terça-feira, abril 28, 2015

Fórum Uberlândia 2100 discute futuro da cidade com lideranças
26 de abril de 2015 08:28
Passada a temporada de trabalho e estudo em Estocolmo, na Suécia, entre janeiro e agosto de 1961, o, então, jovem engenheiro uberlandense Luiz Alberto Garcia retornava à cidade natal para aplicar dentro da empresa de telefonia da família, ainda denominada de Companhia de Telefones do Brasil Central (atual Algar Telecom), os conhecimentos adquiridos no estágio remunerado feito numa das maiores companhias fornecedoras de equipamentos de telecomunicações do mundo, a Ericsson. “Lá na Suécia, a gente conseguiu enxergar o mundo alguns anos à frente. Não só em tecnologia, mas também como organização, porque a Ericsson era exemplar neste aspecto”, afirmou o presidente do Conselho de Administração do Grupo Algar.
Com essa experiência de antever o futuro desde os anos de 1960, já, em 1995, o empresário uberlandense ajudou a criar um grupo de trabalho dentro da própria empresa para prever a Algar de 2100. “Criamos parâmetros bastante sedimentados. Está no trato com as pessoas, em como agir, as nossas crenças, valores e comportamento. Tudo isso baliza como vamos chegar lá na frente… Completamos 20 anos do projeto, que já adquiriu até maioridade. E o objetivo da Unialgar [a universidade corporativa do Grupo Algar] é ser a guardiã desses parâmetros”, disse Garcia. Também será por meio da Unialgar que esse modo de projetar o futuro, gradualmente, neste intervalo de 85 anos, será expandido para planejar a Uberlândia de 2100
Luiz Alberto Garcia fala da visão de futuro que adquiriu quando estagiou na Ericsson, na Suécia (Foto: Cleiton Borges)
Com esse enfoque, Luiz Alberto Garcia é um dos entusiastas da realização do Fórum Uberlândia 2100, cujo objetivo é sensibilizar e conscientizar todos os setores da sociedade local sobre a necessidade de se planejar o futuro da cidade, sobretudo, nos aspectos sociais, ambientais, econômicos e urbanísticos.

O evento, que será realizado na terça-feira (28), na sede da Universidade Algar de Negócios (Unialgar), é organizado pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba (Sinduscon-TAP) e patrocinado pela Algar.
O fórum também faz parte das comemorações pelos 80 anos do empresário uberlandense, que serão completados no dia 3 de maio. “Aqui eu nasci, me casei. Minha mãe [Maria Silva Garcia – 1911-2011] era uberlandense. Me considero um cidadão do mundo, embora seja uberlandense de carteirinha”, disse o caçula de três irmãos do casal Maria Silva Garcia e Alexandrino Garcia (1907-1993). O pai foi fundador do Grupo Algar e nasceu na cidade da Lapa do Lobo, em Portugal.
Empresário se mostra visionário com projetos de melhorias para a cidade
Calçadões com esteiras rolantes no Centro da cidade, semelhantes às de grandes aeroportos do mundo ou de pontos turísticos internacionais como Mônaco, que utilizam o meio de transporte para pedestres se deslocarem de forma mais rápida e confortável. Metrô para agilizar o deslocamento da população e reduzir o já congestionado trânsito uberlandense. Assim como estacionamentos subterrâneos e sob praças públicas com o subsolo concedido para o aproveitamento da iniciativa privada.
Estes são alguns dos exemplos da imaginação visionária do empresário Luiz Alberto Garcia para a sua cidade natal nos próximos 85 anos e que estarão em foco no Fórum Uberlândia 2100, que será realizado na terça-feira (28), na Unialgar, em Uberlândia.
 Soluções urbanísticas para Uberlândia serão discutidas durante evento (Foto: Divulgação) urbanísticas para Uberlândia
“Tenho pensado muito no sistema de transporte, embora a maioria dos urbanistas seja totalmente contra o metrô pelo custo. Eles dizem que os corredores de ônibus são mais práticos e baratos, mas eu discordo. Se levarmos em consideração, que mesmo o metrô não se pagando com bilhete, ele se paga pelo não congestionamento das vias públicas e se paga com o tempo que o trabalhador vai ficar mais disponível em casa para estudar e assistir a família”, afirmou, citando Estocolmo, no período em que residiu na capital sueca que tinha cerca de 700 mil habitantes, ou seja, uma cidade com o mesmo porte de Uberlândia, na época, e que adotou o transporte subterrâneo. “Também havia um medo por causa do contexto da Guerra Fria”, afirmou Garcia.
Outra fronteira a ser explorada nesses passos para o futuro e que o empresário também é entusiasta e investidor é o da geração de energia limpa. “A fotovoltaica já é uma realidade e é só olhar em cima da Algar Tech [onde foram instaladas placas no primeiro data Center verde da América Latina]. Na Algar Agro, vamos começar a cogeração a vapor com biomassa. O combustível é lenha, bagaço de cana. Não ficamos dependentes de outras matrizes e ajudamos o sistema energético”, disse.
Entidades têm cautela sobre previsões em longo prazo
Fontes procuradas pela reportagem do CORREIO de Uberlândia para tentar traçar um panorama da cidade para daqui a 85 anos, em aspectos demográficos, não ousaram fazer previsões. Um dos exemplos é que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) só faz projeções até 2050, já que, a partir daí, a população brasileira tende a decrescer, com mais pessoas morrendo do que crianças nascendo.
Com isso, uma previsão após 2050 sobre aspectos populacionais envolve variáveis imprevisíveis por causa da volatilidade destas mesmas variáveis. “Projeção de população, de renda, isso já sabemos que não vai funcionar nem estaremos aqui para responder a essa projeção. A grande beleza de projetar em longo prazo é não ter a obrigação de responder. Mas pior do que o mau planejamento é não ter planejamento”, disse o empresário Luiz Alberto Garcia.
Atuante na área de tecnologia, este é outro segmento que o empresário do setor não ousaria fazer previsões para os próximos 85 anos. “Impossível de projetar. Mas sabemos que tudo que existe hoje vai ser obsoleto. Disso temos certeza absoluta. Não precisa ser nem em 2100. É daqui a alguns anos.”
Evento vai focar a necessidade de planejamento
O Fórum Uberlândia 2100, evento que será realizado na terça-feira (28), na sede da Unialgar, em Uberlândia, é uma forma de buscar a sensibilização da sociedade para o planejamento do futuro da cidade, com suas demandas sociais, ambientais, econômicas e urbanísticas. Vão participar do evento representantes de diversos segmentos, entre eles, as principais lideranças do G7, que é formado pelos dirigentes da Aciub, CDL, Conselho de Veneráveis, Fiemg, OAB Uberlândia, Sindicato Rural e Sociedade Médica. Um dos palestrantes será o ex-prefeito de Maringá (PR) Silvio Barros. Na cidade paranaense, foi criado um conselho específico para elaborar um planejamento de longo prazo para o município.
Com realização do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba (Sinduscon-TAP) e patrocínio da Algar, o fórum poderá receber outras pessoas interessadas no tema, além das autoridades já convidadas. Quem tiver interesse em participar do evento deve entrar em contato pelo telefone (34) 3236-3163 ou pelo e-mail atendimento.sinduscon@triang.com.br. “Planejar um futuro ainda melhor para as próximas gerações será o nosso legado”, afirmou o presidente do Sinduscon Regional, Panayotes Emmanuel Tsatsakis.
Serviço
O quê: Fórum Uberlândia 2100
Objetivo: conscientizar todos os setores da sociedade sobre a necessidade de se planejar o futuro da cidade nos aspectos sociais, ambientais, econômicos e urbanísticos
Quando: terça-feira (28), às 8h30
Onde: na sede da Universidade Algar (Unialgar)
Programação
§  8h30-9h – Café
§  9h-9h15 – Boas-vindas (Luiz Alberto Garcia, presidente do Conselho de Administração da Algar – patrocinadora do evento)
§  9h15-9h30 – A ideia do Fórum (Efthymios Panayotes Emmanuel Tsatsakis, presidente do Sinduscon-TAP)
§  9h30-9h45 – Ideias Inspiradoras (vídeo com participações de Ricardo Guimarães, especialista em branding (gestão de marcas), do professor José Carlos Teixeira Moreira, presidente do Instituto de Marketing Industrial e do também professor, filósofo e escritor Mario Sergio Cortella)
§  9h45-10h30 – Cidades do futuro (Thomaz Assumpção – Especialista em estudos de logística urbana)
§  10h30-11h – O case da cidade de Freiburg (Cícero Domingos Penha – presidente da Unialgar)
§  11h-11h30 – Café
§  11h30-12h – Cidade para as pessoas (Natália Garcia – jornalista)
§  12h-13h – O case da cidade de Maringá (Silvio Barros, ex-prefeito de Maringá e atual secretário de Planejamento do Estado do Paraná)
§  13h-13h30 – Recrutamento dos voluntários apaixonados (por adesão espontânea)
§  13h30-13h45 – Próximos passos (Efthymios Panayotes Emmanuel Tsatsakis, presidente do Sinduscon-TAP)
§  13h45-14h – Agradecimentos (Luiz Alberto Garcia – patrocinador)
§  14h-16h – Almoço de celebração 

quarta-feira, abril 08, 2015

'Beefalo': o híbrido de vaca e bisão que ameaça o Grand Canyon

3 março 2015
Comportamento considerado "destrutivo" dos 'beefalos' vem causando danos à conhecida reserva natural dos Estados Unidos
Uma estranha criatura híbrida, resultado de uma tentativa fracassada de se criar uma raça metade vaca metade bisão no início do século 20, está causando estragos no Grand Canyon, no sudoeste dos Estados Unidos.

Apelidados de "beefalo", esses animais ─ que atualmente vivem soltos ─ estão se provando uma dor de cabeça tanto para ambientalistas quanto para grupos indígenas, que querem exterminá-los.
Também despertam tanta curiosidade que alguns turistas vêm colocando suas vidas em risco apenas por uma oportunidade para observá-los.
O problema está em seu comportamento considerado "destrutivo": bebem muita água, comem vorazmente, destroem o solo e a vegetação por onde passam.
Estima-se que, na área da reserva natural conhecida como North Rim, vivam cerca de 600 animais dessa espécie.
De acordo com ambientalistas, o "beefalo" pode consumir até 45 litros de água por dia, o que significa que uma manada inteira pode colaborar para baixar consideravelmente o nível de água de um córrego em poucas horas.
Mas esse não é o único dano ambiental que esses animais causam. Também defecam em fontes de água potável e seu peso compacta o solo.
O apetite voraz e o hábito de tomar "banhos de poeira" deixam a terra sem nutrientes, explicam ambientalistas.
Além disso, à medida que sua população cresce, outros animais são obrigados a deixar o local, fazendo com que o ecossistema perca seu equilíbrio natural, acrescentam.
Insetos e plantas exóticas também são afetados com essa mudança.
Destruição
Grand Canyon é considerado uma das sete maravilhas naturais do mundo
Martha Hahn, coordenadora de recursos naturais do Parque Nacional do Grand Canyon, levou a reportagem da BBC a um dos lagos (são sete no total), onde os danos são evidentes.
"Entre 200 e 300 beefalos bebem desta fonte de água e podem acabar com ela muito rapidamente", diz ela.
"Cerca de 80% das nossas plantas e outras espécies dependem de recursos hídricos limitados. Há, no total, provavelmente sete lagos como este no parque e em áreas adjacentes. Sem água, outras espécies serão afetadas", explica ela.
Em um de seus experimentos, Tom Sisk, professor de ciência e política ambiental da Universidade do Norte do Arizona, cercou metade da área de pastagem para estudar os efeitos, mas os "beefalos" a destruíram.
À primeira vista, o potencial destrutivo de uma manada de 600 animais não parece significativo se considerada a extensão do Grand Canyon, mas o impacto dessa espécie se concentra, na verdade, em áreas mais sensíveis.
Os "beefalos" destruíram ruínas de pedra do local, que até hoje é considerado sagrado para muitos grupos indígenas.
População em alta
Logo no início da visita, a reportagem da BBC presenciou centenas desses animais na entrada do parque, ao lado da estrada.
"É incrível. Sinceramente nunca vi tantos juntos em todos os anos que eu trabalhei aqui", disse Sisk.
"Há alguns anos, era comum ouvir histórias sobre o bisão fantasma do Grand Canyon. Por muito tempo, muita gente veio aqui para observar essa criatura. O que estamos vendo agora é um aumento dramático da população de um animal real e potencialmente destrutivo”.
Muitos turistas param para tirar fotos e alguns correm mais riscos do que outros.
"Um acidente ocorre, em média, por dia", diz Hahn. "Se um carro acaba parado entre um bezerro e sua mãe, ela ataca o veículo".
Experiência malsucedida
'Beefalos' vêm causando grandes estragos ambientais no Parque Nacional do Grand Canyon, nos Estados Unidos

A criação dos "beefalos" partiu de um homem chamado Charles "Buffalo" Jones, em 1906.

Naquela época, a população de búfalos - um animal icônico nos Estados Unidos – estava em queda. Jones cruzou, então, os bisões com vacas domésticas para produzir um animal forte, que pudesse ser comercializado.
Quando ele abandonou a ideia, os animais ficaram a cargo dos proprietários dos ranchos onde a espécie era criada. Para controlar o crescimento da população, autoridades locais entregaram licenças de caça limitadas.
Tudo parecia transcorrer sem problemas até o momento em que os "beefalos" entraram no Parque Nacional, onde a caça é proibida e não existem predadores naturais.
O resultado foi um aumento no número desses animais da ordem de 50% ao ano.
Os "beefalos" também se aventuram fora do parque, mas fora da temporada de caça. Hahn acredita que os animais aprenderam a determinar quando o período começa e termina.
Medidas
Por ora, as autoridades locais estão discutindo a melhor maneira sobre o que fazer com os "beefalos".
Enquanto alguns caçadores defendem a ideia de permitir matar os animais, grupos indígenas se opõem à prática por condenarem a morte por esporte.
As opções incluem métodos letais e não-letais, como cercá-los ou dar contraceptivos aos animais.
Mas até o momento, nenhuma das iniciativas se provou bem-sucedida.
Entre as alternativas para reduzir os estragos causados pelos beefalos, houve até quem sugerisse que os indígenas "adotassem" os bisões como animais domésticos, algo que já faz parte de sua tradição cultural.
No entanto, nenhuma ação será implementada até o próximo ano.