sexta-feira, julho 14, 2017

O Programa Córrego Limpo está de volta
Córrego despoluído após o programa Córrego Limpo, da Sabesp
DE SÃO PAULO. 05/06/2017  17h58
Iniciativa já beneficiou 2,2 milhões de pessoas e despoluiu 149 córregos na capital paulista
Desde que o córrego Cruzeiro do Sul, em São Miguel Paulista, na zona leste de São Paulo, foi despoluído, houve melhora na qualidade de vida dos moradores da região. Hoje eles frequentam um parque linear construído à beira do córrego, uma realidade bastante diferente da que eles estavam acostumados antes do Programa Córrego Limpo.
Hoje, os moradores se exercitam, fazem uma pausa em suas rotinas para descansar e assistem suas crianças brincarem em frente a um rio despoluído, em uma área de lazer com muito verde. "Você vê que foi feito um trabalho de revitalização da área. O povo tem mantido limpinho, a população está colaborando. Esse parque linear foi uma benção para a nossa região", comemora Elecy, que enxerga a despoluição do córrego Cruzeiro do Sul como um avanço para a comunidade, oferecendo cidadania para o povo.
O Cruzeiro do Sul é um dos 149 córregos da capital paulista que foram despoluídos pelo programa Córrego Limpo, uma parceria entre a Sabesp, o Governo do Estado e a Prefeitura de São Paulo. O projeto recebeu da Sabesp investimentos de R$ 240 milhões, mostrando-se firme no propósito de zelar pela qualidade da água desses rios, que influem na vida das pessoas e beneficiam toda a Região Metropolitana de São Paulo.
Imagem de antes e depois da recuperação do Córrego Cruzeiro do Sul, em São Miguel Paulista
Desde seu início, em 2007, o programa Córrego Limpo retirou 1.500 litros de esgoto por segundo dos córregos. Este resultado responde diretamente ao objetivo do projeto, de melhorar a qualidade de água dos mananciais, rios e córregos, por meio de adequações no sistema de esgotamento sanitário do entorno dos córregos, trabalhos de manutenção e educação ambiental.
O Córrego Limpo retorna agora com força total e uma grande novidade, a cláusula de obrigatoriedade de adesão ao Programa: Sabesp e Prefeitura assumem um compromisso e lutam pelo objetivo comum de manter ao longo do tempo suas respectivas tarefas, garantindo assim a continuidade do projeto. Esta parceria traz resultados positivos para a população, que será beneficiada com melhorias à qualidade de vida por meio da despoluição dos rios da capital. A cada córrego despoluído, damos mais um passo na despoluição do Tietê.
Dentro do Programa Córrego Limpo, a Sabesp realiza monitoramento dos córregos, executa obras de prolongamento de redes, coletores e ligações de esgoto. A companhia realiza ainda a manutenção e adequação das redes existentes.
Já a Prefeitura de São Paulo é responsável pela limpeza dos córregos, a contenção e manutenção das margens e dos entornos, além da verificação de eventuais interferências na rede de microdrenagem (bocas-de-lobo e galerias). Também age na fiscalização das ligações de esgotos, notificações e multas aos imóveis que não estiverem corretamente ligados à rede coletora e, principalmente, na remoção e reassentamento de pessoas que residem nas faixas dos fundos de vale requeridas à passagem das tubulações de esgotos.
A participação da população é de extrema importância, evitando o lançamento de lixo e entulho, denunciando irregularidades e não fazendo ligações clandestinas.
Resultado que se vê: córregos já recuperados
Antes e depois da recuperação do Córrego Caxingui, na zona oeste de São Paulo pelo programa Córrego Limpo, da Sabesp
Entre os córregos já recuperados está o Mandaqui, na zona norte. As ações foram amplas e ousadas. De início, a Sabesp promoveu a varredura em 440 km de redes coletoras de esgoto para identificar as necessidades de reparo e promover as respectivas melhorias.
A partir desse mapeamento e com um investimento que chegou a expressivos R$ 18 milhões, a Sabesp instalou 10 km de tubulações para coleta de esgoto, inaugurou 455 novas ligações domiciliares e promoveu a limpeza em mais de 40 km de cursos d'água - 7,5 km do próprio Mandaqui e mais 33 km de seus afluentes.
Já no córrego Cruzeiro do Sul, em São Miguel Paulista, zona leste da cidade, vários pontos dos 18 km de toda a rede coletora receberam algum tipo de melhoria. Para a despoluição do córrego, foram instalados não só 3,5 km de rede para coleta de esgoto, como também foram executadas 596 ligações. O investimento realizado pela Sabesp foi de R$ 3,5 milhões. Com isso, mais de 2 km de cursos d'água chegam limpos ao rio Tietê, beneficiando os 35 mil moradores de seu entorno.
Florestas protegem a água que abastece a Grande São Paulo
                                                                  DE SÃO PAULO   14/06/2017, 16h39
Mais de 33 mil hectares conservam a água dos Sistemas Cantareira, Alto Cotia e Rio Claro
Proteger a vegetação nativa em torno dos mananciais é fundamental para garantir a segurança hídrica. Pensando na qualidade da água desde a sua fonte, a Sabesp cuida e monitora mais de 33 mil hectares em áreas protegidas na Região Metropolitana de São Paulo. Para garantir a melhoria dos sistemas de produção de água em qualidade e quantidade, a Companhia mantém inciativas de conservação ambiental e reflorestamento das matas, nos entornos das represas, rios e nascentes.
São áreas importantes para a proteção dos mananciais, a Reserva Florestal do Morro Grande, no Sistema Alto Cotia, áreas do Sistema Rio Claro, no Parque Estadual da Serra do Mar e a Área de Proteção Ambiental Capivari. A Companhia também colabora com a preservação e conservação do Parque Estadual da Serra da Cantareira e do entorno das represas Jaguari, Jacareí, Cachoeira, Atibainha e Paiva Castro, todas incluídas na Área de Proteção Ambiental do Cantareira.
Um Milhão de Árvores no Cantareira
Em uma iniciativa motivada pela crescente preocupação ambiental, a Sabesp firmou uma parceria com as organizações The Nature Conservancy (TNC) e Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ), e com a empresa pública paulista Desenvolvimento Rodoviário S.A. (Dersa). Juntas, essas quatro instituições ultrapassaram a meta inicial do projeto Um Milhão de Árvores no Cantareira alcançando a marca de 1 milhão e quatrocentas mil árvores entre 2007 e 2010.

O projeto tem como principal objetivo reflorestar áreas no entorno das represas que compõe o Sistema Cantareira, preservando a qualidade e quantidade das águas desse manancial. Isso ajuda a proteger na totalidade a bacia hidrográfica de onde a Sabesp capta água para abastecer 60% da Grande São Paulo.
Foram plantadas 80 espécies de árvores, todas nativas da Mata Atlântica. Parte das mudas plantadas foram cultivadas nos viveiros Jaguari e Alto Cotia, ambos da Sabesp.
Nascentes
A mata ciliar, que é a formação de vegetação nas margens dos rios, córregos, lagos, represas e nascentes, desempenha uma função ambiental muito importante para manutenção da qualidade da água, estabilidade dos solos, regularização dos ciclos da água e conservação das espécies. Ela funciona como os cílios dos nossos olhos, que evitam entrar sujeita em uma parte delicada e importante do nosso corpo.

Sem esse abraço verde em torno das águas, terra, lixo e sujeiras de todo o tipo vão para dentro dos mananciais, trazendo prejuízos ecológicos e dificultando o tratamento de água para o abastecimento. Para ampliar a cobertura de mata ciliar em todo o estado, o Governo de São Paulo criou o Programa Nascentes, do qual a Sabesp faz parte.
Pensando no seu compromisso com o meio ambiente, a Sabesp tem um programa corporativo de plantio e manutenção de 1 milhão de mudas nos próximos anos.
Atualmente, já foram plantadas 213 mil mudas de espécies nativas em áreas do Sistema Cantareira e, até março de 2018, serão plantadas aproximadamente 500 mil mudas. Durante os próximos anos a Sabesp plantará mais 330 mil mudas, alcançando mais de 1 milhão. A empresa realiza a manutenção e monitoramento para garantir o sucesso da restauração. Além do Sistema Cantareira, a Companhia prevê plantio no Mirante do Paranapanema, no interior do Estado e no entorno do Rio Paraíba do Sul, que banha os estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.
Adicionalmente, a Companhia também participa do Programa Nascentes através de plantio em áreas do reservatório Taiaçubeba, sendo que das 263 mil mudas previstas já foram plantadas 190 mil.
Além de todos os benefícios para manter a qualidade e a quantidade da água necessária para a população, a recuperação das matas ciliares também colabora com a redução de erosão do solo, enchentes e protege a biodiversidade.
Esse programa atenderá aos Termos de Compromisso de Recuperação Ambiental (TCRAs) atuais e futuros, decorrentes do licenciamento ambiental, estando inserido no contexto do Programa Nascentes.

quarta-feira, maio 10, 2017

Atlas das caatingas mostra problemas em áreas de proteção ambiental.

                                       Parque Nacional do Catimbau, no Estado Pernambuco.
Ocupação irregular de terras, desmatamento, falta de estrutura e de demarcação foram alguns dos problemas encontrados, em três anos de pesquisa da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), em 14 unidades de Conservação federais de proteção integral, localizadas no bioma caatinga brasileira. O Atlas das caatingas reúne em detalhes informações fundiárias e da flora de cada uma das áreas estudadas, e virou também documentário, pré-lançado nesta terça-feria (9), no Recife.
Um dos biomas brasileiros menos estudados no país, a caatinga se estende por dez estados e compreende 10% do território nacional, com 844 mil km². É o único bioma encontrado exclusivamente no Brasil e é lembrado geralmente pelo visual na época de seca, quando as árvores perdem as folhas e a mata se torna cinzenta e quebradiça. A pesquisa mapeou cerca de 1% desse território.
Desenvolvido em parceria com a Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), o estudo foi feito entre dezembro de 2013 e dezembro de 2016. Os pesquisadores percorreram mais de 22 mil quilômetros nas 14 unidades de conservação, todas geridas pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Nelas, não é permitida qualquer atividade econômica ou mesmo o uso sustentável, exceto o turismo e a pesquisa científica.
Para montar o diagnóstico foram entrevistados todos os chefes das unidades de conservação, além de funcionários do ICMBio, moradores da região, professores que desenvolvem estudos nesses locais, entre outros. Segundo Neison Freire, pesquisador titular da Fundaj que coordenou a pesquisa, cada unidade tem problemas específicos, mas a falta de recursos humanos e financeiros é uma constante e acaba agravando as dificuldades locais.
Ele cita desde a falta de combustível para veículos de fiscalização até a indisponibilidade dos próprios carros e da falta de dinheiro para consertar uma bomba d'água, impedindo que um espaço disponível para receber alunos e professores de escolas públicas seja utilizado. "Todas têm problemas de gestão, que não é local. O problema está em nível federal, na pouca atenção dada a esse bioma, o único exclusivamente brasileiro", afirma.
A sociedade também contribui para ameaçar esses espaços protegidos. Como as unidades de conservação pesquisadas não podem ter atividade econômica, as populações que ainda residiam ou tinham alguma atividade na área, quando elas foram criadas, deveriam ser indenizadas e remanejadas. Além de comunidades de povos tradicionais, como indígenas e quilombolas, resistirem à mudança fazendeiros –incluindo pequenos proprietários– permanecem nos locais proibidos. "Alguns foram indenizados e não querem sair e outros estão especulando para ter maior valorização da terra para se retirar, o que gera muitos problemas para a gestão e fiscalização das unidades", informa Freire.
CATIMBAU E CHAPADA DIAMANTINA
O maior problema das unidades, segundo o pesquisador, está em Pernambuco, no Parque Nacional do Catimbau. Ele não tem nem mesmo um escritório do ICMBio, e a sua demarcação nunca foi feita. Além disso, há conflitos fundiários, corte de madeira e atividade econômica dentro da área. Outra unidade onde foram encontrados problemas é um dos cartões postais brasileiros: o Parque Nacional da Chapada Diamantina.
"Temos, de um lado, o agronegócio, que usa muitos fertilizantes, que vão contaminar rios e corpos d'água, e, do outro lado, uma especulação imobiliária muito forte. Em Lençóis já começam a surgir favelas. Fora uma fragmentação das áreas para a construção de pousadas, um negócio que não é feito pela comunidade local, mas por empresários da parte Sul do país".
Apesar das questões negativas, os pesquisadores também citaram "efeitos não esperados" nas expedições, como a influência do Bolsa Família na recuperação da fauna do Vale do Catimbau. É que, de acordo com o pesquisador da Fundaj, a comunidade do entorno costumava caçar as aves nativas para complementar a alimentação. Com o recurso federal, houve a redução da caça. "Outro aspecto no Vale do Catimbau são as espécies introduzidas, como a aroeira. Elas têm alto poder de fogo, lenha, então as populações passaram a cortar essa espécie, em vez de espécies endêmicas, próprias da caatinga, permitindo que essa vegetação se recuperasse".
MAIS RECURSOS E DEMARCAÇÃO DE TERRAS
O Atlas das Caatingas inclui recomendações para uma proteção efetiva às áreas estudadas. Entre as propostas estão a abertura de concurso público e mais recursos financeiros, conforme explicou Neison Freire. Além disso, há indicações específicas voltadas a cada problema encontrado nas unidades. "[É preciso fazer a] demarcação das áreas de forma urgente, a regularização fundiária para que 100% fiquem em posse da União. Mapeamentos sistemáticos com o uso de drones, torres de observação, contratação de brigadistas, principalmente no período seco para combater incêndios", diz.
O analista ambiental do Ministério do Meio Ambiente, João Seyffarth, esteve presente no pré-lançamento do filme. Atuante no combate à desertificação, problema ambiental encontrado na caatinga com alto grau de degradação, Seyffarth diz que os recursos arrecadados com a visitação das áreas protegidas podem ser usados para melhorar a gestão. "A gente sabe que as unidades de conservação brasileiras geram muitos recursos, mas, em geral, eles vão para o Tesouro Nacional. É preciso encontrar uma maneira para que os recursos gerados sejam usados na gestão das unidades", afirma.
OUTRO LADO
Em nota, o ICMBio diz que ainda não teve conhecimento da pesquisa de modo oficial, portanto não seria possível responder aos questionamentos em detalhe. "No geral, o instituto tem se esforçado para dotar as unidades de conservação federais da caatinga de todos os instrumentos de gestão, como planos de manejo, conselhos gestores e estrutura para abrigar servidores e pesquisadores e receber visitantes".
Entre as ações, o órgão cita as fiscalizações para coibir crimes ambientais, ações de educação ambiental para orientar comunidades locais e um "esforço no sentido de regularizar a situação fundiária". Sobre a realização de concurso público para reforçar o número de funcionários das unidades pesquisadas, o ICMBio respondeu que não há previsão.
FILME E PESQUISA NA INTERNET
A pesquisa completa está disponível no site da Fundaj, junto com imagens e mapas produzidos ao longo dos três anos de trabalho. O documentário, com uma hora de duração e feito com imagens amadoras captadas pela própria equipe de cientistas, deve ser disponibilizado na página nos próximo 30 dias, segundo Neison. Ele também será exibido em comunidades e locais pesquisados. As cidades já agendadas são Campina Grande (PB) e Petrolina (PE). 

quarta-feira, abril 05, 2017

Desmatamento leva raposas a iniciar perigoso 'namoro'
REINALDO JOSÉ LOPES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
05/04/2017  02h00
Duas espécies de raposas do Brasil, separadas há muitos milhares de anos pela mata atlântica, estão cruzando entre si e produzindo filhotes híbridos, talvez porque a derrubada da maior parte da floresta tenha eliminado a principal barreira que existia entre elas.
As protagonistas desse estranho namoro são a raposinha-do-campo (Lycalopex vetulus), típica do cerrado, e o graxaim-do-campo (Lycalopex gymnocercus), natural dos pampas gaúchos.
                                      Raposinha-do-campo (Lycalopex vetulus), típica do cerrado
                      Graxaim-do-campo (Lycalopex gymnocercus), natural dos pampas gaúchos
Segundo pesquisadores da PUC-RS (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul), é no território do Estado de São Paulo que as duas espécies estão se misturando, e a situação inspira cuidados: dependendo de como o processo continuar, boa parte da riqueza genética original dos bichos pode acabar se perdendo.
Um dos autores da pesquisa, o doutorando maranhense Fabricio Silva Garcez, conta que a primeira pista de que havia algo estranho acontecendo veio de um trabalho anterior (da mestranda Marina Favarini, na PUC-RS), no qual dois bichos que tinham sido classificados morfologicamente (ou seja, com base na aparência física) como L. vetulus acabaram apresentando material genético de L. gymnocercus.
PAPAI E MAMÃE
Para ser mais exato, os misteriosos animais tinham mtDNA (DNA mitocondrial) da espécie sulina. Ocorre que o mtDNA, presente apenas nas mitocôndrias, as usinas de energia das células, quase sempre é transmitido das mães para seus filhos ou filhas –em geral, nenhum animal herda o mtDNA do pai.
O dado, portanto, parecia indicar que ao menos uma fêmea de graxaim havia tido filhotes com um macho de raposinha-do-campo.
Durante seu mestrado, orientado por Eduardo Eizirik (da PUC-RS) e Ligia Tchaicka (da Universidade Estadual do Maranhão), Garcez analisou amostras de DNA de dezenas de indivíduos de ambas as espécies, colhidas numa área ampla, que vai do Maranhão ao Rio Grande do Sul. (As análises genéticas foram feitas a partir do sangue colhido de bichos capturados e de amostras da carcaça de raposas atropeladas Brasil afora, coisa que infelizmente é comum).
Além do mtDNA, a equipe estudou ainda trechos do DNA do núcleo das células, conhecidos como microssatélites (que parecem uma "gagueira" de letras químicas de DNA, com pequenos trechos que se repetem várias vezes).
Tais análises confirmaram a suspeita inicial: seis bichos paulistas tinham toda a pinta de ser híbridos, inclusive de segunda geração (ou seja, netos do cruzamento original entre as duas espécies). Cinco deles tinham, de novo, mtDNA de graxaim, enquanto o sexto indivíduo apresentou sinais de hibridização apenas no DNA do núcleo das células.
Ou seja, por enquanto parece que o cruzamento de machos de raposinha-do-campo com fêmeas de graxaim é mesmo mais comum, embora não seja a única possibilidade.
"Isso é curioso porque, em outras zonas híbridas de canídeos [o grupo dos cães, lobos e raposas], normalmente o macho é o da espécie de maior porte, mas no nosso caso o L. gymnocercus é maior", diz Garcez. Ainda é cedo para dizer com exatidão o que tem levado essas fêmeas a se deslocar rumo a São Paulo e por que o mesmo não estaria acontecendo com os machos da espécie sulina.
Agora no doutorado, Garcez está ampliando as análises para tentar entender em detalhes o que está acontecendo no contato entre as duas espécies, as quais formam a primeira zona híbrida de canídeos confirmada na América do Sul (na América do Norte, há o exemplo muito estudado da zona híbrida entre lobos e coiotes).
Os dados de DNA também podem confirmar a hipótese de que a hibridização é culpa da ação humana –se ela for um evento recente, cresce a possibilidade de um elo com a derrubada da mata atlântica. Afinal, as duas espécies são típicas de ambientes abertos, sem floresta densa. "Quando você remove essa barreira, com o aparecimento de pastagens e plantações no lugar da mata, a tendência é que elas acabem entrando em contato", diz Garcez.
O gênero Lycalopex, ao qual ambas as raposas pertencem, diversificou-se há relativamente pouco tempo em termos evolutivos (a partir de cerca de 1 milhão de anos atrás). Mesmo assim, apesar de serem fisicamente parecidas e de conseguirem cruzar entre si, as espécies possuem hábitos consideravelmente diferentes. A raposinha-do-campo normalmente se alimenta de cupins e frutas do cerrado, enquanto o graxaim, como bom gaúcho, inclui uma proporção maior de carne em sua dieta.
"Se todos se tornarem híbridos, vai ser algo muito ruim porque, na prática, duas espécies vão acabar desaparecendo por causa da intervenção humana", diz Garcez.
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CASAMENTO INESPERADO
Entenda a mistura entre as duas espécies de raposas
1 - As áreas de vegetação aberta do Brasil abrigam duas espécies de raposas, a Lycalopex vetulus (raposinha- do-cerrado) e a L. gymnocercus (graxaim-do-campo). A segunda espécie costuma ser de maior porte
2 - As duas espécies originalmente estavam separadas pelas áreas de floresta fechada da mata atlântica...
.... mas é possível que o desmatamento tenha permitido que os bichos, antes separados, passassem a se encontrar
3 - Pesquisadores estão achando, graças a testes de DNA, animais híbridos das duas espécies. No Estado de São Paulo, nenhum animal estudado mostrou ser "puro" -praticamente todos parecem ser filhos ou netos do cruzamento dos dois animais
E DAÍ?
Se essa tendência continuar, há o risco de que boa parte da riqueza genética dessas espécies se perca, formando-se uma única grande população híbrida amalgamada 

quarta-feira, março 08, 2017

Proteção da biodiversidade é uma questão de direitos humanos, aponta relator da ONU
O mundo caminha rumo à sexta onda de extinção global de espécies, ameaçadas cada vez mais pela destruição de habitats naturais - Imagem: wildlifeday.org

08/03/2017 - Fonte: ONU
“Estamos indo em direção à sexta onda global de extinção de espécies na história do planeta”, mas países continuam fracassando em impedir o fim da biodiversidade, alertou nesta semana (1) o especialista da ONU em direitos humanos e meio ambiente, John Knox. Segundo relator, principais ameaças à fauna e à flora terrestres são a destruição dos habitats, a caça ilegal e as mudanças climáticas.
“As pessoas não podem gozar de seus direitos humanos sem os serviços que ecossistemas saudáveis fornecem. E proteger a biodiversidade é necessário para garantir que os ecossistemas permaneçam saudáveis e resilientes”, disse Knox em comunicado emitido às vésperas do Dia Mundial da Vida Selvagem, lembrado em 3 de março, e logo após a publicação do primeiro relatório da ONU sobre biodiversidade e direitos humanos.
A análise aponta que “a diversidade biológica e os direitos humanos estão interligados e são interdependentes”. Segundo o documento, entre os impactos negativos da extinção de espécies, está a queda na produtividade e estabilidade das atividades agrícolas e de pesca — o que é uma ameaça ao direito a alimentação.
Eliminar a biodiversidade também destrói fontes potenciais de substâncias medicamentosas e terapêuticas, além de aumentar a exposição a algumas doenças infecciosas e restringir o desenvolvimento do sistema imunológico humano. Segundo Knox, essas consequências podem violar o direito a vida e a saúde.
Ao acabar com mecanismos naturais de filtragem da água, a perda da diversidade de espécies de plantas e animais também um risco ao direito a água.
“As obrigações dos Estados para manter seus compromissos de direitos humanos incluem o dever de proteger a biodiversidade da qual esses direitos dependem”, alertou Knox.
O especialista afirmou ainda que, além dessa obrigação mais geral, países devem implementar medidas específicas envolvendo a divulgação de informações públicas sobre projetos que afetem a biodiversidade. Outra recomendação é garantir a participação dos cidadãos em processos decisórios. O relator cobra ainda que soluções satisfatórias e efetivas sejam encontradas em casos onde houve, de fato, perda da biodiversidade.
Populações mais vulneráveis
Knox lembrou que, embora a destruição da riqueza biológica afete a todos, as consequências mais duras atingem os que precisam diretamente da natureza para a sua vida cultural e material.
“Mesmo quando devastar florestas ou construir represas trazem benefícios econômicos, esses benefícios são normalmente aproveitados desproporcionalmente pelos que não dependem diretamente do recurso (envolvido) e os custos são impostos desproporcionalmente aos que dependem”, disse o relator.
O especialista acrescentou ainda que a proteção dos direitos de povos indígenas e de outras comunidades dependentes de ecossistemas naturais é, além de uma obrigação de direitos humanos, a melhor maneira para preservar a biodiversidade.
“Sobre isso, são particularmente perturbadoras as ameaças crescentes e a violência contra os que protegem a biodiversidade de caçadores, traficantes e negócios ilegais”, acrescentou Knox, que explicou que os que arriscam suas vidas pela biodiversidade “não são apenas ambientalistas, são também defensores dos direitos humanos”. Para o relator, governos devem se empenhar em proteger ativistas. 

segunda-feira, fevereiro 13, 2017

Conheça o Pycnonemossauro, o dinossauro brasileiro primo do T-rex
Pesquisadores brasileiros descobriram que o exemplar brasileiro é o maior da família Abelisauridae, que inclui dinossauros carnívoros bípedes
Por Julia Moura 13 fev 2017, 10h59
                     
                   Pycnonemosaurus (Rodolfo Nogueira/Prehistoric Factory/Reprodução)
Pycnonemosaurus nevesi, um dinossauro que viveu em uma região que atualmente corresponde ao Mato Grosso, há 70 milhões de anos, é o maior exemplar da família Abelisauridae. Cientistas brasileiros concluíram que a espécie tinha 8,9 metros, da ponta das mandíbulas à ponta da cauda. Com a descoberta, o Pycnonemossauro brasileiro ultrapassa por um metro o dinossauro argentino Carnotaurus sastrei, que os pesquisadores acreditavam que era o maior do grupo dos Abelisauridae.
A pesquisa, publicada recentemente na revista científica Cretaceous Research, foi conduzida pelos brasileiros Orlando Grillo, paleobiólogo e zoólogo do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e Rafael Delcourt, do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (USP). A equipe de cientistas analisou fósseis de 37 dinossauros da família Abelisauridaeque reúne carnívoros bípedes, de fortes membros posteriores e crânios cobertos com sulcos e depressões.
“Há muita confusão nas estimativas do tamanho dos dinossauros, pois os métodos utilizados divergem de um trabalho para outro. Anteriormente, o Pycnonemossauro brasileiro havia sido descrito como um dos menores de seu grupo. Conhecer o tamanho de um dinossauro é importante para nossos estudos, como de paleoecologia e biomecânica”, explica Grillo.
Tamanho dos dinossauros
Segundo o pesquisador, o mais comum é que as espécies descritas pelos cientistas tenham seu tamanho estimado por meio de proporções diretas, feitas com regra de três que comparam os ossos de outros dinossauros. O método é geralmente impreciso, já que as medidas corporais variam bastante entre os animais.
Para uniformizar a dimensão das espécies analisadas no estudo, a equipe comandada por Grillo e Delcourt utilizou um mesmo método em todos os fósseis. Foram feitas regressões lineares baseadas no tamanho das vértebras e tíbia, cujas correlação com o comprimento corporal total é de 95 a 98%. “São valores muito altos, o que indica que o cálculo é muito preciso”, disse Orlando.
Predadores carnívoros
O nome Pycnonemosaurus significa ‘lagarto da mata densa’, em alusão ao Mato Grosso, onde os fósseis da espécie foram encontrados em 1952. O animal, que vivia na Chapada dos Guimarães era tido como o segundo maior dinossauro brasileiro, perdendo apenas para Oxalaia, um terópode de 12 a 14 metros de comprimento que viveu há 95 milhões de anos no lugar que hoje corresponde ao Maranhão.
O Carnotauro argentino, que até então era descrito como o maior desse grupo de dinossauros, com 7,8 metros de comprimento, é conhecido por ser uma das espécies descritas no livro Mundo Perdido, de Michael Crichton, que inspirou o grande vilão de Jurassic World, último filme da série Parque dos Dinossauros, o dinossauro Indominus Rex. Sua aparência é marcante, com chifres no topo da cabeça — mas, em comprimento, como descobriu a equipe brasileira, ele perde em pouco mais de um metro.
A pesquisa também identificou que as espécies da família Abelisauridade cresceram ao longo de sua evolução. A suspeita é que eles tenham acompanhado o aumento de tamanho de suas presas.
“Muitas vezes acontecem evoluções paralelas entre caça e caçador. Se as presas aumentam de tamanho durante a evolução, isso lhes confere maior vantagem por serem mais difíceis de abater. O que acaba favorecendo que predadores maiores sejam selecionados ao longo da evolução. Abelissaurídeos provavelmente se alimentavam de dinossauros saurópodes do grupo Titanosauria que também cresceram durante os anos”, disse Orlando.

terça-feira, janeiro 24, 2017

Wyoming caçadores de neve ameaçam áreas protegidas

Esquiadores Backcountry são convidados a sacrificar pó gira para ajudar a vida selvagem passar o inverno, mas alguns recusam.
Viajar com segurança no backcountry exige um monte de know-how, experiência e tomada de decisão responsável. Mas não é só você e a vida de seus parceiros que são colocados na linha quando você decide fazer algumas voltas de pó desertas.
No backcountry em torno de Jackson Hole, Wyoming, "caçadores de neve" se tornaram um grande problema. Com fome de neve despreocupada e desconsiderado da vida animal, alguns esquiadores e snowboarders levaram-se a áreas restritas do deserto, reservadas como habitats de inverno para animais que lutam para passar o inverno.
Na semana passada, moradores preocupados descobriram um snowboarder fazendo voltas em uma área restrita da Floresta Nacional Bridger-Teton perto de Lower Valley Energy, um negócio ao sul de Jackson, e contatou as autoridades. Foi dado um bilhete de $ 130 e carregado com um misdemeanor, punível por até $ 5.000 e na prisão tempo.
As trilhas vieram acima perto de Jackson apropriado também. Jackson Hole News & Guia  atribui-los a uma lua cheia e céu claro na semana passada, fazendo esqui sob a cobertura da escuridão mais fácil.
Estes habitats protegidos não são nada de novo - eles foram instalados em 1990 - mas este ano tem visto queda de neve mais profunda do que a habitual na área, e as áreas são cruciais para tornar a vida mais fácil para animais não hibernando como alces, alces, E carneiros de veado selvagem. A maioria são escolhidos para a sua virada a sul, o terreno varrido pelo vento, o que torna alimentos, muitas vezes escondido sob o mais fácil de neve para acessar.
Encontros de vida selvagem em aumento de cidade no inverno como animais cabeça para a segurança e facilidade de trilhas e estradas bem cuidadas e arados; Uma instalação perigosa para seres humanos e animais. Ao reservar terras protegidas no inverno, a Floresta Nacional de Bridger-Teton ajuda esses animais a preservar a energia e fazer isso através de invernos difíceis em uma região em constante mudança e cada vez mais desenvolvida.

quarta-feira, novembro 02, 2016

Grupos de animais a China liderando campanha de urso shopping.  
 02 de novembro de 2016
https://www.animalsasia.org/intl/media/news/news-archive/china-animal-groups-leading-mall-bear-campaign.html#.WBmxa4vzBlk.twitter
Cinquenta dos grupos de animais da China estão agora liderando a campanha para Grandview Mall, em Guangzhou para fechar seu aquário e libertar os animais que mantém.
Isso inclui Pizza - um urso polar que fez manchetes em todo o mundo, o que levou mais de um milhão de assinaturas pedindo sua libertação.
Continua a haver uma oferta de Yorkshire Wildlife Park para realojar Pizza . É uma oferta que ainda está para receber uma rejeição oficial apesar da reacção de Grandview tem sido amplamente negativo.
Anteriormente Animals Asia reuniu-se com chefes de Grandview em duas ocasiõespara discutir a possível libertação de Pizza preocupações de bem-estar citando, enquanto sugerindo soluções de curto prazo para melhorar seus cuidados. Como resultado dessas reuniões, Grandview instalados elementos de enriquecimento básicas e uma máquina de neve para ajudar a melhorar as condições de pizza.
oferta de mais assistência Animais da Ásia também permanece aberto, embora o mantemos o urso exige melhores instalações do que nunca pode estar disponível em sua localização atual.
Confusão permanece sobre os planos de Grandview tanto para expandir suas instalações e aumentar o número de animais sob seus cuidados. As críticas de seus padrões de bem-estar animal solicitado sugestões que tinha parado . No entanto, os chefes de Grandview ainda aparecem otimista sobre planos de expansão.
Infelizmente, enquanto Grandview levou grande oposição na China e internacionalmente, parece continuar a ser bem sucedido comercialmente. 
Enquanto a crítica continua na mídia chinesa não parece estar afetando multidões ainda.
Neste contexto, o anúncio público por um consórcio de grupos de bem-estar animal chinês é significativo. 
É importante que os amantes dos animais chineses continuam a ser ouvida sobre as questões de protecção dos animais domésticos.
Enquanto isso urso Pizza tornou-se uma figura de proa para as questões mais amplas de animais a ser utilizado comercialmente na China. Isso inclui equipamentos, tais como centros comerciais, parques temáticos e parques de safári, bem preocupações em curso sobre performances de animais, que estão em curso, apesar de uma proibição.
Animais da Ásia programa Cativo Animal Welfare continua a se concentrar em todos os animais que sofrem dificuldades em todo o país como resultado de pobres instalações e cuidado. Que inclui o apoio a grupos de animais para melhorar a vida e também manter o diálogo diretamente com instalações para animais em cativeiro, a fim de melhorar o atendimento.
Urso Pizza trouxe aumento de análise sobre os projectos em toda a China e é esperado que este foco acabará por torná-los menos palatável para os investidores, planejadores públicos e público em geral.

Grupos de animais a China liderando campanha de urso shopping.  
 02 de novembro de 2016
https://www.animalsasia.org/intl/media/news/news-archive/china-animal-groups-leading-mall-bear-campaign.html#.WBmxa4vzBlk.twitter
Cinquenta dos grupos de animais da China estão agora liderando a campanha para Grandview Mall, em Guangzhou para fechar seu aquário e libertar os animais que mantém.
Isso inclui Pizza - um urso polar que fez manchetes em todo o mundo, o que levou mais de um milhão de assinaturas pedindo sua libertação.
Continua a haver uma oferta de Yorkshire Wildlife Park para realojar Pizza . É uma oferta que ainda está para receber uma rejeição oficial apesar da reacção de Grandview tem sido amplamente negativo.
Anteriormente Animals Asia reuniu-se com chefes de Grandview em duas ocasiõespara discutir a possível libertação de Pizza preocupações de bem-estar citando, enquanto sugerindo soluções de curto prazo para melhorar seus cuidados. Como resultado dessas reuniões, Grandview instalados elementos de enriquecimento básicas e uma máquina de neve para ajudar a melhorar as condições de pizza.
oferta de mais assistência Animais da Ásia também permanece aberto, embora o mantemos o urso exige melhores instalações do que nunca pode estar disponível em sua localização atual.
Confusão permanece sobre os planos de Grandview tanto para expandir suas instalações e aumentar o número de animais sob seus cuidados. As críticas de seus padrões de bem-estar animal solicitado sugestões que tinha parado . No entanto, os chefes de Grandview ainda aparecem otimista sobre planos de expansão.
Infelizmente, enquanto Grandview levou grande oposição na China e internacionalmente, parece continuar a ser bem sucedido comercialmente. 
Enquanto a crítica continua na mídia chinesa não parece estar afetando multidões ainda.
Neste contexto, o anúncio público por um consórcio de grupos de bem-estar animal chinês é significativo. 
É importante que os amantes dos animais chineses continuam a ser ouvida sobre as questões de protecção dos animais domésticos.
Enquanto isso urso Pizza tornou-se uma figura de proa para as questões mais amplas de animais a ser utilizado comercialmente na China. Isso inclui equipamentos, tais como centros comerciais, parques temáticos e parques de safári, bem preocupações em curso sobre performances de animais, que estão em curso, apesar de uma proibição.
Animais da Ásia programa Cativo Animal Welfare continua a se concentrar em todos os animais que sofrem dificuldades em todo o país como resultado de pobres instalações e cuidado. Que inclui o apoio a grupos de animais para melhorar a vida e também manter o diálogo diretamente com instalações para animais em cativeiro, a fim de melhorar o atendimento.
Urso Pizza trouxe aumento de análise sobre os projectos em toda a China e é esperado que este foco acabará por torná-los menos palatável para os investidores, planejadores públicos e público em geral.