda –uma variante que pode ser transmitida
no contato com animais contaminados e foi encontrada também em criadores de
porcos na Dinamarca e na Alemanha.
"Aquele momento mudou totalmente a vida da
minha família", afirma Eric.
Por causa de Eveline, Eric decidiu mudar a forma
como cuidava da fazenda.
A história de sua filha levou outros fazendeiros a
mudar suas práticas também.
"Quando você ouve sobre Eric e sua filha e
como isso tudo está nos matando, você é compelido a fazer algo a
respeito", diz o fazendeiro Gebert Oosterlaken, que também cria porcos.
Ele e Eric formaram um grupo para reunir outros
fazendeiros e veterinários para debater o problema e buscar soluções.
Eles passaram a cuidar dos porcos sem antibióticos,
usando bactérias probióticas para combater micro-organismos prejudiciais à
saúde dos animais e mantendo-os separados em zonas higienizadas para impedir a
proliferação de doenças.
"Hoje, você percebe pela aparência deles, seu
brilho, seus olhos, que eles estão mais saudáveis. Assim, eles morrem menos,
minha produtividade aumenta e é mais fácil criá-los", diz Gebert.
O governo holandês agora divulga as técnicas
desenvolvidas por Eric, Gebert e seus colegas, e diz que o uso de antibióticos
em animais caiu 65%.
"É claro que sentimos orgulho do que atingimos
dentro de nosso pequeno grupo, mas, na realidade, conseguimos criar um
movimento que mudou a criação de animais na Holanda", afirma Gebert.
O especialista em antibióticos Jaap Wagenaar diz
que Gebert e Eric foram muito importantes nessa mudança por terem sido os
primeiros a adotar formas de reduzir o uso desses medicamentos nas suas
fazendas.
"Eles atuam como embaixadores. Mostram aos
seus colegas quais opções eles têm."
E como está a filha e Eric hoje?
"Hoje, ela tem 16 anos", diz Eric ao lado de
Eveline em sua fazenda. "É muito saudável –e está livre da superbactéria." sexta-feira, setembro 01, 2017
Queimadas ajudam a preservar diversidade de
espécies no cerrado
REINALDO JOSÉ LOPES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA 01/09/2017 02h01
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA 01/09/2017 02h01
Cerrado, que tem sua
biodiversidade beneficiada quando há queimadas controladas
O
único jeito de preservar a diversidade de espécies do cerrado, um dos biomas
mais ricos e ameaçados do Brasil, é queimá-lo de vez em quando.
Sem a presença intermitente do fogo, as plantas típicas desse ambiente correm o risco de sumir, dando lugar a uma formação florestal relativamente empobrecida, revela um estudo feito no interior paulista.
Sem a presença intermitente do fogo, as plantas típicas desse ambiente correm o risco de sumir, dando lugar a uma formação florestal relativamente empobrecida, revela um estudo feito no interior paulista.
De
modo geral, as áreas de cerrado do município de Águas de Santa Bárbara (SP) que
passaram três décadas sem serem tocadas pelas chamas devem ter perdido 27% de
suas espécies vegetais e 35% de suas espécies de formigas (grupo muito
diversificado, que serve como indicador da biodiversidade animal da região como
um todo).
Se
a conta incluir somente os "especialistas" em cerrado, que vivem
apenas nesse bioma, o cenário fica ainda mais desanimador: perda de 67% das
plantas e 86% das formigas.
"A
gente acabou de apresentar os resultados num congresso sobre restauração
florestal, e todo mundo ficou espantado", contou à Folha a pesquisadora
Giselda Durigan, do Instituto Florestal (órgão do governo do Estado).
Giselda
e seus colegas (de instituições como Unesp, Unicamp, Universidade Federal de
Uberlândia e Universidade da Carolina do Norte) também estão publicando os
dados na edição desta semana da revista especializada "Science
Advances".
Em
alguma medida, o problema detectado pela equipe seria esperado, visto que os
vários tipos de vegetação que perfazem o cerrado parecem ter evoluído para se
adaptar à ação dos incêndios naturais, provocados pela longa estação seca que
caracteriza o bioma.
De
fato, diversas plantas desse ambiente precisam até de uma mãozinha do fogo para
que suas sementes germinem. Outras, como os arbustos e as gramíneas, não
conseguem crescer em áreas de vegetação mais fechada, e a queima periódica
ajuda a manter o terreno livre para que prosperem.
NA PRÁTICA
Nas
circunstâncias atuais, no entanto, as áreas que são reservas naturais tendem a
adotar uma política restritiva de controle de incêndios, ao passo que os
trechos de cerrado nas mãos de proprietários rurais, além de já muito
degradadas e fragmentadas, não queimam como antigamente.
Giselda
e seus colegas usaram dois métodos para medir o impacto dessa transformação.
Primeiro, estudaram a diversidade de espécies de plantas e formigas em 30
trechos diferentes de cerrado da Estação Ecológica de Santa Bárbara.
Incluíram
na análise tanto áreas em que o cerrado é naturalmente mais fechado, com
presença razoável de árvores, quanto as que têm predomínio de campos mais
abertos –e, o que é crucial, os trechos onde formações florestais surgiram faz
pouco tempo, nas últimas décadas.
A
medição da diversidade de espécies atual foi comparada com imagens de satélite
que ajudam a contar como era a região há 30 anos e como ela está hoje.
É
isso o que ajuda os pesquisadores a saber qual seria a distribuição de espécies
típica do cerrado "natural" e, portanto, o quanto se perdeu com o
aparecimento das novas matas. "Em geral, essas áreas florestais novas são
formadas por espécies muito generalistas. Em inglês, o pessoal usa até o termo
'tramp species' [espécies vagabundas]", conta a pesquisadora.
Nas
condições atuais, explica Giselda, deixar que os incêndios naturais façam a
diversidade de espécies do cerrado voltar ao normal não seria uma boa ideia por
causa da fragmentação do ambiente, que poderia perder suas poucas áreas
remanescentes se não houver controle.
O
ideal seria o manejo ativo do fogo nessas áreas. "Temos um conhecimento
tradicional que poderia ser empregado para ajudar nisso, como o do manejo de
pastos, dos próprios canaviais, e o utilizado pelas populações indígenas há
séculos."
FOGO DO BEM
O cerrado sofre queimas espontâneas,
que o renovam
O
cerrado é um bioma que combina áreas com mais espécies de árvores e vastos
trechos de vegetação aberta, com biodiversidade única que depende da forte
presença da luz solar e de incêndios naturais periódicos para que suas sementes
germinem
VIROU FLORESTA
O
manejo das reservas naturais do cerrado hoje, bem como alterações trazidas pela
expansão agropecuária, tem impedido esses incêndios naturais. Numa área de
cerrado do interior de SP, essa mudança fez com que áreas naturalmente abertas
virassem floresta nos últimos 30 anos
A agropecuária impede esse
fenômeno natural
MENOS
ESPÉCIES
O
resultado foi uma diminuição de cerca de 30% na diversidade de espécies de
plantas e de formigas dessas áreas -provavelmente porque espécies únicas do
cerrado já não conseguiam se estabelecer
Após os incêndios, há um aumento da biodiversidade
|
COM CUIDADO
Para reverter essa perda, o recomendável é fazer a
queima controlada dessas áreas abertas do bioma
terça-feira, agosto 22, 2017
O GRANDE BAGRE EM APUROS
Ameaçado por
pesca predatória e hidrelétricas na Amazônia, o peixe que empreende a mais
longa migração do mundo pode desaparecer
POR GUSTAVO
FALEIROS
10 DE AGOSTO DE 2017 12:29
O ano de 2007 tinha tudo para trazer a redenção ao ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva. Os abalos do Mensalão haviam arranhado sua
reputação, mas não tiveram força para apeá-lo do poder: Lula fora reeleito no
ano anterior, no empuxo de um PIB com crescimento de 4%, às vésperas de um
cenário que já soprava os ventos da crise que se abateria sobre o mundo. Em
fins de janeiro, Lula anunciou o Plano de Aceleração do Crescimento, com
promessa de investir meio trilhão de reais em infraestrutura, a ponta de lança
do novo mandato.
Mas – e o presidente não podia imaginar – haveria um peixe em seu
caminho. Em março, um parecer elaborado por técnicos do Ibama sugeria o veto à
construção de duas hidrelétricas no rio Madeira, obras-chave para a visão de
Brasil grande que rondava os círculos petistas. As usinas Santo Antônio e
Jirau, insistia o Ibama, seriam fatais para a dourada, um grande bagre que
habita quase toda a bacia Amazônica e protagoniza a maior migração do
mundo: de 8 mil a 11 mil quilômetros durante toda a vida. As barreiras de concreto
projetadas para as usinas impediriam o peixe de seguir seu curso. Incomodado
com o relatório do órgão ambiental, Lula contra-atacou numa reunião com seu
conselho político: “Agora jogaram o bagre no colo do presidente.”
Passados dez anos – usinas construídas e propinas denunciadas pela
Lava Jato –, o peixe segue sendo fonte de preocupação. Além das hidrelétricas
nos afluentes do Amazonas, também a sobrepesca – pela quase total ausência de
fiscalização –, está fazendo com que a Brachyplatystoma rousseauxii se
torne artigo raro onde antes abundava.
Pesquisadores que investigam a situação da dourada falam em um
iminente colapso do estoque do peixe, e propõem uma ação radical – a proibição
temporária de pesca e o veto total à construção de usinas na Amazônia andina,
onde os países vizinhos planejam novas obras. Atualmente, não existe qualquer
controle para a captura da dourada, e os planos hidrelétricos avançam.
O grande bagre migrador da Amazônia é um recordista. Enquanto
jovem, ele nada dos Andes à foz do Amazonas. Depois, retorna na maturidade para
reproduzir e desovar nas cabeceiras do grande rio. Sua viagem é maior que a do
salmão, peixe que acreditava-se empreender a maior jornada da natureza.
Neste trajeto, a espécie sustenta milhares de pescadores do
Brasil, da Bolívia, da Colômbia e do Peru. Sua captura está relacionada a um
mercado milionário de exportação de peixes sem escamas, ou peixes-lisos, como
dizem os amazônidas.
O rio Madeira, formado por dois grandes afluentes – o Mamoré, que
faz fronteira com a Bolívia, e o Madre de Dios, que vem do Peru –, é uma das
principais rotas de subida da dourada e outros grandes bagres migradores em
direção aos locais de desova. Hoje, os pesquisadores que acompanham os impactos
da construção de Santo Antônio e Jirau, as duas usinas brasileiras, sabem que
as douradas adultas não estão conseguindo transpor as barragens.
Rosseval Leite, pesquisador do Instituto Nacional de
Pesquisas da Amazônia (Inpa), fez experimentos que comprovam que os jovens
conseguem passar pelas turbinas. Mas os adultos, não. “O panorama no rio
Madeira é sombrio. Se não encontrarem um forma para a subida dos adultos, em
poucos anos, naquele rio em que se construiu a hidrelétrica, há a possibilidade
de os bagres não chegarem nas cabeceiras”, disse em seu escritório em Manaus,
em meio a quadros e livros sobre as principais espécies de peixe da Amazônia.
“Se isso de fato ocorrer, não haverá a reposição da população.”
Durante uma viagem de sessenta dias, do Peru ao Brasil, passando
por portos pesqueiros, mercados, feiras de rua e frigoríficos, ouvi reclamações
de que o tamanho e a quantidade das douradas (ou zungaro dorado para
os peruanos) já não são os mesmos de anos atrás.
Em Tabatinga, Augusto da Costa Araújo, filho de pai colombiano e
mãe brasileira, falou sobre os bagres. Ele está no comércio de peixe liso há
vinte anos, na tríplice fronteira entre Brasil, Peru e Colômbia – compra o
peixe no lado peruano para comercializar nas bodegas colombianas, como são
chamados os frigoríficos de peixe na cidade de Leticia.
Na alta temporada, quando começam as migrações da dourada e outros
bagres, ele transporta entre cinco a sete toneladas de peixe para a Colômbia.
No dia em que o encontrei, ele estava supervisionando a chegada de uma carga em
um barco peruano.
Embaixo de uma tremenda chuva, Araújo acompanhava a retirada de
uma tonelada de bagres de um grande caixote de madeira lotado de gelo. A maior
parte da carga era de piraíbas, um bagre gigante que pode chegar a 3,6 metros
de comprimento. Mas havia também pelo menos 80 quilos de douradas que não
passavam de um metro, algo incomum anos atrás, quando as capturas se
aproximavam de seu tamanho médio, 1,5 metros.
“Antigamente tinha muito mais peixe. O governo colombiano está até
fazendo campanha para que não se compre peixe pequeno, mas o trabalho nesta
Amazônia é difícil”, disse ele enquanto apontava para os bagres. “Se o pescador
pega peixinho, ele vende. Se não é na bodega, é no mercado”, pontuou, com um
sotaque misturado de português com espanhol.
Na parte brasileira não é diferente. Quase todo bagre pescado no
rio Solimões é vendido diretamente para os frigoríficos que, depois, os enviam
à Colômbia. Todos os municípios na calha do rio têm uma economia altamente
conectada com a forte indústria de Leticia. José Maria Miller Nascimento, é um
empresário conhecido de Santo Antônio do Içá, cidade brasileira que está a 200
quilômetros da fronteira. Agitado, sempre distribuindo ordens aos empregados,
ele foi um pioneiro na instalação de um frigorífico nesta parte do Solimões.
Durante o período da piracema, Nascimento chega a comprar trinta
toneladas de bagres dos pescadores locais. Armazena tudo nas câmaras frias de
seu comércio flutuante, que tem capacidade para até setenta toneladas. Em uma
visita ao seu frigorífico, ele me contou que, agora, a compra está concentrada
em outros tipos de bagre. “A dourada já foi um bom negócio há dez anos. Hoje o
que está dando muito é surubim, o pintado.”
Opescador Izaías Freitas dos Santos preside uma associação com 800
pescadores em Santo Antônio do Içá. Ele fala de um tempo em que a pescaria
ainda valia a pena. “Tinha um momento que tinha muito peixe mesmo, hoje só
ficou a lembrança.” Em uma manhã de julho, saímos para pescar acompanhados de
seu sogro, Raimundo Souza dos Reis, um homem de 54 anos que passou a vida nas
águas amazônicas. Fomos conferir as poitas (linhas com vários anzóis armados) e
as malhadeiras (redes de pesca) deixadas por eles em áreas alagadas e próximas
às margens dos paranás, os rios que correm nas laterais dos de maior porte,
neste caso, o Solimões.
Eles não partem mais em busca da dourada. A esperança era achar
pirarucu, talvez um surubim ou caparari. Mas a pescaria não foi bem-sucedida e
só encontramos uma pirapitinga, um tipo de peixe mais comum e menos valorizado.
Reis conta saudoso do tempo em que as douradas se prendiam na poita. Os
inimigos da dupla de pescadores artesanais são muito mais presentes do que as
grandes usinas hidrelétricas – hoje, com os barcos que realizam a pesca de
arrasto, puxando redes no fundo do rio como se fossem enormes vassouras, é
quase impossível que um pequeno pescador como eles, em uma canoa, consiga ver
um grande bagre. “Não sobra nada”, disse Reis. “O arrasto leva tudo.”
Quase um mês depois da desolada pescaria com Izaías e Raimundo em
Santo Antônio do Içá, em uma conversa no Museu Paraense Emílio Goeldi, em
Belém, as razões pela escassez de peixes ficaram claras. “A dourada é
pressionada na Amazônia inteira. E o pior problema é no estuário, onde se
concentra essa pesca industrial”, afirmou Ronaldo Barthem, biólogo marinho e
pesquisador que há pelo menos vinte 20 anos é uma das principais referências em
grandes bagres da Amazônia. Ele começou a investigar a pesca amazônica em 1978,
quando mudou-se do Rio de Janeiro para Manaus para trabalhar no Inpa. Depois,
quando transferiu-se para Belém, nos anos 80, passou a pesquisar
especificamente a captura dos bagres no estuário.
Desde a década de 90, Barthem e seus colegas já alertavam para a
necessidade de regular a pesca de arrasto, onde dois barcos navegam em paralelo
puxando redes de até 50 metros de largura por 40 de altura. “Eles realmente
limpam o fundo e pegam bastante peixe jovem.”
Desta forma, ele explicou, os peixes estão sendo impedidos de
crescer. O resultado é que cada vez menos adultos são encontrados no Alto
Amazonas. Ali, estariam com tamanho entre 90 e 110 centímetros, e prontos para
subir em direção às cabeceiras para reproduzir. Junta-se isso ao impacto das
hidrelétricas e pode-se dizer que o futuro da pesca da dourada não parece
promissor.
O velho problema juntou-se a um novo: Barthem acompanha
diretamente os estudos sobre o impacto das usinas do rio Madeira. “Estamos lá
juntando os dados e vendo o que acontece. Ainda tenho esperança que a dourada
vai passar pelas usinas. Mas, até agora, nenhum peixe conseguiu.” Por isso
novas usinas são o principal temor do pesquisador, principalmente as planejadas
na Amazônia andina.
Os impactos das atividades no estuário do Amazonas são sentidos a
vários quilômetros de distância. Em Nauta, onde os rios Marañón e Ucayali se
unem para formar o rio Amazonas do lado peruano, a 400 quilômetros da fronteira
com o Brasil, José Paredes, de 74 anos, trabalha há cinquenta como vendedor de
filés de bagre no mercado municipal. “Em 1969 havia douradas para dar e vender.
Isso durou até 1984, e aí começou a diminuir com o arrasto. Agora vem um, dois
ao mês. Às vezes, nada”, afirmou.
O casal Meneleo Hualinga e Rosa Altilla desperta todo dia de
madrugada desde os tempos em que juntos atuavam na pescaria. Por trinta e cinco
anos ele pescou e ela limpou os bagres do Marañón. Há oito, trabalham no
mercado de Nauta como vendedores. Trocar o rio pela terra firme virou melhor
negócio. “O preço segue se elevando cada dia mais e mais. Se você trouxesse um
como esse (aponta para um peixe de 40 centímetros), ninguém queria comprar
porque era pequeno, porque havia alguns grandes. Mas agora até os
recém-nascidos eles trazem”, disse o antigo pescador.
A opinião dos pescadores e comerciantes locais não destoa dos dados
apresentados nos últimos anos em artigos científicos na Colômbia e no Peru. O
desembarque de bagres foi reduzido em Iquitos e Leticia, dois dos principais
portos pesqueiros do Alto Amazonas. No Brasil, no entanto, não existem dados
sobre a atividade, nem mesmo no estuário onde a pesca é intensa.
Os dados de desembarque mais recentes foram
publicados em 2012 na revista Folia Amazónica, por um grupo de
cientistas colombianos liderados pela pesquisadora Aurea García, do Instituto
de Investigaciones de la Amazonía Peruana (IIAP). Entre 2008 a 2012, a dourada
representou apenas 0,04% de todos os peixes que chegavam aos portos pesqueiros
de Iquitos, uma cidade de 437 mil habitantes no coração da selva.
“As espécies pequenas de bagre já estão substituindo as espécies
grandes, como a dourada e a piraíba, ou mesmo o surubim e o caparari”, explicou
García, em entrevista em uma das unidades do IIAP em Iquitos.
Segundo ela, a piracatinga (ou mota, em espanhol) se
tornou a mais conhecida entre as pequenas que passaram a ocupar o mercado. Mas
outras, que não eram sequer consumidas, já aparecem nos registros pesqueiros.
Viraram mercadoria pela escassez dos grandes bagres.
Leticia é o epicentro da indústria de compra, processamento e
exportação de grandes bagres. A forte demanda, iniciada no fim dos anos 60,
criou uma zona de pesca de 2 000 de rio quilômetros que se estende de Iquitos
até, pelo menos, Tefé, no Amazonas.
Barcos pesqueiros, frigoríficos e pescadores artesanais se dedicam
à captura do peixe-liso para vender em Leticia, onde toneladas são preparadas
para o envio à capital Bogotá e a outros países. A vantagem de Leticia é estar
conectada diretamente, via aérea, com a maior cidade da Colômbia, região onde
vive a parcela mais rica da população do país.
Os bagres da bacia do Magdalena, rio no norte do país e constante
cenário das novelas do escritor Gabriel García Márquez, eram muito apreciados
pelos colombianos. Mas depois de explorados à exaustão, praticamente sumiram,
deixaram um mercado aberto para os seus primos amazônicos de maior porte.
O primeiro pescado a sair da Amazônia para Bogotá, ainda nos anos
60, foi o pirarucu, que, salgado, era consumido durante a Semana Santa. Depois
do pirarucu vieram então os do gênero Brachyplatystoma, gênero dos
bagres colossais, como a piraíba (Brachyplatystoma filamentosum), e a
dourada (Brachyplatystoma rousseauxii), cujo recorde de tamanho
registrado é de 1,92 metro.
Inicialmente, a carne destes peixes foi preservada em mantas
salgadas, mas a partir, dos anos 80, vários frigoríficos se instalaram na
região permitindo a exportação de peixe congelado.
Curiosamente, a cadeia produtiva dos bagres também cresceu devido
às peculiaridades da cultura do ribeirinho do Alto Amazonas e do Solimões. Por
ali, nunca se come a carne do peixe-liso, prefere-se o peixe de escamas, como o
jaraqui, o tambaqui ou a pirapitinga.
Alguns relacionam esta preferência ao gosto da carne dos bagres,
forte, ou remosa, como se diz na Amazônia. Causaria até doenças, acreditava a
população local. Mas há quem enxergue nessa preferência apenas uma razão
socioeconômica. Como o bagre rende deliciosos filés sem espinhas, passou a ser
aproveitado pelos ricos, pelos consumidores das cidades, tornando ao ribeirinho
vantajosa a venda, e não o consumo próprio.
O colombiano Edwin Agudelo é um dos principais pesquisadores do
comportamento migratório da dourada e também sobre os altos e baixos da
indústria pesqueira da Amazônia. Coordenador do Instituto Amazónico de
Investigaciones Cientificas em Leticia, ele defende medidas mais duras para
conter a diminuição da dourada. “Em termos da biologia destes peixes, nós os
estamos levando ao colapso”, disse, em tom grave.
Segundo Agudelo, o auge da pesca da dourada ocorreu ainda nos anos
90. Em 1998, como mostram dados de desembarque em Leticia, 12 mil toneladas dos
peixes-lisos foram comercializados no porto, sendo que 40% do gênero era
justamente de Brachyplatystoma.
A partir deste momento, a captura de bagres foi caindo. Em 2005,
já havia se reduzido a 7,5 mil toneladas. Alguns anos depois, em 2010, quando
os últimos dados foram coletados, a produção foi de 6,8 mil toneladas – quase a
metade em pouco mais de uma década.
Agudelo prevê que em 2030 a indústria de Leticia estará reduzida a
um quarto de seu apogeu dos anos 90. Em uma simulação de rendimento pesqueiro
realizada para a área por meio do software Ecopath, ele e parceiros de pesquisa
chegaram a um futuro de apenas 3,5 mil toneladas anuais, já sem a presença da
dourada.
Para evitar este cenário, ele propõe um primeiro ensaio de defeso,
ou seja, de restrições à pesca, algo que jamais existiu. Isso ocorreria de
acordo com o pulso de inundação do rio Amazonas, pois é no momento da mudança
no nível da água que a dourada começa a migrar rio acima.
Assim, durante a movimentação dos cardumes juvenis na parte
brasileira, haveria cotas de captura para garantir que os peixes possam seguir
crescendo e cheguem ao Peru e à Colômbia, onde atingem a maturidade e se
reproduzem.
“Se isso não funcionar, o que deveríamos fazer no caso da dourada
e da piraíba é acabar com a pesca, proibir. Mas para fazer isso teríamos que
levantar, num prazo curto, o impacto econômico desta medida, pois não existem
dados sobre quem depende desses peixes”, ressaltou o pesquisador colombiano.
No início dos anos 2000, o Brasil regulou a pesca de piramutaba, um
tipo de peixe cujos cardumes estavam sendo exauridos pela pesca industrial. A
medida teve um impacto bastante positivo que foi além das fronteiras. A
quantidade de desembarques da espécie voltou a subir nos portos de Iquitos entre
2008 e 2012, segundo a pesquisa do IIAP.
Mas a questão da dourada é mais delicada. É preciso que os
governos dos três países trabalhem juntos na gestão dos recursos pesqueiros, já
que a espécie é pescada em todo o rio. “É um tema de soberania, seria preciso
envolver as chancelarias”, disse Agudelo.
O primeiro encontro internacional sobre os bagres migratórios
aconteceu ainda em 1995, com apoio da Organização das Nações Unidas para
Agricultura e Alimentação (FAO). Mas o tema parece ter interessado somente aos
pesquisadores e técnicos. Nada foi feito até agora, 22 anos depois do encontro.
Michael Goulding, colega de trabalho de Barthem no Museu Paraense
Emílio Goeldi, publicou junto ao brasileiro, em 1997, o livro Os Bagres
Balizadores, que foi a primeira obra a lançar a hipótese de que algumas
espécies de peixes-gato da Amazônia realizavam migrações de longa distância, em
especial duas do gênero Brachyplatystoma, a dourada e a piramutaba.
Junto aos estudos do ciclo de vida, a publicação foi ousada em propor
uma visão integrada no gerenciamento da bacia Amazônica levando em conta a
migração dos peixes. Tanto que em inglês, o livro editado pela Universidade
Columbia, ganhou o sugestivo título de The Catfish Connection,
indicando que os bagres eram “viajantes sem fronteira”, o que deveria ser
levado em conta em projetos de infraestrutura, em especial as hidrelétricas.
Barthem conta que recebeu muitas críticas – colegas disseram que
os então jovens pesquisadores não tinham uma visão global sobre o problema. “Muita
gente achou que a hipótese não era válida pois havia meia dúzia de dados. Mas
os dados eram muito claros, eram gritantes”, conta. As evidências tinham sido
coletadas em diversas viagens de barco de pesca que saíam do estuário,
acompanhando a migração. “Eu comecei no estuário e fui parar no Peru.”
Anos de pesquisa sobre os grandes migradores permitiram que
Barthem, Goulding e colegas do Inpa, em especial Rosseval Leite, publicassem um
artigo seminal em fevereiro deste ano na revista Nature. Foi nele
que os pesquisadores cravaram a teoria de que a dourada é o maior peixe
migrador do planeta, tomando o posto do salmão.
O estudo se baseia em observações feitas desde os anos 80 sobre a
disponibilidade e o estágio de maturação da dourada e outros 3 grandes bagres
em diversos pontos da bacia Amazônica. Exemplares maduros foram encontrados nas
proximidades de Machu Picchu, no rio Urubamba, a 5 788 quilômetros da foz do
Amazonas.
Ao mesmo tempo, foram feitas medições das larvas da dourada
conforme elas iam descendo o rio. Assim, viram que o indivíduo pequenino, com
menos de 10 centímetros, só existe no estuário. Por outro lado, nesta mesma
área, nunca se encontram douradas com as gônadas cheias de ovos. Essas só mesmo
nas cabeceiras. Isso evidenciava a importância da migração que a pesca de
arrasto e as hidrelétricas estão impedindo.
A esperança, agora, é manter as áreas rio acima preservadas, já
que ao menos os peixes que chegaram nas cabeceiras antes da construção das
grandes obras continuam se reproduzindo. Para Barthem, o que vai garantir a
sobrevivência da dourada é unir manejo da pesca com a conservação de seus
habitats. “Eu acho que em termos de extinção de espécie, estamos longe, ainda
dá tempo de reverter. Mas em termos de mercado, do jeito que vai, nós estamos
comprometendo o nosso bolso.”
quinta-feira, agosto 17, 2017
sexta-feira, julho 14, 2017
O Programa Córrego Limpo
está de volta
Córrego
despoluído após o programa Córrego Limpo, da Sabesp
Iniciativa já beneficiou 2,2 milhões de pessoas e
despoluiu 149 córregos na capital paulista
Desde que o córrego Cruzeiro do Sul, em São Miguel
Paulista, na zona leste de São Paulo, foi despoluído, houve melhora na
qualidade de vida dos moradores da região. Hoje eles frequentam um parque
linear construído à beira do córrego, uma realidade bastante diferente da que
eles estavam acostumados antes do Programa Córrego Limpo.
Hoje, os moradores se exercitam, fazem uma pausa em
suas rotinas para descansar e assistem suas crianças brincarem em frente a um
rio despoluído, em uma área de lazer com muito verde. "Você vê que foi
feito um trabalho de revitalização da área. O povo tem mantido limpinho, a
população está colaborando. Esse parque linear foi uma benção para a nossa
região", comemora Elecy, que enxerga a despoluição do córrego Cruzeiro do
Sul como um avanço para a comunidade, oferecendo cidadania para o povo.
O Cruzeiro do Sul é um dos 149 córregos da capital
paulista que foram despoluídos pelo programa Córrego Limpo, uma parceria entre
a Sabesp, o Governo do Estado e a Prefeitura de São Paulo. O projeto recebeu da
Sabesp investimentos de R$ 240 milhões, mostrando-se firme no propósito de
zelar pela qualidade da água desses rios, que influem na vida das pessoas e
beneficiam toda a Região Metropolitana de São Paulo.
Imagem
de antes e depois da recuperação do Córrego Cruzeiro do Sul, em São Miguel
Paulista
Desde seu início, em 2007, o programa Córrego Limpo retirou
1.500 litros de esgoto por segundo dos córregos. Este resultado responde
diretamente ao objetivo do projeto, de melhorar a qualidade de água dos
mananciais, rios e córregos, por meio de adequações no sistema de esgotamento
sanitário do entorno dos córregos, trabalhos de manutenção e educação
ambiental.
O
Córrego Limpo retorna agora com força total e uma grande novidade, a cláusula
de obrigatoriedade de adesão ao Programa: Sabesp e Prefeitura assumem um
compromisso e lutam pelo objetivo comum de manter ao longo do tempo suas respectivas
tarefas, garantindo assim a continuidade do projeto. Esta parceria traz
resultados positivos para a população, que será beneficiada com melhorias à
qualidade de vida por meio da despoluição dos rios da capital. A cada córrego
despoluído, damos mais um passo na despoluição do Tietê.
Dentro
do Programa Córrego Limpo, a Sabesp realiza monitoramento dos córregos, executa
obras de prolongamento de redes, coletores e ligações de esgoto. A companhia
realiza ainda a manutenção e adequação das redes existentes.
Já
a Prefeitura de São Paulo é responsável pela limpeza dos córregos, a contenção
e manutenção das margens e dos entornos, além da verificação de eventuais
interferências na rede de microdrenagem (bocas-de-lobo e galerias). Também age
na fiscalização das ligações de esgotos, notificações e multas aos imóveis que
não estiverem corretamente ligados à rede coletora e, principalmente, na
remoção e reassentamento de pessoas que residem nas faixas dos fundos de vale
requeridas à passagem das tubulações de esgotos.
A
participação da população é de extrema importância, evitando o lançamento de
lixo e entulho, denunciando irregularidades e não fazendo ligações
clandestinas.
Resultado que se vê: córregos
já recuperados
Antes e depois da recuperação do Córrego Caxingui, na zona
oeste de São Paulo pelo programa Córrego Limpo, da Sabesp
Entre os córregos já recuperados está o Mandaqui, na zona norte.
As ações foram amplas e ousadas. De início, a Sabesp promoveu a varredura em
440 km de redes coletoras de esgoto para identificar as necessidades de reparo
e promover as respectivas melhorias.
A
partir desse mapeamento e com um investimento que chegou a expressivos R$ 18
milhões, a Sabesp instalou 10 km de tubulações para coleta de esgoto, inaugurou
455 novas ligações domiciliares e promoveu a limpeza em mais de 40 km de cursos
d'água - 7,5 km do próprio Mandaqui e mais 33 km de seus afluentes.
Já
no córrego Cruzeiro do Sul, em São Miguel Paulista, zona leste da cidade,
vários pontos dos 18 km de toda a rede coletora receberam algum tipo de
melhoria. Para a despoluição do córrego, foram instalados não só 3,5 km de rede
para coleta de esgoto, como também foram executadas 596 ligações. O
investimento realizado pela Sabesp foi de R$ 3,5 milhões. Com isso, mais de 2
km de cursos d'água chegam limpos ao rio Tietê, beneficiando os 35 mil
moradores de seu entorno.
Assinar:
Postagens (Atom)