Amazônia: dados oficiais mostram que
desmatamento caiu.
Meio ambiente 26/11/2014 - 22:18
Mapeamento entre agosto de 2013 e julho de 2014 aponta queda de 18%, diz
um dos sistemas do Inpe. Mas nos meses seguintes outros sistemas indicam
aumento de até 467% em outubro na comparação com o mesmo mês em 2013
Floresta amazônica, em Santa Rosa do Purus (Folhapress)
O desmatamento caiu 18% na Amazônia Legal entre agosto de 2013 e
julho de 2014 na comparação com o mesmo período no ano anterior,
apontam dados divulgados nesta quarta-feira pelo Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais (Inpe). O resultado do mapeamento de 2014 apresentou taxa
de 4.848 quilômetros quadrados desmatados, comparados a 5.891 quilômetros
quadrados do período anterior.
Os números são do Projeto
de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal (Prodes), sistema do Inpe
que computa como desmatamento as áreas maiores que 6,25 hectares onde ocorreu
remoção completa da cobertura florestal – o chamado corte raso. A taxa de
desmatamento, segundo o governo, foi obtida após o mapeamento de 89 imagens de
satélite.
Os
dados do Prodes contradizem a estimativa divulgada em setembro pelo
Inpe de que o desmatamento havia crescido 9,8% na Amazônia no mesmo período, entre
agosto de 2013 e julho de 2014. Essa informação, porém, veio do sistema Deter
(Detecção de Desmatamento em Tempo Real), também utilizado pelo Inpe, mas com
uma função diferente do Prodes por ser menos preciso em suas medições.
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"O Deter tem uma
resolução espacial muito mais grosseira, não mede o total de área desmatada,
apenas dá um alerta. Por isso seus resultados saem antes, ele exige menor
capacidade de processamento", explica Marco Lentini, engenheiro florestal
e coordenador do Programa Amazônia do WWF-Brasil. Os dados do Prodes são
considerados os oficiais neste assunto, enquanto o Deter ajuda a tomar decisões
rápidas de controle de desmatamento.
Este
último sistema também costuma apontar tendências. E se considerados os dados
dos meses imediatamente seguintes ao período computado pelo governo, as
perspectivas não são otimistas. Segundo reportagem do jornal Folha
de S. Paulo, o Deter aponta aumento de 122% no desmatamento na
Amazônia no intervalo entre agosto e setembro deste ano, comparado com o mesmo
período do ano passado.
Dados
do sistema independente do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia
(Imazon) também confirmam a expectativa ruim. Comparando os meses de
setembro e outubro deste ano com os mesmos meses de 2013, os resultados
encontrados são alarmantes: o desmatamento cresceu 290% e 467%, respectivamente. "A tendência para
o ano que vem vai começar a ser analisada agora, mas parece haver um aumento
grande de 2014 em relação a 2013", diz o engenheiro Marco Lentini.
Regeneração — O Inpe divulgou também que mais de
172.000 quilômetros quadrados de área desmatada na Amazônia Legal estão em
processo de regeneração. Os dados fazem parte do TerraClass 2012, levantamento
feito pelo Instituto e pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
(Embrapa). Para o TerraClass 2012 foram mapeados 751 quilômetros quadrados, o
total de desmatamento monitorado desde 1988, o que representa 18,5% da área da
Amazônia.
A ministra do Meio Ambiente,
Izabella Teixeira, ressaltou que, desse total, 113.000 quilômetros
quadrados se mantiveram em regeneração no período de 2008 a 2012. “Isso
significa que temos mais floresta em regeneração do que está sendo retirado”,
disse ela, explicando que no mesmo período foram desmatados cerca de 44,2 mil
quilômetros quadrados na Amazônia Legal, segundo dados do Prodes.
A avaliação divulgada
nesta quarta pelo Inpe representa a segunda menor taxa de desmatamento na
Amazônia desde que o instituto começou a fazer a medição, em 1988, com o
Prodes. A menor taxa foi registrada em 2012, quando foram desmatados
4.571 quilômetros quadrados. Os estados que mais desmataram no último
período foram o Pará, com 1.829 quilômetros quadrados; o Mato Grosso,
1.048 quilômetros quadrados; e Rondônia, com 668 quilômetros
quadrados. Entre 2013 e 2014, o Acre desmatou 312 quilômetros quadrados;
Amazonas, 464 quilômetros quadrados; Maranhão, 246 quilômetros
quadrados; Roraima, 233 quilômetros quadrados; e Tocantins,
48 quilômetros quadrados.
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