sábado, setembro 30, 2017
Monopólio brasileiro do nióbio gera cobiça mundial,e controvérsia...
O Brasil tem quase toda a revesa do mundo do mineral mais importante do mundo para a industria aéreo espacial, Trata-se do nióbio, elemento químico usado como liga na produção de aços especiais e um dos metais mais resistentes à corrosão e a temperaturas extremas. Quando adicionado na proporção de gramas por tonelada de aço, confere maior tenacidade e leveza. O nióbio é atualmente empregado em automóveis, turbinas de avião, gasodutos, em tomógrafos de ressonância magnética, na indústria aeroespacial, bélica e nuclear, além de outras inúmeras aplicações como lentes óticas, lâmpadas de alta intensidade, bens eletrônicos e até piercings.
sexta-feira, setembro 29, 2017
Cientistas brasileiros usam canto e DNA para identificar nova perereca
no Cerrado
Paula
Adamo Idoeta - @paulaidoetaDa BBC Brasil em São Paulo
28 setembro 2017
Pithecopus araguaius
foi identificada no Mato Grosso por pesquisa de campo que começou em 2010
(Foto: Divulgação)
Cientistas brasileiros anunciaram a descoberta de uma nova espécie de
anfíbio no Cerrado, o que evidencia, segundo eles, o potencial ainda
inexplorado (e ameaçado) desse bioma no Centro-Oeste do Brasil.
A perereca Pithecopus
araguaius foi primeiro avistada pelos pesquisadores - ligados às
universidades Unicamp, em São Paulo, e Federal de Uberlândia (UFU), em Minas
Gerais - em estudos de campo em 2010.
Desde então, foi possível confirmar
que se tratava de uma nova espécie graças a extensos estudos de DNA e análises
morfológicas (da aparência do animal), além de dados acústicos dos sons
emitidos pelo anfíbio, distintos dos emitidos até mesmo por pererecas do mesmo
gênero Pithecopus.
"O canto serve para que a fêmea reconheça o macho da mesma espécie.
Isso nos ajudou a diagnosticar que era (uma espécie) diferente das espécies
irmãs", explica à BBC Brasil o taxonomista Felipe Andrade, um dos autores
da pesquisa - recém-publicada no periódico científico Plos One - ao lado de
Isabelle Aquemi Haga, Daniel Pacheco Bruschi, Shirlei Recco-Pimentel e
Ariovaldo Giaretta.
Além disso, os pesquisadores notaram
que a araguaius tem a cabeça
e o corpo de tamanho um pouco menor que suas irmãs do gênero Pithecopus e um padrão
diferente (que os cientistas chamam de não reticulado) de manchas no corpo.
Há, agora, 11 tipos de Pithecopus documentados,
sendo o araguaius o mais novo
deles. Algumas pererecas desse gênero preferem altitudes mais elevadas, o que
também as diferencia da araguaius, que habita terras
baixas.
"O reconhecimento da Pithecopus
araguaius é importante para o conhecimento da riqueza de anfíbios e
diversificação de padrões nessa região", diz trecho do artigo publicado no
site da Plos One.
Perereca
recém-descoberta se diferencia de suas irmãs por tamanho menor da cabeça e do
corpo e diferenças no padrão de manchas; acima, registro dos cientistas dela
vista de cima e de baixo (Foto: Divulgação)
Bioma a ser conhecido
A araguaius foi
descoberta na cidade de Pontal do Araguaia, no Mato Grosso, à beira do rio
Araguaia - daí seu nome. Posteriormente, os cientistas documentaram a
existência da nova espécie também na Chapada dos Guimarães e na cidade
mato-grossense de Santa Terezinha.
"A descoberta mostra que em 2017 ainda temos espécies a serem
descritas no Cerrado, uma região com alto índice de biodiversidade e sob forte
impacto da ação humana", afirma Andrade.
Seu orientador, Ariovaldo Giaretta, acrescenta à BBC Brasil que o fato
de essa região do Brasil estar sob pressão - sobretudo pela expansão do
agronegócio - pode colocar em risco eventuais descobertas de outras espécies.
"Por acaso achamos essa nova espécie. Quantas outras podem existir?
E não temos ideia de o que está sendo perdido nas áreas (de Cerrado) que estão
sumindo", diz Giaretta. "Se novos vertebrados ainda estão aparecendo
(nas pesquisas), pode haver outras criaturas vivas - invertebrados, plantas.
(...) É estarrecedor que (muitas áreas) estejam virando pasto para boi."
No estudo, os pesquisadores citam o Cerrado como "um dos mais
ameaçados hotspots da Terra, sobretudo pela perda de hábitats por conta do
desenvolvimento urbano e agrícola".
E a própria araguaius pode estar
sob perigo de extinção, por ser uma perereca que habita áreas baixas e,
portanto, de interesse do agronegócio.
"Ainda precisamos de muitos esforços para conhecer nossa
biodiversidade do Cerrado e mais ainda da Amazônia", opina Andrade.
segunda-feira, setembro 11, 2017
Como doença de menina causou comoção e mudou a forma de país criar porcos DA BBC BRASIL 11/09/2017 12h44
Menina contraiu superbactéria dos porcos da
fazenda em que vivia
Fazendeiros ao redor do mundo estão dando
antibióticos para animais em grande escala para mantê-los saudáveis e reduzir o
preço de carnes, mas isso ajudou a criar uma grave crise de saúde pública.
Uso excessivo desses medicamentos na criação de
animais como porcos e galinhas permite que bactérias desenvolvam resistência.
Há três anos, por exemplo, foi descoberto que bactérias em porcos na China já
resistiam ao potente antibiótico colistina.
Mas um país decidiu mudar drasticamente e ir contra
essa tendência –tudo por causa de uma menina chamada Eveline.
Em 2003, a filha do fazendeiro holandês Eric van
den Heuval, então com um ano de idade, foi levada ao hospital às pressas para
uma cirurgia cardíaca.
Ela havia nascido com um problema congênito. Se não
fosse operada, poderia morrer.
"Fomos ao hospital, mas o médico disse: 'O
teste dela foi positivo para [a bactéria] MRSA [também conhecida pela sigla
SARM, para Staphylococcus aureus resistente à meticilina]. Ela
não pode ser operada'", diz Eric.
Para surpresa de Eric, Eveline havia contraído uma
superbactéria dos porcos de sua fazenda –uma variante que pode ser transmitida
no contato com animais contaminados e foi encontrada também em criadores de
porcos na Dinamarca e na Alemanha.
"Aquele momento mudou totalmente a vida da
minha família", afirma Eric.
Por causa de Eveline, Eric decidiu mudar a forma
como cuidava da fazenda.
A história de sua filha levou outros fazendeiros a
mudar suas práticas também.
"Quando você ouve sobre Eric e sua filha e
como isso tudo está nos matando, você é compelido a fazer algo a
respeito", diz o fazendeiro Gebert Oosterlaken, que também cria porcos.
Ele e Eric formaram um grupo para reunir outros
fazendeiros e veterinários para debater o problema e buscar soluções.
Eles passaram a cuidar dos porcos sem antibióticos,
usando bactérias probióticas para combater micro-organismos prejudiciais à
saúde dos animais e mantendo-os separados em zonas higienizadas para impedir a
proliferação de doenças.
"Hoje, você percebe pela aparência deles, seu
brilho, seus olhos, que eles estão mais saudáveis. Assim, eles morrem menos,
minha produtividade aumenta e é mais fácil criá-los", diz Gebert.
O governo holandês agora divulga as técnicas
desenvolvidas por Eric, Gebert e seus colegas, e diz que o uso de antibióticos
em animais caiu 65%.
"É claro que sentimos orgulho do que atingimos
dentro de nosso pequeno grupo, mas, na realidade, conseguimos criar um
movimento que mudou a criação de animais na Holanda", afirma Gebert.
O especialista em antibióticos Jaap Wagenaar diz
que Gebert e Eric foram muito importantes nessa mudança por terem sido os
primeiros a adotar formas de reduzir o uso desses medicamentos nas suas
fazendas.
"Eles atuam como embaixadores. Mostram aos
seus colegas quais opções eles têm."
E como está a filha e Eric hoje?
"Hoje, ela tem 16 anos", diz Eric ao lado de
Eveline em sua fazenda. "É muito saudável –e está livre da superbactéria."
Menina contraiu superbactéria dos porcos da fazenda em que vivia
Fazendeiros ao redor do mundo estão dando
antibióticos para animais em grande escala para mantê-los saudáveis e reduzir o
preço de carnes, mas isso ajudou a criar uma grave crise de saúde pública.
Uso excessivo desses medicamentos na criação de
animais como porcos e galinhas permite que bactérias desenvolvam resistência.
Há três anos, por exemplo, foi descoberto que bactérias em porcos na China já
resistiam ao potente antibiótico colistina.
Mas um país decidiu mudar drasticamente e ir contra
essa tendência –tudo por causa de uma menina chamada Eveline.
Em 2003, a filha do fazendeiro holandês Eric van
den Heuval, então com um ano de idade, foi levada ao hospital às pressas para
uma cirurgia cardíaca.
Ela havia nascido com um problema congênito. Se não
fosse operada, poderia morrer.
"Fomos ao hospital, mas o médico disse: 'O
teste dela foi positivo para [a bactéria] MRSA [também conhecida pela sigla
SARM, para Staphylococcus aureus resistente à meticilina]. Ela
não pode ser operada'", diz Eric.
Para surpresa de Eric, Eveline havia contraído uma
superbactéria dos porcos de sua fazenda –uma variante que pode ser transmitida
no contato com animais contaminados e foi encontrada também em criadores de
porcos na Dinamarca e na Alemanha.
"Aquele momento mudou totalmente a vida da
minha família", afirma Eric.
Por causa de Eveline, Eric decidiu mudar a forma
como cuidava da fazenda.
A história de sua filha levou outros fazendeiros a
mudar suas práticas também.
"Quando você ouve sobre Eric e sua filha e
como isso tudo está nos matando, você é compelido a fazer algo a
respeito", diz o fazendeiro Gebert Oosterlaken, que também cria porcos.
Ele e Eric formaram um grupo para reunir outros
fazendeiros e veterinários para debater o problema e buscar soluções.
Eles passaram a cuidar dos porcos sem antibióticos,
usando bactérias probióticas para combater micro-organismos prejudiciais à
saúde dos animais e mantendo-os separados em zonas higienizadas para impedir a
proliferação de doenças.
"Hoje, você percebe pela aparência deles, seu
brilho, seus olhos, que eles estão mais saudáveis. Assim, eles morrem menos,
minha produtividade aumenta e é mais fácil criá-los", diz Gebert.
O governo holandês agora divulga as técnicas
desenvolvidas por Eric, Gebert e seus colegas, e diz que o uso de antibióticos
em animais caiu 65%.
"É claro que sentimos orgulho do que atingimos
dentro de nosso pequeno grupo, mas, na realidade, conseguimos criar um
movimento que mudou a criação de animais na Holanda", afirma Gebert.
O especialista em antibióticos Jaap Wagenaar diz
que Gebert e Eric foram muito importantes nessa mudança por terem sido os
primeiros a adotar formas de reduzir o uso desses medicamentos nas suas
fazendas.
"Eles atuam como embaixadores. Mostram aos
seus colegas quais opções eles têm."
E como está a filha e Eric hoje?
"Hoje, ela tem 16 anos", diz Eric ao lado de
Eveline em sua fazenda. "É muito saudável –e está livre da superbactéria." sexta-feira, setembro 01, 2017
Queimadas ajudam a preservar diversidade de
espécies no cerrado
REINALDO JOSÉ LOPES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA 01/09/2017 02h01
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA 01/09/2017 02h01
Cerrado, que tem sua
biodiversidade beneficiada quando há queimadas controladas
O
único jeito de preservar a diversidade de espécies do cerrado, um dos biomas
mais ricos e ameaçados do Brasil, é queimá-lo de vez em quando.
Sem a presença intermitente do fogo, as plantas típicas desse ambiente correm o risco de sumir, dando lugar a uma formação florestal relativamente empobrecida, revela um estudo feito no interior paulista.
Sem a presença intermitente do fogo, as plantas típicas desse ambiente correm o risco de sumir, dando lugar a uma formação florestal relativamente empobrecida, revela um estudo feito no interior paulista.
De
modo geral, as áreas de cerrado do município de Águas de Santa Bárbara (SP) que
passaram três décadas sem serem tocadas pelas chamas devem ter perdido 27% de
suas espécies vegetais e 35% de suas espécies de formigas (grupo muito
diversificado, que serve como indicador da biodiversidade animal da região como
um todo).
Se
a conta incluir somente os "especialistas" em cerrado, que vivem
apenas nesse bioma, o cenário fica ainda mais desanimador: perda de 67% das
plantas e 86% das formigas.
"A
gente acabou de apresentar os resultados num congresso sobre restauração
florestal, e todo mundo ficou espantado", contou à Folha a pesquisadora
Giselda Durigan, do Instituto Florestal (órgão do governo do Estado).
Giselda
e seus colegas (de instituições como Unesp, Unicamp, Universidade Federal de
Uberlândia e Universidade da Carolina do Norte) também estão publicando os
dados na edição desta semana da revista especializada "Science
Advances".
Em
alguma medida, o problema detectado pela equipe seria esperado, visto que os
vários tipos de vegetação que perfazem o cerrado parecem ter evoluído para se
adaptar à ação dos incêndios naturais, provocados pela longa estação seca que
caracteriza o bioma.
De
fato, diversas plantas desse ambiente precisam até de uma mãozinha do fogo para
que suas sementes germinem. Outras, como os arbustos e as gramíneas, não
conseguem crescer em áreas de vegetação mais fechada, e a queima periódica
ajuda a manter o terreno livre para que prosperem.
NA PRÁTICA
Nas
circunstâncias atuais, no entanto, as áreas que são reservas naturais tendem a
adotar uma política restritiva de controle de incêndios, ao passo que os
trechos de cerrado nas mãos de proprietários rurais, além de já muito
degradadas e fragmentadas, não queimam como antigamente.
Giselda
e seus colegas usaram dois métodos para medir o impacto dessa transformação.
Primeiro, estudaram a diversidade de espécies de plantas e formigas em 30
trechos diferentes de cerrado da Estação Ecológica de Santa Bárbara.
Incluíram
na análise tanto áreas em que o cerrado é naturalmente mais fechado, com
presença razoável de árvores, quanto as que têm predomínio de campos mais
abertos –e, o que é crucial, os trechos onde formações florestais surgiram faz
pouco tempo, nas últimas décadas.
A
medição da diversidade de espécies atual foi comparada com imagens de satélite
que ajudam a contar como era a região há 30 anos e como ela está hoje.
É
isso o que ajuda os pesquisadores a saber qual seria a distribuição de espécies
típica do cerrado "natural" e, portanto, o quanto se perdeu com o
aparecimento das novas matas. "Em geral, essas áreas florestais novas são
formadas por espécies muito generalistas. Em inglês, o pessoal usa até o termo
'tramp species' [espécies vagabundas]", conta a pesquisadora.
Nas
condições atuais, explica Giselda, deixar que os incêndios naturais façam a
diversidade de espécies do cerrado voltar ao normal não seria uma boa ideia por
causa da fragmentação do ambiente, que poderia perder suas poucas áreas
remanescentes se não houver controle.
O
ideal seria o manejo ativo do fogo nessas áreas. "Temos um conhecimento
tradicional que poderia ser empregado para ajudar nisso, como o do manejo de
pastos, dos próprios canaviais, e o utilizado pelas populações indígenas há
séculos."
FOGO DO BEM
O cerrado sofre queimas espontâneas,
que o renovam
O
cerrado é um bioma que combina áreas com mais espécies de árvores e vastos
trechos de vegetação aberta, com biodiversidade única que depende da forte
presença da luz solar e de incêndios naturais periódicos para que suas sementes
germinem
VIROU FLORESTA
O
manejo das reservas naturais do cerrado hoje, bem como alterações trazidas pela
expansão agropecuária, tem impedido esses incêndios naturais. Numa área de
cerrado do interior de SP, essa mudança fez com que áreas naturalmente abertas
virassem floresta nos últimos 30 anos
A agropecuária impede esse
fenômeno natural
MENOS
ESPÉCIES
O
resultado foi uma diminuição de cerca de 30% na diversidade de espécies de
plantas e de formigas dessas áreas -provavelmente porque espécies únicas do
cerrado já não conseguiam se estabelecer
Após os incêndios, há um aumento da biodiversidade
|
COM CUIDADO
Para reverter essa perda, o recomendável é fazer a
queima controlada dessas áreas abertas do bioma
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