sexta-feira, junho 06, 2014

Polícia Ambiental e crianças fazem limpeza no Parque Linear em Uberlândia

5/06/2014 19:59
Leonardo Leal Repórter
Uma ação de limpeza no Parque Linear, às margens do rio Uberabinha, foi realizada nesta quinta-feira (5) por militares da 9ª Companhia de Polícia Militar Independente de Meio Ambiente e Trânsito Rodoviário (9ª Cia. PM Ind. MAT), dentro das atividades da Semana do Meio Ambiente. Cerca de 50 pessoas participaram da limpeza, que contou com voluntários do Serviço Social do Transporte (SEST), do Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (SENAT) e crianças atendidas pela Legião da Boa Vontade (LBV). Ao todo foram recolhidos 15 sacos de lixo de 100 litros e dois pneus no parque, que fica entre os bairros Daniel Fonseca, no setor central, e Jaraguá, zona oeste de Uberlândia.
15 sacos de lixos foram recolhidos (Foto: Cleiton Borges)
De acordo com o subcomandante da 9ª Cia. PM Ind. MAT, o 1º Tenente Thiago Andrade Lana, a ação visa prestar um serviço à sociedade e conscientizar da importância de se manter as áreas verdes limpas. “O parque linear é uma área aberta que merece ser bem cuidado”, afirmou. Entre os detritos recolhidos na limpeza estavam papéis, plásticos, maços de cigarro, entre outros.
Entre os voluntários da limpeza, estavam as gêmeas Milena Soares Cunha e Marcela Soares Cunha, de 12 anos, que participam dos programas da LBV. “Me sinto feliz em colaborar com a limpeza do parque e ao mesmo tempo reduzir o acúmulo de lixo no meio ambiente”, disse Marcela Cunha. A gestora social da LBV, Andreia Heloisa Arantes lembrou que a participação das crianças é uma forma de praticar o que elas aprendem nos projetos culturais e educativos da entidade.
A ação coordenada pela PM foi elogiada por frequentadores do parque. A professora aposentada Maria Lopes Ventura disse que a dedicação das crianças em limpar o parque é um exemplo para as outras pessoas.
Domingo tem pedalada ecológica
Uma pedalada ecológica será realizada no domingo (8) pela 9ª Cia. de Polícia do Meio Ambiente e Trânsito da Polícia Militar dentro das atividades da Semana do Meio Ambiente.
Segundo o subcomandante da companhia, o 1º Tenente Thiago Andrade Lana, a concentração será às 8h da manhã, na sede da companhia à rua Varginha, 387, bairro Daniel Fonseca, setor central da cidade. O grupo seguirá da companhia pela avenida Rondon Pacheco até o Center Shopping e voltará ao ponto de concentração.

quinta-feira, maio 29, 2014

Corredores ambientais na RMC aumentam a área preservada de floresta e permitem que animais circulem em segurança

Estagiária Gabriela Troian, sob a orientação de J.G. Alves
Tempo úmido é característico do litoral
Considerada como hotspot mundial, ou seja, uma das áreas mais ricas em biodiversidade e mais ameaçadas no planeta, a Mata Atlântica é, sem dúvidas, o bioma brasileiro mais impactado. Segundo dados da Fundação SOS Mata Atlântica, restam somente 8,5 % da área remanescente de floresta. Hoje, 27 de maio, comemora-se o Dia Nacional da Mata Atlântica, e mesmo em alerta, corredores ambientais dão sobrevida a regiões interioranas.
A maior parte preservada da floresta encontra-se na costa litorânea, mas devido ao terreno acidentado por montanhas e serras, a ocupação é dificultada. A área mais impactada está nas regiões interioranas, onde se encontra cerca de 62% da população brasileira. E além de grande parte dessa área ter sido desmatada (para dar lugar a ocupações urbanas, em sua grande maioria), as características florestais entre o litoral e o interior são diferentes, explica Márcia Rodrigues, analista ambiental do projeto Corredor das Onças, do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
Márcia Rodrigues, do projeto Corredor das Onças
“Na região da serra do mar, que não está ocupada, não há seca, então as plantas não se impactam tanto como no interior, que apresenta um período de seca mais demarcado e muda a fisionomia das matas. Estas dependem muito mais de animais dispersores para sobreviver”, avalia. E para que a mata continue viva também no interior, Márcia Rodrigues encabeça o projeto do Corredor das Onças. Para tanto, analisou a região da bacia PCJ, que compõem os rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí e seus afluentes, na Região Metropolitana de Campinas (RMC).
Estes estudos identificaram os fragmentos de mata espalhados pela região e que poderiam formar áreas de corredores ambientais. Também se constatou a presença de onças pela RMC. “Ter onças pela região é sinônimo de que há um grande potencial de conservação. Nosso intuito é conectar estes fragmentos para que os animais transitem em segurança”, afirma Rodrigues. Daí a razão destes animais terem-se tornado o símbolo do projeto. Apoio à iniciativa
Roberto Schneider mostra a diferença do antes e depois em sua propriedade: 15 anos de trabalho árduo
Até o momento, foram identificadas 110 propriedades que possuem fragmentos. Juntos, totalizam 34 mil hectares. Márcia Rodrigues explica que a próxima fase do projeto é a de “convencer” os produtores rurais da importância que essas áreas têm para a conservação do bioma. “Ganhamos como aliado o CAR (Cadastro Ambiental Rural) em que os proprietários de terra devem ter áreas florestadas em suas propriedades. Mostramos a importância do plantio, como será o trabalho do corredor e também auxiliaremos com o reflorestamento”, ressalta.
Diante do fato de que 80% das áreas de Mata Atlântica preservada se encontram em áreas particulares e de Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs), Mario Mantovani, ambientalista e diretor de Mobilização da Fundação SOS Mata Atlântica, acredita que com as novas regras e prazos o CAR pode se tornar sim um aliado à preservação destas propriedades. Mas faz uma ressalva: “O Cadastro Ambiental Rural pode ajudar na conservação e no reflorestamento se houver um monitoramento eficaz dos governos e municípios”, diz.
Das 110 propriedades identificadas na região, 60 já aderiram ao projeto. Este é o caso do produtor rural Roberto Eduardo Schneider, que desde 1999 possui um sítio de 4,4 hectares, localizado na cidade de Cosmópolis. “Quando cheguei, era tudo um grande pasto. Aí comecei a plantar e hoje vejo tucanosveado-campeiroteiú e muitos pássaros da varanda de minha casa”, aponta a diferença após 15 anos de labuta em suas terras.
Marco Antônio Pacheco segue os passos de outros produtores e aposta na mata viva
Da mesma forma que Schneider, o também produtor rural Marco Antonio Cintra Pacheco reflorestou por conta própria sua propriedade de 11 hectares, herança pelo pai, na cidade de Artur Nogueira. “Não se tinha essa consciência, pois se criava gado. Eu via a nascente descuidada e plantei algumas mudas doadas pela prefeitura e já noto a diferença. Além de muito mais bonito, antigamente se tinha muita enxurrada, agora não tem mais”, conta Pacheco.
A presença de animais e a falta de enxurradas em áreas próximas a rios já são reflexo do reflorestamento e da formação de corredores ambientais, aponta Márcia Rodrigues. “Preservar estas áreas auxilia na circulação da fauna, que transita em segurança. Os animais, como macacos, dispersam as sementes, auxiliando na manutenção das árvores e aumentando a diversidade genética. E, por estar em áreas ligadas a nascentes e rios, a água fornecida à região terá uma qualidade muito melhor”, avalia a analista ambiental.
Marco Antonio Cintra Pacheco pretende reflorestar mais uma parte de sua propriedade, para ligá-la a uma área próxima ao Rio Pirapitingui e, assim, formar um corredor ambiental e aumentar ainda mais a preservação em suas terras. Como ele, os demais produtores contarão com a orientação do projeto e compensação ambiental (onde empresas privadas investem na recuperação de áreas verdes, geralmente em função de provocar algum tipo de degradação por obras realizadas).
Onças são o aval para viabilizar iniciativa
Márcia Rodrigues ressalta que pequenas regiões isoladas não cumprem a função total da preservação, pois para contabilizarem como integrantes do bioma devem ter uma área acima de três hectares. “Um fragmento pequeno não abriga uma população diferenciada, mas se eles se unem, juntos podem aumentar muito mais a diversidade de plantas e animais”, reconhece.

quinta-feira, maio 22, 2014

Tatu-canastra: o engenheiro ambiental indispensável para o ecossistema
por Fábio Paschoal em 25 de outubro de 2013
Tatu-canastra (Priodontes maximus) – Foto: Projeto Tatu-Canastra
Encontrado em quase toda a América do Sul, o tatu-canastra é o maior membro de sua família (Dasypodidae). É um animal robusto, dotado de enormes garras que servem para cavar buracos em busca de formigas e cupins. Seu corpo é coberto por uma carapaça coriácea que o protege contra predadores. Pode pesar até 50 quilos e chega a medir 1,5 metro de comprimento (incluindo a cauda).
Apesar de seu tamanho e de sua grande área de distribuição é um animal raro de ser observado. A espécie é visada por caçadores e o desmatamento está destruindo o seu habitat. Além disso, passa a maior parte do tempo embaixo da terra. Há quem diga que é uma criatura mitológica, outros acreditam que não exista mais. Hoje se encontra na categoria vulnerável da lista vermelha de animais ameaçados de extinção da IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza, na sigla em inglês), mas oprojeto Tatu Canastra, uma iniciativa do Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ) e da Royal Zoological Society of Scotland, está tentando mudar essa história.
Um estudo realizado por Arnaud Desbiez, biólogo e coordenador do projeto, e pelo médico veterinário Danilo Kluyber,  revelou que o tatu-canastra altera o ambiente, muda a disponibilidade de recursos para outras espécies e, por isso, é considerado um engenheiro do ecossistema indispensável para o meio ambiente.
Jaguatirica na toca do tatu-canastra – Foto: Projeto Tatu-Canastra
O animal cava túneis para dormir ou procurar comida. As tocas podem atingir 5 metros de profundidade e 35 centímetros de largura. Esses buracos são utilizados por outros animais como refúgio térmico, abrigo contra predadores e área de alimentação e descanso. Pelo menos 24 espécies de vertebrados se beneficiam dos novos habitats criados pelos canastras.
A pesquisa também indica que as tocas podem ser importantes aliadas dos animais contra o aquecimento global. A temperatura do interior dos buracos se mantém constante em 24°C. “Com as mudanças climáticas e a tendência das temperaturas aumentarem, as tocas de tatu-canastra podem ajudar as espécies a sobreviverem a essas mudanças e temperaturas extremas”, diz Desbiez.
Os gigantes encouraçados são extremamente importantes para a manutenção de um ecossistema saudável e sua extinção causaria um desequilíbrio nos habitats onde são encontrados. Assim, o Projeto Tatu Canastra segue com as pesquisas e luta pela conservação da espécie.


Arnaud Desbiez (esquerda) e Danilo Kluyber (direita) – Foto: Projeto Tatu-Canastra
Quatis procuram por comida no monte de terra deixado pelo tatu-canastra na entrada da toca – Foto: Projeto Tatu-Canastra
Lobinho dormindo em toca de tatu-canastra – Foto: Projeto Tatu-Canastra
Cutia saindo de uma toca de tatu-canastra – Foto: Projeto Tatu-Canastra
Cateto entrando na toca do tatu-canastra – Foto: Projeto Tatu-Canastra
O tamanduá-mirim também usa os túneis feitos pelo tatu-canastra – Foto: Projeto Tatu-Canastra
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quinta-feira, maio 08, 2014

O que o Fuleco fez pelo tatu-bola?
Mascote da Copa de 2014 é espécie encontrada apenas no Brasil, mas até agora, não se beneficiou com o título

Estagiária Gabriela Troian sob a orientação de Valéria Forner
Formato da carapaça do tatu-bola facilita a caça predatória

Para chegar ao posto de mascote da Copa do Mundo de 2014, o tatu-bola (Tolypeutes tricinctus) enfrentou uma disputa com a onça-pintada, a arara-azul e o jacaré. Das 11 espécies de tatu que ocorrem no Brasil, é a única endêmica. A situação do tatu-bola, ameaçado de extinção, não melhorou desde setembro do ano passado, quando houve a eleição da mascote. As áreas onde a espécie ocorre continuam sendo desmatadas, comprometendo, assim, a sobrevivência do animal.
Espécie é a única endêmica de tatus no Brasil
Ao apresentar o tatu-bola como candidato a mascote aos membros da Federação Internacional de Futebol (Fifa), a Associação Caatinga, organização não governamental, fez uma lista de justificativas. Entre elas se destaca o fato de o tatu-bola ser espécie que existe apenas no Brasil, nas áreas de Caatinga e Cerrado, e estar ameaçada de extinção. Outra característica é o formato de bola que o animal assume, quando se sente ameaçado.
Desde a escolha da mascote, aumentou a visibilidade para o projeto “Tatu-bola: Marcando um gol pela sustentabilidade”. No entanto, não foram desenvolvidas medidas de preservação. Biólogo da Associação Caatinga, Rodrigo Castro afirma que ainda há muitas pessoas que não associam o Fuleco, nome dado à mascote, ao tatu-bola, e desconhecem o risco de a espécie desaparecer.
                                          Rodrigo Castro luta pela preservação na Caatinga
O personagem Fuleco é facilmente encontrado em comerciais, sites e até em álbuns de figurinhas. Mas e o tatu-bola de verdade? Diferentemente da mascote, refugia-se em áreas bem preservadas que ainda restam no País, como a RPPN Serra da Alma, entre as cidades de Crateus (CE) e Buriti dos Montes (PI). A presença do Tolypeutes tricinctos, vale dizer, sinaliza a boa saúde dos biomas.Tamanha importância motivou a Fifa a agregar a palavra “futebol” à “ecologia”. Por isso o nome Fuleco. Rodrigo Castro afirma que durante reuniões realizadas com o comitê organizador do evento esportivo e o Ministério do Meio Ambiente, não houve apelo maior para conscientizar as pessoas sobre a possibilidade de extinção. “O tatu-bola deu vida ao Fuleco, mas o que ele realmente fez pelo tatu-bola? O compromisso de preservação termina justamente no nome”, observa o biólogo.
Entre os dias 12 e 16 de maio será desenvolvida uma oficina de elaboração do Plano de Ação Nacional (PAN) de conservação do Tatu-bola, iniciativa do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e da Associação Caatinga. Com a participação de pesquisadores, o PAN tem a proposta de traçar metas para a preservação da espécie pelos próximos cinco anos. O sumário deve ser concluído até o final da Copa, em julho.

quinta-feira, abril 24, 2014


Na maior bacia hidrográfica do planeta, desafio é levar água aos ribeirinhos
16/04/2014 8:58
Viver na maior bacia hidrográfica do planeta não garante aos ribeirinhos da Amazônia o acesso à água. Fazer com que esse bem chegue às casas – especialmente no período de seca, quando aumenta a distância até o rio – requer força nos braços, para carregar as latas, ou dinheiro para bancar o diesel usado nos motores que bombeiam a água para as caixas comunitárias. Apesar da proximidade com os rios, muitos ribeirinhos têm a qualidade de vida prejudicada devido à dificuldade de levar, a seus lares, esse recurso natural tão necessário para os afazeres domésticos, para a saúde e para a higiene. Veja a galeria de fotos.

Dependendo do período, a distância até o rio pode ser de quase 1 quilômetro (Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil)
Dependendo do período, a distância até o rio pode ser de quase 1 quilômetro, relatou à Agência Brasil a integrante do Grupo de Pesquisa das Populações Ribeirinhas do Instituto Mamirauá Dávila Correa. “E como a água é usada principalmente para tarefas domésticas, geralmente quem a carrega são as mulheres”, acrescentou a socióloga e pesquisadora.
A dificuldade em levar água até as casas faz com que muitos optem por se banhar nos rios da região. Mas isso pode implicar riscos, principalmente para as crianças. “Banho aqui é sempre no rio. Se for durante o dia, é de roupa. À noite, pelado”, disse Tânia Maria de Sales, 34 anos. “Meu medo são os bichos. Tem muitas cobras, jacarés e piranhas por aqui”, acrescentou a ribeirinha que já perdeu três sobrinhos por afogamento, na comunidade Nossa Senhora da Aparecida – localizada no Lago Catalão, a cerca de uma hora de barco de Manaus.
Quem opta pelos motores a diesel para bombear água até as caixas comunitárias arca também com os custos elevados. “O problema é que o diesel por aqui é muito caro. Chega a custar R$ 4 o litro”, disse o presidente da Comunidade São Francisco, Raimundo Ribeiro da Silva, 49 anos. “Esse preço dificulta as coisas. O gerador fica desligado porque temos de economizar combustível. Em média, são sete litros por dia para fazê-lo funcionar das 18h às 22h. A conta fica perto de R$ 1 mil por mês”, acrescentou.
Sobra então para as mulheres da comunidade que, a exemplo de Anicélia Barbosa Mendes, 21 anos, precisam de água para lavar a roupa e a louça da família. “A falta de água tratada é o que mais prejudica a comunidade. Aqui em casa temos de ferver a água do rio para poder bebê-la. Por isso gastamos muito dinheiro com botijão de gás, que custa R$ 50. A gente consome um por mês. Dinheiro que economizaríamos se tivéssemos tratamento de água.”
A comunidade de São Francisco espera ser beneficiada por um sistema de bombeamento de água por energia solar que já chegou a outras 15 comunidades da região. Os sistemas foram instalados pelo Instituto Mamirauá entre 2010 e 2013. “Desenvolvemos essa tecnologia depois de ver o quanto o acesso à água pode melhorar a qualidade de vida dos ribeirinhos”, explicou a pesquisadora Dávila Correa.

O primeiro protótipo dessa tecnologia foi apresentado em 2000. “O banho nos rios passou a ser feito com maior intimidade, dentro ou nas redondezas das casas. Isso, além de reduzir o número de acidentes, causou impacto significativamente positivo nas áreas sociais. Quando o sistema é implementado, as atividades domésticas feitas na beira do rio passam para a casa, diminuindo o estresse em toda a comunidade. Sobretudo em mulheres e crianças”, acrescentou.
Ribeirinhos buscam na pesca sustentável uma forma de evitar escassez do pescado no ano seguinte (Tomaz Silva/Agência Brasil)
O sistema desenvolvido pelo instituto venceu, em 2012, o Projeto Finep de Inovação na categoria Tecnologia Social. Como diminui o consumo de óleo diesel, o equipamento é ambientalmente indicado por evitar emissões de gases para a atmosfera. “Ele também apresenta resultados positivos para a saúde da população”, explicou Dávila.
Foi o que constatou a agente de Saúde Comunitária Ivone Brasil Carvalho, 28 anos, da comunidade Vila Alencar, uma das 15 beneficiadas pelo sistema. “O sistema ajudou muito. As mães sofriam porque na seca o rio fica bem longe. Agora, a gente tem água em terra todos os dias. Diminuiu também, tanto em adultos quanto em crianças, a incidência de doenças como gripe, tosse e diarreia porque a água chega pré-filtrada nas casas”, disse a agente de saúde.
A comunidade já fazia coleta de água de chuva, com calhas e tanques fornecidos pelo programa Pró-Chuva. “Mas, agora temos fartura de água, a ponto de alguns tanques virarem piscina para as crianças”, disse ela ao mostrar Wisle Santos Castro, de 15 anos, que brincava com uma cuia em uma caixa d’água. “As famílias nunca imaginavam poder, um dia, tomar banho em casa”, acrescentou a ribeirinha Ednelza Martins da Silva, 42 anos.
Outra comunidade beneficiada pelo sistema de bombeamento de água por energia solar foi Boca do Mamirauá, onde vive a guia comunitária Francilvânia Martins de Oliveira, 24 anos. “Melhorou muito nossa situação durante a seca. Antes, tínhamos de descer para lavar a roupa ou pegar água, correndo sempre o risco de esbarrar com bichos. Agora tem até máquina de lavar roupa aqui na comunidade.”
Em 2013, o Instituto Mamirauá fez um monitoramento da qualidade da água nas 15 comunidades beneficiadas pelo sistema. “Ainda falta concluir a última comunidade, mas a adoção do sistema certamente implica benefícios nas áreas de saúde”, disse Dávila Correa, referindo-se ao estudo que está analisando a água dos rios, das caixas d’água, das torneiras e dos recipientes que guardam a água nas comunidades atendidas.
O custo de instalação dos 15 sistemas chegou a R$ 400 mil, valor que inclui os gastos com assistência técnica. “Nós [do Instituto Mamirauá] temos o compromisso de instalar, a cada ano, dois sistemas nas comunidades”, informou a integrante do Grupo de Pesquisa das Populações Ribeirinhas.
Por 11 dias, no mês de fevereiro, a equipe de reportagem da Agência Brasil viajou pela Amazônia para conhecer o dia a dia dessas comunidades. A vida dos ribeirinhos também será destaque no programa Caminhos da Reportagem, que será exibido pela TV Brasil nesta quinta-feira (17), às 22h.

Dia Mundial da Água: Empresas dão lição quanto a reaproveitamento
22/03/2014 13:00
 Daniela Nogueira Repórter

Neste sábado (22), dia em que se comemora o Dia Mundial da Água, retoma-se com mais força as discussões sobre o medo da escassez e as maneiras como esse recurso pode ser melhor aproveitado. Um exemplo de uso consciente é dado pelo Uberlândia Shopping, onde 30% do abastecimento é proveniente da captação da água da chuva. Só em 2013, foram 36 milhões de litros consumidos por meio do sistema pluvial, o que gerou à empresa uma economia de R$ 150 mil reais no ano. “A redução do consumo, a conscientização dos nossos consumidores e a economia de custos e de recursos fazem parte das premissas básicas do nosso sistema de gestão ambiental. É importante a preservação dos recursos e ser um empreendimento sustentável”, afirmou o superintendente do Uberlândia Shopping, Guilherme Marini.

Marini mostra sistema que processa a água pluvial em shopping (Foto: Cleiton Borges)
No sistema do shopping, a água da chuva é captada no telhado, canalizada para a filtragem, armazenada e depois é reutilizada nos vasos sanitários e na irrigação. Além disso, para diminuir a quantidade de água utilizada, o shopping faz o monitoramento do consumo. Nas torneiras, existem arejadores que controlam a vazão do líquido e as descargas também têm controlador da quantidade de água usada.
Outro exemplo é dado pelo centro de oftalmologia HCO. Desde que a nova sede foi construída, há seis anos, o centro utiliza a água corrente da mina que existe no terreno para irrigação e lavagem da área externa do prédio. Uma bomba drena a água e leva para um reservatório. “Quando vimos que a água jorrava aqui, tivemos a preocupação de preservar essa fonte e aproveitar essa água de maneira consciente. Nem pensamos na parte financeira, fizemos com o propósito de ajudar o meio ambiente mesmo”, disse o fundador e presidente do HCO, José Marcos Gonçalves.
José Marcos Gonçalves mostra reservatório da mina do HCO (Foto: Cleiton Borges)
Dmae não descarta possibilidade de racionamento de água em Uberlândia
O Departamento Municipal de Água e Esgoto (Dmae) não descarta a possibilidade de racionamento de água em Uberlândia. “Nós estamos em situação de alerta e preocupante. Se não chover, corremos risco de racionamento. Mas eu sou otimista que isso não vai ocorrer, desde que a população nos ajude. Nós desperdiçamos muita água: 30% do que é tratado. É por ligações clandestinas, problemas em hidrômetro e por desperdício mesmo, então todos têm de ajudar e poupar água”, afirmou o diretor do Dmae, Orlando Resende.

De acordo com ele, os reservatórios estão equilibrados, mas não há excesso de água. A cidade está consumindo todos os 200 mil m³ por dia. “São 180 l por pessoa diariamente. É um consumo alto, se comparado com países desenvolvidos. E isso pode diminuir, fechando a torneira enquanto escova os dentes, fechando o registro na hora do banho, diminuindo a lavagem de passeio e de carros. Sabendo usar, não vai faltar.”
Ribeiro diz que Uberlândia precisa de 250 mm de chuva até maio (Foto: Ribeiro)
Consultor ambiental faz alerta
Se não chover entre 200 e 250 mm até maio na bacia do Uberabinha, Uberlândia terá racionamento de água, segundo o consultor ambiental e presidente do Comitê da Bacia Hidráulica Araguari, Antônio Giacomini Ribeiro. “Mas se chover tudo em um dia, teremos problema também, porque essa água não vai ficar retida e nós não temos reservatório para segurar essa água”, disse Giacomini.
Para ele, a questão essencial para não faltar água é o consumo consciente. “Neste ano, tivemos um volume de chuva atípico. Tivemos déficit de 900 mm, enquanto esperávamos 1,2 mil mm. A fonte primária nossa é a chuva, mas nós não temos controle sobre ela. Nós temos controle é sobre o gasto de água.”

Documentário “Expedição Rio Uberabinha” relembra histórias
05/07/2012 7:08
Bastidores do documentário “Memórias do Uberabinha”
A cada um dos cerca de 158 km de extensão percorridos, histórias de quem tem uma relação íntima com o principal manancial responsável pelo abastecimento de água de Uberlândia. Relatos dessas pessoas serviram de matéria-prima para o projeto “Expedição Rio Uberabinha”, idealizado pelo publicitário Celso Machado. Uma série de 13 programas se transformou em um documentário de 36 minutos que será exibido no sábado (7), às margens do “protagonista”.
A exibição do filme, as oficinas de audiovisual em Uberlândia, Martinésia e Cruzeiro dos Peixoto e a distribuição de 100 boxes com DVDS da série fecham quase um ano e meio de trabalho. Os 15 dias de filmagens iniciadas em janeiro, com 195 minutos de material editado e cerca de 20 entrevistados, foram exibidos pela TV Paranaíba entre março e junho.
Segundo a pesquisadora, produtora e roteirista da “Expedição Rio Uberabinha”, Betânia Bortolozo, este é o primeiro registro audiovisual que investiga o manancial por diferentes ângulos. “Foi um trabalho demorado e inédito. É um rio importante para Uberlândia, Tupaciguara e Uberaba e, mesmo assim, não tinha nenhum registro que trouxesse esse conhecimento às pessoas”, disse Betânia Bortolozo.
O rio Uberabinha nasce em Uberaba atravessa Uberlândia e deságua no rio Araguari, na divisa de Tupaciguara e Araguari. O projeto “Expedição Rio Uberabinha” foi realizado pela Close Comunicação, com apoio da Algar Telecom e aprovação da Lei Estadual de Inventivo à Cultura.
A pesquisadora Betânia Bortolozo se impressionou com o descuido com o Uberabinha. “Se não existisse este rio, não existiria Uberlândia”, disse a pesquisadora. De acordo com ela, em estudos feitos por pesquisadores da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) em 2008 foram diagnosticados problemas causados pela pecuária, agricultura, empresas e minerações, mas que ainda há tempo de intervir. “Fiquei decepcionada como os poderes privado e público. A responsabilidade é do cidadão que precisa acompanhar a política, como acompanha o futebol”, disse Betânia Bortolozo.
Serviço
A exibição do documentário “Expedição Rio Uberabinha” é no sábado (7), às 18h, no posto 2 do Parque Linear, na rua do Cedro, bairro Jaraguá, às margens do rio Uberabinha. Entrada franca.

A oficina de audiovisual será realizada no mesmo dia das 13h às 17h na Oficina Cultural: praça Clarimundo Carneiro, 204, Fundinho. Inscrições gratuitas no local, pelo telefone 3236-8133 ou no site Expedição Rio Uberabinha .