quarta-feira, janeiro 10, 2018

Fungos em fezes dão pistas sobre fim de bichos gigantes.
http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/2018/01/1949260-fungos-em-fezes-dao-pistas-sobre-fim-de-bichos-gigantes.shtml                                                        
Gliptodonte (parente extinto dos tatus)
REINALDO JOSÉ LOPES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA 
10/01/2018  02h02
Um dos maiores mistérios da pré-história brasileira ficou um pouco mais claro graças à análise meticulosa de fungos que crescem no cocô de herbívoros de grande porte. O declínio desses fungos a partir de 18 mil anos atrás sugere que a megafauna do Pleistoceno (ou seja, os mamíferos gigantes que existiam por aqui na Era do Gelo) começou a desaparecer antes que os seres humanos chegassem ao atual Brasil.
Esse dado, contudo, talvez não seja suficiente para demonstrar a inocência dos primeiros habitantes do país no fim da megafauna. É que a extinção dos bichos só ocorreu de vez há uns 11,5 mil anos –época em que o Homo sapiensjá estava instalado por aqui.
Faz sentido imaginar, portanto, que tenha havido uma interação entre a causa inicial do declínio (provavelmente a mudança climática) e a ação humana para que o desaparecimento dos animais se consumasse.
Tais conclusões estão num estudo publicado na revista científica "Quaternary Research" por um trio de pesquisadores: Marco Felipe Raczka, brasileiro que faz pós-doutorado no Instituto de Tecnologia da Flórida (EUA), Paulo Eduardo de Oliveira, do Instituto de Geociências da USP, e Mark Bush, também do instituto da Flórida.
LAGOA SANTA
O trio estudou um dos mais importantes complexos pré-históricos do Brasil, a região de Lagoa Santa (MG), perto de Belo Horizonte.
Fósseis de grandes mamíferos extintos e de seres humanos têm sido encontrados por cientistas nas cavernas calcárias de Lagoa Santa desde o começo do século 19.
A megafauna mineira, a exemplo da de outros locais do continente, incluía feras como preguiças-gigantes, parentes dos tatus do tamanho de um Fusca, gonfotérios (primos dos elefantes, também com tromba e grandes presas), ursos, cavalos e dentes-de-sabre (que não eram tigres, como se costumava dizer –eram parentes distantes dos felinos atuais).
Para reconstruir a história populacional desses bichos e a da vegetação que existia ao redor deles, os pesquisadores recolheram e dataram camadas de sedimentos de duas lagoas, conhecidas como Mares e Olhos D'Água.
A ideia é que, ao longo dos milênios, grãos de poeira e de pólen, pedacinhos de carvão e outros resquícios do ambiente circundante foram afundando e chegando ao leito das lagoas, formando uma espécie de biblioteca do que havia na região em cada período.
As datas obtidas pelos cientistas nos dois corpos d'água vão de 23 mil anos atrás até épocas recentes. Uma constatação importante derivada da análise é que o ambiente na região de Lagoa Santa era bem diferente do atual.
Hoje, a vegetação nativa da área é uma mistura de mata atlântica e cerrado, mas durante o Pleistoceno parecem ter sido comuns por ali as espécies de árvores típicas de regiões mais frias e/ou mais elevadas do país, como as araucárias (não por acaso, também conhecidas como pinheiros-do-paraná) e os podocarpos. Esse tipo de cobertura vegetal bate com a estimativa de que, naquela época, a temperatura média do Sudeste brasileiro era uns 5 graus Celsius mais fria do que a de hoje.

A outra pista crucial veio da abundância relativa dos esporos de fungos do gênero Sporormiella, que costumam estar presentes em grande quantidade, por exemplo, em lagos em cujas vizinhanças o gado pasta com frequência –o fungo nas fezes dos bichos acaba sendo carreado para a água.
Em estudos feitos na América do Norte, por enquanto o lugar onde o desaparecimento da megafauna foi estudado de forma mais completa, os últimos registros de fósseis dos bichões mais ou menos coincidem com a diminuição de Sporormiella nos sedimentos, e o mesmo vale, grosso modo, para os Andes.
Em ambas as lagoas do interior mineiro, os registros mais antigos são de abundância dos esporos fúngicos (na lagoa Olhos D'Água, por exemplo, chega a haver mais de 4.000 esporos por centímetro cúbico de sedimento). No entanto, a partir de 18 mil anos atrás, os restos de Sporormiella vão ficando paulatinamente mais raros, até desaparecer totalmente entre 12 mil e 11,5 mil anos atrás.
GOLPE DE MISERICÓRDIA
Dois detalhes cruciais precisam ser levados em consideração para tentar entender o que aconteceu.
Primeiro, de fato, o início desse processo, provavelmente ligado à extinção da megafauna, coincide com uma fase mais quente e úmida do clima, perturbando o habitat tradicional dos bichos e afetando a população deles. Nesse momento, ainda não havia seres humanos nas imediações de Lagoa Santa –nem, pelo que sabemos, no resto do Brasil.
O segundo ponto, porém, é que as condições climáticas voltaram a ficar mais frias por alguns milênios na região –e mesmo assim as perdas populacionais da megafauna continuaram, e isso numa fase em que o Homo sapiens já estava colonizando o interior mineiro. Esse conjunto de dados é que leva os pesquisadores a postular que a ação humana pode ter sido o golpe de misericórdia em espécies que já não andavam muito bem das pernas.
O que falta para encerrar o caso, então? Além de confirmar o quadro geral em sedimentos de outros locais do país, seria importante achar evidências diretas de que os primeiros brasileiros caçavam mesmo a megafauna.
Em Lagoa Santa, curiosamente, isso não existe: as escavações mais intensas feitas até hoje na região sugerem que os moradores originais capturavam mamíferos de porte mais modesto, como veados e porcos-do-mato. Nada que se compare, portanto, aos grandes sítios de abate de mamutes encontrados nos EUA no século passado.
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FALTOU CLIMA OU FOI O HOMEM?

Entenda o estudo sobre o fim da megafauna no Brasil
A MEGAFAUNA
Até cerca de 10 mil anos atrás, a região era habitada por uma conjunto impressionante de mamíferos de grande porte, hoje extintos. Veja exemplos de espécies da região de Lagoa Santa
                                                  Gliptodonte (parente extinto dos tatus
                                                  Dente-de-sabre Smilodon populator
                                                Preguiça-gigante Catonyx cuvieri
A ANÁLISE
Os cientistas recolheram, dataram e analisaram sedimentos do fundo de duas lagoas da região, conhecidas como Marés e Olhos D'Água. Eles procuraram, entre outras coisas, esporos de um fungo que só nasce em fezes de grandes mamíferos

A proporção dos esporos do fungo nos sedimentos começa a cair por volta de 18 mil anos atrás, antes da chegada dos seres humanos à região, chegando a níveis próximos de zero por volta de 11 mil anos atrás, quando já há humanos em Lagoa SantaOS RESULTADOS
CONCLUSÃO
O declínio da megafauna na área começou antes da interferência humana, talvez por razões climáticas, mas pode ter se intensificado por causa da caça

quinta-feira, dezembro 28, 2017

Países tropicais buscam maneira de sobreviverem às mudanças do clima 
                 Ilhas Maurício, polo de biodiversidade, podem perder território com aumento do nível do mar.              FABÍOLA ORTIZ  28/12/2017  02h02

Para muitos países, adaptar-se às mudanças climáticas e recuperar ecossistemas naturais degradados é uma questão de sobrevivência. "Pensar no meio ambiente não é algo opcional –para nós, é existencial", disse a presidente das Ilhas Maurício, Ameenah Gurib Fakim.
A preocupação não é de hoje, mas ganha força quando apresentada em um ano de extremos climáticos, como vem sendo 2017. O furacão Irma, que devastou o Caribe, os incêndios florestais que atingiram a costa oeste americana, Portugal e Indonésia, além de grandes enchentes na Índia e em Bangladesh são alguns exemplos dessa fúria da natureza.
O pequeno país insular no oceano Índico de 1,3 milhão de habitantes sofre com a iminente ameaça de ter boa parte do seu arquipélago tomado pelo avanço do mar.
O aumento do nível dos oceanos ocorre pelo derretimento das geleiras que afeta também o pH da água –impactando a vida marinha nos recifes de corais e toda uma economia baseada no turismo e na pesca.
"As mudanças climáticas afetaram o padrão de chuvas e de temperatura; temos testemunhado picos de secas. Em 2013, em duas horas, choveu mais de 200 mm, o que causou graves enchentes. A mudança do clima é muito real para nós", resumiu a presidente.
BIODIVERSIDADE
Apesar de pequenas em território, as Ilhas Maurício são um dos cinco "hotspots" de biodiversidade no mundo. As regiões tropicais concentram 40% de toda a variedade de espécies e ocupam apenas 1,4% da superfície da Terra.
As mudanças climáticas impõem sérios riscos e podem arrasar essas áreas. "Precisamos chamar a atenção para evitar essa grande perda", disse à Folha Ameenah Fakim.
Um mês após lideranças mundiais terem se encontrado em Bonn, na Alemanha, para discutir a implementação do Acordo de Paris e frear o aumento da temperatura global na Conferência da ONU sobre Mudança do Clima (COP23), a mesma cidade, ex-capital da Alemanha Ocidental, recebeu um fórum internacional sobre paisagens.
O Global Landscapes Forum aconteceu entre 19 e 20 de dezembro e pôs em pauta a discussão sobre a conservação ambiental e a restauração de florestas numa abordagem mais holística de paisagens naturais.
"Um terço do que podemos fazer pelo clima pode ser alcançado se tivermos políticas para proteger a biodiversidade e cuidar das paisagens", argumentou o diretor-executivo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), Erik Solheim
A situação das paisagens naturais tem se deteriorado rapidamente, alertou a diretora do Banco Mundial para o Meio Ambiente e Recursos Naturais, Karin Kemper. Todos os anos, 24 bilhões de toneladas de solo fértil sofrem erosão e 12 milhões de hectares de terra são degradados.
       Evento que aconteceu na Alemanha tentou mostrar que recuperar florestas pode ser uma estratégia viável

"O cenário é sombrio, mas ainda há esperança de se fazer algo para mudar", afirmou. O custo de reflorestar e recuperar áreas degradadas, no que ficou conhecido como "Bonn Challenge" (Desafio de Bonn), em que países se comprometeram a restaurar 350 milhões de hectares até 2030, seria de US$ 107 bilhões por ano.
"Precisamos trazer as evidências científicas para que os governantes saibam o custo da degradação ambiental e quais são as opções", disse Kemper. Segundo as contas de sua equipe, para cada dólar investido em recuperação de paisagens naturais, é possível obter um retorno de sete a 30 dólares. "Isso prova que é um bom negócio", diz.
Na América Latina, o cenário climático também pode ser devastador, especialmente nos países caribenhos e da América Central, que estão na rota de um "corredor seco" climático. No estudo do último painel intergovernamental de mudanças climáticas, essa região foram colocada entre as mais sensíveis.
"Somos um istmo banhados por dois oceanos, vivemos a temporada de furacões que ocorrem do lado do Atlântico e do Pacífico. As mudanças climáticas não apenas significam ciclones, mas também a inexistência de água potável", disse à Folha a ministra de meio ambiente de El Salvador, Lina Dolores Alfaro.
Quase metade do país está no corredor seco, e são registradas perdas anuais de 4% do produto interno bruto em razão do clima e da degradação ambiental. "Tivemos cinco anos consecutivos de seca, entre 2012 e 2016."
OBRIGAÇÃO
Para El Salvador e seus 6,3 milhões de habitantes, a restauração dos ecossistemas seria praticamente uma obrigação. "Não temos outra alternativa. Estamos a ponto de chegar ao estresse hídrico –em cinco anos podemos ficar sem água", disse Alfaro.
El Salvador se comprometeu a restaurar um milhão de hectares de suas paisagens naturais até 2020, isso significa recuperar metade do seu território.
Uma grande queixa de países pequenos, porém, é a dificuldade de conseguir apoio internacional para esse tipo de empreendimento.
Os financiamentos, em geral, vão para aqueles com grande cobertura florestal, como o Brasil. "O nosso caso é o de adaptação às mudanças climáticas. Apesar de não termos contribuído para as emissões de gases de efeito estufa, somos os que mais sofremos", disse a ministra.
Enquanto as pequenas nações sofrem com a falta de recursos e brigam para se adaptar ao clima, os grandes poluidores ainda relutam em adotar políticas mais ambiciosas. Os Estados Unidos, por exemplo, comprometeram-se a restaurar 15 milhões de hectares até 2020.
Contudo, esses esforços podem ser minados após as sucessivas ameaças de Donald Trump de retirar os EUA do Acordo de Paris, assinado em 2015 por 195 países. Recentemente o presidente americano excluiu as mudanças climáticas da sua lista de prioridades na Estratégia de Segurança Nacional.
"Ainda estamos pensando como melhor lidar com os acordos climáticos. Vamos continuar a trabalhar com o que podemos e que seja apropriado para as nossas necessidades a nível local. O presidente Trump quer ter certeza que tenhamos um acordo que seja melhor para os Estados Unidos", disse à reportagem a chefe do serviço florestal americano, Leslie Weldon.

terça-feira, dezembro 19, 2017

   Estudo sugere considerar guepardo como 'em perigo' 13/12/2017 DE SÃO PAULO   http://www1.folha.uol.com.br/ambiente/2017/12/1942820-estudo-sugere-considerar-guepardo-como-em-perigo.shtml

Guepardo no Parque Nacional de Serengeti, na Tanzânia
Um estudo sobre as populações de guepardo na África Austral sugere que a espécie encontra-se em perigo.
Os pesquisadores, que tiveram o apoio da "National Geographic Society", apresentaram evidências de que a baixa estimativa populacional do felino aliada a um declínio da quantidade de espécimes justifica a entrada do guepardo na lista de animais ameaçados da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN).
A equipe internacional analisou, de 2010 a 2016, uma área de quase 800 mil quilômetros quadrados entre Namíbia, Botswana, África do Sul e Zimbábue

O estudo estimou que apenas 3.577 guepardos vivem nessa área, pouco menor que a soma dos Estados de Minas Gerais e de São Paulo, e que a maioria deles vive dentro de apenas dois habitats.
A estimativa dos pesquisadores é 19% menor do que a avaliação da UICN, o que sustentaria o apelo para que o felino passasse do status de "vulnerável" para o de "em perigo de extinção".
Os pesquisadores descobriram também que apenas 18,4% da faixa de presença de guepardos está dentro de áreas protegidas internacionalmente reconhecidas.
Um aspecto inovador da pesquisa foi o uso de observações do público para realizar a estimativa. "Para uma espécie altamente fotogênica, como o guepardo, o uso de fotografias e vídeos feitos por turistas é uma abordagem inovadora e econômica, especialmente em áreas protegidas bem visitadas", disse Florian Weise, líder da pesquisa. 

terça-feira, dezembro 12, 2017

Fotógrafa compartilha imagem de urso polar abatido e comove internautas

Em imagem feita pela fotógrafa Cristina Mittermeier um urso polar cambaleia de fome no Canadá - Cristina Mittermeier/Instagram
O quão triste você fica ao ver um bichinho doente? E se esse bichinho for um urso polar, que está morrendo de fome? A fotógrafa Cristina Mittermeier, ativista ambiental da organização SeaLegacy, ficou tão horrorizada com a cena que decidiu compartilhá-la com seus seguidores.
A imagem, feita na ilha de Baffin, no Canadá, mostra um urso cambaleando, extremamente magro. "Meu coração quebra quando vejo essa foto. Nós choramos enquanto filmávamos esse urso morrendo", escreveu ela na legenda.
No instagram, Mittermeier aproveitou para comentar que aquele não era um caso isolado. "Viajamos para o ártico com a SeaLegacy em agosto e encontramos tanto ursos saudáveis quanto famintos. Com a aceleração das mudanças climáticas a tendência é que vejamos menos do primeiro e mais do segundo", disse ela. 
"É uma realidade de partir o coração que vem com os modos de vida modernos", diz ela. Na imagem, que já ultrapassa as 70 mil curtidas, internautas comentam entristecidos: "E assim, a dolorosos e cansados passos, a natureza vai sucumbindo a destruição que os seres humanos provocam, com tanta ganância, indiferença, ilusão, superioridade... Meus coração está partido, meu choro contido", escreveu um deles. 
Outros seguidores, no entanto, criticaram o fato da fotógrava e da organização não terem providenciado comida para o animal. Alguns ativistas que entraram na discussão e reclamaram que o dinheiro que as pessoas doam é para que, justamente, animais como esses sejam auxiliados. Internautas envolvidas na discussão argumentaram que não se deve interferir na vida selvagem sem que haja uma autorização governamental. 

quarta-feira, novembro 22, 2017

Madeira manchada de sangue
Notícia - 21 - nov - 2017
Acusado de ser o mandante do massacre de Colniza, Valdelir João de Souza segue foragido da justiça, o que não o impede de negociar madeira amazônica
http://www.greenpeace.org/brasil/pt/Noticias/Madeira-manchada-de-sangue/?utm_campaign=Chega%20de%20Madeira%20Ilegal&utm_content=63494669&utm_medium=social&utm_source=googleplus
Para homenagear as vítimas da violência no campo na Amazônia, o Greenpeace colocou 251 cruzes em frente ao Congresso Nacional – número de pessoas assassinadas no bioma entre 2007 e 2016 – para sinalizar que a violência contra a floresta e seus povos começa exatamente em Brasília. (Foto: © Lucas Sobral / Greenpeace)

No fim de semana do dia 19 de abril de 2017, quatro homens armados com facas, facões, revólveres e espingardas entraram em um ramal do Distrito de Taquaruçu do Norte, zona rural de Colniza, no Mato Grosso, com o objetivo de matar e aterrorizar a população local. O grupo de extermínio, conhecido como “Os Encapuzados”, percorreu cerca de dez quilômetros promovendo execuções e tortura. Ao todo, nove pessoas foram mortas.
Segundo denúncia do Ministério Público do Estado do Mato Grosso (MPE-MT), o ataque, que ficou conhecido como “massacre de Colniza”, foi motivado pela cobiça de madeireiros e grileiros pelos recursos existentes na região de Taquaruçú do Norte, distrito do município de Colniza.
Apontado pelo MPE-MT como o mandante do crime, Valdelir João de Souza, conhecido como “Polaco Marceneiro”, é proprietário das empresas Madeireira Cedroarana e G.A. Madeiras, responsável pelo Plano de Manejo Florestal localizado ao lado do local da chacina. A motivação do crime estaria na existência de espécies valiosas, como o ipê, jatobá e massaranduba, amplamente utilizados para construção de decks e móveis de alto valor comercial, na área de floresta em que viviam os agricultores assassinados.
Souza está foragido, mas suas madeireiras continuam funcionando normalmente, processando madeira que depois é vendida no mercado nacional e internacional. Uma investigação do Greenpeace publicada no relatório “Madeira manchada de sangue” mostrou que, de maio a agosto de 2017, a madeireira Cedroarana enviou sete remessas de madeira para os Estados Unidos. No dia em que ocorreu a chacina em Colniza, essa mesma empresa embarcou cargas de madeira para os Estados Unidos e Europa. Em 2016 e 2017, exportou milhares de metros cúbicos de madeira amazônica para países como os Estados Unidos, Alemanha, França, Holanda e Portugal.
Graças a facilidade de fraudar os sistemas de licenciamento e controle de madeira no Brasil, cenas como as do “massacre de Colniza” estão se tornando cada vez mais comuns, especialmente na Amazônia, onde os conflitos no campo são frequentemente ligados à madeira ilegal. A pressão exercida pela indústria madeireira e pela grilagem de terras vem ameaçando as florestas da região e colocando populações rurais e tradicionais sob ameaça. São inúmeros relatos de execuções com requintes de crueldade, tentativas de assassinato e intimidação, o que gera um clima de tensão e medo na vida das pessoas que defendem a floresta.
Como afirma a extrativista Giselda Pereira Ramos Pilker, moradora da Resex Massaranduba, que fica em Rondônia, região que sofre com a violência promovida pela madeira ilegal, as ameaças constantes acabam mudando a rotina de todos que dependem da floresta: “Eu tenho orgulho de cuidar disso tudo. Tenho certeza de que não é meu, que pertence a um bem muito maior, de bilhões de pessoas. E vou lutar com todas as minhas forças até alguém me escutar”, diz.
Madeira ilegal e violência

Estados como Pará, Mato Grosso e Rondônia são responsáveis por mais de 85% da produção de madeira serrada na Amazônia. Se existisse um plano nacional de apoio ao manejo comunitário, a exploração madeireira poderia servir como fonte de renda para as populações da floresta e um meio de mantê-las na terra, em segurança, protegendo a floresta. Mas não é o que acontece. Estudos apontam que parte da madeira que entra no mercado foi explorada de áreas onde a extração não é permitida, como Unidades de Consevação de proteção integral , Territórios indígenas e áreas de manejo extrativista. Quando populações tradicionais e indígenas oferecem oposição ao roubo de madeira, acabam colocando-se na mira da violência, entre a floresta e os criminosos.
“A impunidade para este tipo de crime e a falta de seriedade do Estado em combater a ação de madeireiros ilegais criam um ambiente propício para que a ilegalidade prospere”, afirma Rômulo Batista, da campanha Amazônia do Greenpeace. “Diante desse cenário, fica impossível confiar na procedência da madeira brasileira, pois a cadeia está toda contaminada”, completa.
O relatório “Madeira Manchada de Sangue” faz parte da campanha Chega de Madeira Ilegal do Greenpeace, que desde 2014 investiga, denuncia e expõe casos de fraudes em nos sistemas de licenciamento e controle de madeira do Brasil. “Infelizmente, o Brasil ainda não avançou. Não temos sistemas integrados de licenciamento e controle da cadeia produtiva de madeira e planos de manejo com indícios de irregularidades continuam ativos. Até que consigamos como sociedade mudar isso, os povos que estão na linha de frente pela proteção das florestas continuarão a sofrer as consequências diretas e o restante do mundo as indiretas”, diz Batista.

sexta-feira, novembro 10, 2017

O tubarão 'pré-histórico' com 300 dentes capturado por acidente. DA BBC BRASIL 10/11/2017  11h37
http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/2017/11/1934358-o-tubarao-pre-historico-com-300-dentes-capturado-por-acidente.shtml
Dentes do tubarão-enguia (Chlamydoselachus anguineus

Quando os biólogos marinhos se depararam com ele na rede de pesca, viram de cara que não se tratava de um animal comum.
Não se parecia com nada que haviam visto antes. Tinha uma cabeça redonda e uma longa fileira de 300 dentes finos e afiados, típicos de um predador.
Em pouco tempo, constataram que estavam diante do Chlamydoselachus anguineus, chamado popularmente de tubarão-enguia, uma espécie pré-histórica pouco conhecida.
O animal foi capturado, em agosto, próximo a Algarve, no sul de Portugal.
'FÓSSIL VIVO'
Embora seja considerado um "fóssil vivo", o tubarão-enguia é uma espécie que se encontra bem distribuída geograficamente. Está presente de Angola ao Chile, da Guiana à Nova Zelândia, da Espanha ao Japão.
Mas pouco se sabe sobre seus hábitos e o tamanho da sua população. Eles costumam viver a muitos metros de profundidade, o que torna difícil encontrá-los e monitorá-los.
Diferentemente da maioria dos tubarões, esta espécie tem uma cabeça redonda, e não achatada              No caso do tubarão capturado em Portugal, o animal foi apanhado por uma rede lançada a 700 metros de profundidade.
Mas o que o torna tão especial?
SOBREVIVENTE
"Esse tubarão pertence à única espécie sobrevivente de uma família de tubarões em que todos os outros foram extintos", disse à BBC Margarida Castro, professora e pesquisadora do Centro de Ciências Marinhas da Universidade de Algarve.
"Alguns acreditam que essa espécie remonta ao período jurássico tardio. Pode ser um pouco mais recente, mas, de qualquer jeito, estamos falando de dezenas de milhões de anos. Por isso, é muito antigo em termos evolutivos. Está na Terra certamente antes do homem", acrescenta.
Castro faz parte do projeto MINOUW, uma iniciativa para minimizar o desperdício de animais que são descartados nos navios de pesca europeus, o que explica a presença de pesquisadores em um barco de pesca comercial.
PREDADOR
Embora a maioria dos tubarões tenha uma cabeça chata, e a do tubarão-enguia seja redonda, as barbatanas e toda parte inferior do corpo não deixam dúvidas de que se trata de um tubarão, e não de uma espécie de enguia.
Mas, segundo a pesquisadora, o que é realmente único neste animal são os dentes.

As barbatanas e a parte inferior do corpo permitem identificar que se trata de um tubarão.                       "Ele tem uma grande fileira de dentes perpendiculares à mandíbula. São muito afiados, finos e apontam para dentro. Isso permite a ele pegar presas grandes e não deixá-las escapar, os dentes as impedem de sair", explica Castro.
"Claramente se trata de um predador muito agressivo", completa.
A espécie capturada em Portugal era um macho adulto de 1,5 metro de comprimento. Quando o animal foi retirado do mar, já estava morto.
"A partir dessa profundidade, a maioria dos peixes chega morta. A rede sobe muito rápido, e eles não sobrevivem à súbita mudança de pressão", esclarece.
RISCO DE EXTINÇÃO?
A escassez de informação sobre a espécie dificulta saber, inclusive, se ela corre risco de extinção.
A União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN, na sigla em inglês) classifica o tubarão-enguia como uma espécie "quase ameaçada", devido ao receio de que a expansão da pesca em águas profundas aumente os casos de captura acidental.
Para Castro, no entanto, ainda é muito difícil responder se é realmente uma espécie ameaçada.
"Não sabemos qual é a proporção de captura. Se a taxa de pesca é proporcional ao quão rara é sua presença no oceano, então estamos diante de uma espécie ameaçada de extinção, mas não temos essa informação neste momento", aponta.                                                             

quarta-feira, novembro 01, 2017

Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros é reaberto após ser atingido pelo maior incêndio da história Por Murillo Velasco, G1 GO 01/11/2017 08h00 
https://www.youtube.com/watch?v=wiL6odVKTMc&t=168s
Visitação na reserva foi retomada às 8h desta quarta-feira (1º) após ficar 21 dias fechada; expectativa da administração do local é que frequentadores aqueçam o turismo na região.
Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros foi reaberto ao público na manhã desta quarta-feira (1º), depois de 21 dias fechado por conta do incêndio que devastou 28% da área da reserva e foi considerado por especialistas o maior da história da reserva. De acordo com o chefe do parque, Fernando Tatagiba, as visitações devem reaquecer o turismo na região, que foi diretamente afetado durante o fechamento.
“É muito feliz e importante esta reabertura. As visitações já voltam e, por dia 2 de novembro [quinta-feira] ser feriado, é mais um fator para dar aquele fôlego para as pousadas, para quem vive do turismo na região, já que o parque acaba se tornando uma excelente opção”, disse ao G1.
Segundo o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), o espaço foi aberto para os turistas às 8h. Os visitantes tem até 12h para entrar no parque, e devem sair da reserva até as 18h. O parque fica aberto de terça-feira a domingo. Nos meses de janeiro e julho o parque fica aberto todos os dias, por se tratar de férias escolares.

A visitação ao parque é limitada de acordo com a capacidade das trilhas. A Trilha dos Saltos pode receber até 250 visitantes por dia. Já a Trilha dos Cânions, 200. Para quem pretende visitar a Trilha da Seriema, é importante ficar atento pois são liberados apenas 30 visitantes por dia. Por último, a Travessia das Sete Quedas, que permite até 20 pessoas acampadas durante a noite.
Vale da Lua é uma das principais atrações da Chapada dos Veadeiros em Alto Paraíso de Goías (Foto: Vitor Santana/G1)

Incêndio
Os primeiros focos do incêndio que levaram ao fechamento do parque começaram no dia 10 de outubro e as chamas foram controladas, mas novos focos surgiram no dia 17 do mesmo mês. Bombeiros, brigadistas do ICMBio e do Ibama e voluntários atuaram no combate ao fogo que destruiu 66 mil hectares da Chapada. A Força Aérea Brasileira (FAB) também contribuiu cedendo aviões.
Uma chuva intensa na região da Chapada dos Veadeiros que começou no sábado (28) ajudou as equipes a terminarem de apagar o fogo. Mesmo após o controle das chamas, grupos seguiram na região para fazer o rescaldo e evitar novos focos do incêndio.
Antes da reabertura da reserva, a região sofreu com expressiva queda no número de visitantes. No entanto, mesmo com o Parque Nacional fechado, várias atrações da região continuaram abertas.
Polícia Civil acredita que incêndio na Chapada dos Veadeiros tenha sido criminoso (Foto: Vitor Santana/G1)

Fogo histórico
O incêndio foi considerado pelo ICMBio o maior da história do Parque. O grupo que combatia as chamas chegou a trabalhar 20h por dia e enfrentar sensações térmicas de 40ºC durante o trabalho.
A Polícia Civil suspeita que o incêndio seja criminoso. "A parte mais rasteira da vegetação, as áreas de campo limpo, campo sujo, já começam a se regenerar seis meses após as primeiras chuvas. Cerca de 80% dessa parte já volta ao normal nesse período. Dentre de um ano e meio, o restante se regenera", explicou ao G1 Christian Berlinck.
O Ministério Público Federal (MPF) também abriu inquérito civil para apurar as causas do incêndio.
Brigadistas voluntários ajudaram a combater o incêndio no Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros (Foto: Vitor Santana/G1)

Impacto ambiental
O ICMBio estima que algumas partes da vegetação do parque vão demorar mais de um ano para poder se recuperar do incêndio. "A parte mais rasteira da vegetação, as áreas de campo limpo, campo sujo, já começam a se regenerar seis meses após as primeiras chuvas. Cerca de 80% dessa parte já volta ao normal nesse período. Dentre de um ano e meio, o restante se regenera", explicou ao G1 Christian Berlinck.
Além disso, apesar de não terem sido encontrados animais silvestres mortos, os danos às próximas gerações dos bichos preocupam as autoridades ambientais.
               Chapada dos Veadeiros é um dos principais destinos turísticos de Goiás (Foto: Vitor Santana/G1)
Turismo
Com a queimada no parque e, consequentemente o seu fechamento para visitação, muitas pessoas desistiram de visitar a região. Entretanto existem outros pontos de turismo abertos ao público.
A secretária de Turismo da cidade explica que a queimada no parque trouxe um impacto que ainda não pode ser medido com precisão. "Tem o impacto ambiental, acima de tudo, danos patrimoniais com casas atingidas pelo fogo e também a queda no movimento. Porém, esse último só vai poder ser medido com precisão durante o feriado", relatou.

Ela conta ainda que a secretaria tem alertado os turistas de que não há risco de se visitar a região da Chapada dos Veadeiros e que existem várias atrações.
POR BRASIL. 01/11/2017  07:10
POR MARCELO TOLEDO, EM FOZ DO IGUAÇU (PR)
Considerado patrimônio mundial natural, o Parque Nacional do Iguaçu, que abriga as Cataratas do Iguaçu, deve bater recorde histórico de visitação neste ano. E, a partir desta quarta-feira (1), os ingressos ficarão mais baratos.
De 1º de janeiro até a última segunda-feira (30), o parque já recebeu 1,44 milhão de visitantes, média diária de 4.774 turistas.

O recorde pertence a 2015, com 1,64 milhão de visitantes. A expectativa é que, mantido o ritmo atual, mais de 1,7 milhão de pessoas visitem o parque até o fim do ano, principalmente por causa das cataratas.
                              Cataratas atraíram 1,44 milhão de visitantes em 2017 – Crédito: Parque Nacional do Iguaçu
Com altura de até 80 m, elas são formadas pelas quedas do rio Iguaçu, 18 quilômetros antes de ele juntar-se ao rio Paraná. De outubro a março, as cataratas apresentam o maior volume de água e o total de saltos pode ultrapassar uma centena.
Diretor institucional do Grupo Cataratas, empresa responsável pelos serviços de visitação turística do parque, Fernando Sousa disse que entre os motivos para o recorde de visitação estão a promoção do espaço no país e fora dele e parcerias para a atração de novos voos para Foz do Iguaçu.
O parque apresentava aumento crescente no fluxo até o revés de 2016, devido à crise na economia nacional. No ano passado, o total de visitantes foi de 1,56 milhão.
O indício de que 2017 seria um ano positivo ocorreu já em julho, quando o parque atingiu 1 milhão de visitas 19 dias antes do recorde de 2015.
            Vista aérea do parque, que abriga espécies ameaçadas de extinção – Crédito: Parque Nacional do Iguaçu

ATRAÇÃO
No lado brasileiro, as cataratas têm cerca de 800 m de largura e, no lado argentino, 1.900 m. Há 19 principais saltos, cinco dos quais no lado brasileiro.
A melhor vista para observar as cataratas é a partir do Brasil, já que a maior parte dos saltos que estão na Argentina estão voltados para o Brasil.
O parque, criado em 1939 e declarado patrimônio mundial natural pela Unesco em 1986, abriga espécies de animais ameaçados de extinção, como onça-pintada, jacaré-de-papo-amarelo, gavião-real, puma e papagaio-de-peito-roxo.
MAIS BARATOS

A partir desta quarta-feira (1), os ingressos para visitar o parque ficarão 1,72% mais baratos.
Com isso, visitantes brasileiros pagarão R$ 37,30. Para estrangeiros dos países membros do Mercosul, o valor será de R$ 50,30 e, para turistas dos demais países, R$ 63,30.
A correção dos valores foi autorizada pelo ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodervisidade) e também é válida para todos os outros parques nacionais.
A atualização do preço ocorre exatamente um ano após a última alteração e a queda ocorreu devido à variação do IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado) entre agosto de 2016 e o mesmo mês deste ano, que foi negativa em 1,72%.
Também a partir desta quarta, começará a venda conjunta de ingressos para três atrativos turísticos na região: o parque, Itaipu  e o marco das três fronteiras (Brasil, Argentina e Paraguai).

sábado, outubro 14, 2017

Cientistas descobrem buraco maior que a Paraíba no gelo da Antártida                                                    DA BBC BRASIL 14/10/2017  09h16
                                         A área onde fica a abertura, em uma imagem de de satélite da Nasa.                                 O chamado Mar de Weddell, na região da Antártida, é considerado o mais limpo do mundo por pesquisadores. Parte da área é ocupada por uma plataforma de gelo, batizada de Filchner-Ronne (ou apenas Ronne), em homenagem a dois exploradores.
A área congelada, de 442 mil quilômetros quadrados, permanece desta forma durante todo o ano. Ou permanecia: cientistas identificaram um buraco maior que o Estado da Paraíba na plataforma.
Esse tipo de abertura no gelo antártico é conhecido como polynya. O buraco na plataforma Filchner-Ronne foi descoberto em meados de setembro por pesquisadores que monitoravam imagens de satélite do local.
Havia a suspeita de que uma abertura deste tipo poderia se formar este ano, pois outra menor surgiu na região no ano passado.
O tamanho da abertura –que chegou a ter 60 mil quilômetros quadrados de área, no auge– faz dela a maior polynya observada na região desde os anos 1970. É curioso ainda que o buraco tenha surgido em pleno inverno –que lá dura seis meses por ano.
Ela foi descoberta por cientistas da Universidade de Toronto, no Canadá, e do projeto de Observação e Modelos sobre o Clima e o Carbono nos Oceanos do Sul (Soccom, na sigla em inglês).
Os pesquisadores foram surpreendidos quando um robô flutuante emergiu na área e fez contato por rádio com um satélite, alertando assim sobre a existência da abertura.                                                                         Camada de gelo no Mar de Weddell, considerado o mais limpo do mundo
                                             AQUECIMENTO GLOBAL
Os dados coletados na polynya farão parte de um estudo em preparação sobre esse tipo de buraco que eventualmente surge no gelo da Antártida. Os cientistas não sabem ainda, por exemplo, se a abertura está relacionada com o aquecimento global, e de que forma.
A profundidade do mar naquela região varia de 500 a 5.000 metros. E quanto mais profunda, mais morna e salgada é a água.
Esse buraco surge quando correntes oceânicas levam a água relativamente mais morna para cima, derretendo a camada de gelo. Assim que a água esfria, em contato com o ar, ela desce novamente –esse movimento mantém a polynya aberta durante algum tempo.
Pesquisadores do projeto Soccom dizem que o desafio agora é descobrir qual é o gatilho para a formação das aberturas –e porque uma deste tamanho demorou mais de 40 anos para ser observada novamente.   http://www1.folha.uol.com.br/ambiente/2017/10/1926927-cientistas-descobrem-buraco-maior-que-a-paraiba-no-gelo-da-antartida.shtml