Nascente do rio Uberabinha tem água graças à área
de preservação
Segundo
Antonius Van Ass., o trabalho de preservação da cabeceira do Uberabinha existe
há muito tempo (Foto: Cleiton Borges.
Diferentemente
do que aconteceu na nascente principal do rio São Francisco, na Serra da
Canastra, que secou, a do rio Uberabinha, que fica em uma fazenda em Uberaba, a
75 km de Uberlândia, tem água e está com uma quantidade compatível com a
distribuição de chuvas deste ano, segundo o diretor do Instituto de Geografia
da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Cláudio di Mauro. Isso se deve ao
aumento da Área de Preservação Permanente (APP) na propriedade rural, resultado
de um acordo feito há nove anos entre o proprietário da fazenda, Antonius Van
Ass, e o Ministério Público Estadual (MPE).
Em
relação à quantidade de água da nascente, Di Mauro disse que a quantidade é
baixa, está menor do que o ano passado, devido ao período de seca e à falta de
cobertura vegetal. O especialista lembrou que, neste ano, a nascente está sendo
abastecida apenas pelo lençol freático. “Muitas áreas não têm cobertura vegetal
no entorno, por isso, não há infiltração e, consequentemente, não se tem tanta
disponibilidade de água.”
Segundo
Van Ass, o trabalho de preservação da cabeceira do Uberabinha existe há muito
tempo e, há nove anos, um acordo com Ministério Público Estadual ampliou a área
de preservação em 200%. “Eu plantava em 95% de toda área e hoje estou com 30%
de área de preservação que é de 400 hectares, conforme o acordo”, afirmou.
De acordo
com Cláudio di Mauro, o trabalho feito nessa propriedade deveria ser feito na
nascente como um todo. “O exemplo do que está sendo feito aqui precisa ser
expandido para outras áreas no entorno, nascentes dos afluentes e médio curso
do rio Uberabinha, em que os proprietários não têm a mesma preocupação”, disse.
Covoais
estão secos e vegetação ressecada
Embora a
nascente do rio Uberabinha no município de Uberaba, que fica a 75 km de Uberlândia,
esteja em uma situação razoável, os covoais estão secos. Os covoais são
pequenos montes de terra na superfície do solo, uma espécie de caixa d’água que
acondicionam a água e alimentam os lençóis freáticos dos rios Uberabinha e
Claro, de acordo com o diretor do Instituto de Geografia da Universidade
Federal de Uberlândia (UFU), Cláudio di Mauro.
A
situação dos covoais, segundo Di Mauro, também se deve ao período de seca e à
falta de cobertura vegetal. Em visita à região da nascente, o diretor mostrou alguns
locais em que os covoais estavam secos e a vegetação ressecada. “A água da
chuva é armazenada no solo subterrâneo e no solo de subsuperfície e estas áreas
de armazenamento alimentam o lençol freático dos rios. Por esse motivo, todas
as áreas de covoais precisam ser preservadas.” Di Mauro lembrou que algumas
áreas de covoais são destruídas pelos agricultores para fazer plantio.
Extração
de argila está suspensa há dois anos
Na
fazenda do produtor rural Antonius Van Ass, onde fica a nascente do rio Uberabinha,
a extração de argila refratária em uma área de covoais está suspensa há cerca
de dois anos devido a um processo na justiça movido pelo produtor contra a
Indústria Brasileira de Artigos Refratários (Ibar) pelo encerramento da
atividade na propriedade.
Segundo o
diretor do Instituto de Geografia da Universidade Federal de Uberlândia (UFU),
Cláudio di Mauro, para a argila ser extraída, é preciso remover parte da
cobertura do solo e drenar a água. Ele disse que o problema ocorre na extração
porque a drenagem da água abaixa o nível do lençol freático do rio. “Como agora
a extração foi parada não está afetando a nascente dos rios Uberabinha e rio
Claro”, afirmou.
Desde
2008, programa cercou 2 mil ha de APPs
A
proteção e recuperação das nascentes do rio Uberabinha e ribeirão Bom Jardim
têm sido uma das preocupações do Departamento Municipal de Água e Esgoto (Dmae)
que criou em 2008 o programa Buritis. De acordo com o órgão, desde a criação, o
programa cercou mais de 2 mil hectares de APPs e fez o plantio de 140 mil mudas
nativas do Cerrado, atendendo a um total de 120 pequenas e médias propriedades
rurais.
Segundo o
gerente ambiental do Dmae, Leocádio Pereira, os produtores rurais aderem de
forma voluntária ao programa. “Entre as ações de proteção estão o cercamento de
nascentes, a revegetação de áreas degradadas pela agricultura e pecuária e a
construção de curvas de nível, terraços e barraginhas.”
Pereira disse ainda que está em andamento uma parceria com a prefeitura de Uberaba para a continuação das ações do programa junto às propriedades daquele município. O secretário de Meio Ambiente de Uberaba, Ricardo Lima, disse que a parceria vai somar esforços para ampliar as áreas de preservação e reduzir os problemas com a falta de água em períodos de estiagem prolongada.
Pereira disse ainda que está em andamento uma parceria com a prefeitura de Uberaba para a continuação das ações do programa junto às propriedades daquele município. O secretário de Meio Ambiente de Uberaba, Ricardo Lima, disse que a parceria vai somar esforços para ampliar as áreas de preservação e reduzir os problemas com a falta de água em períodos de estiagem prolongada.
Confira
uma galeria de fotos da nascente do rio Uberabinha:
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