quinta-feira, setembro 28, 2023
O início de uma cidade
Publicado em 26/08/2020 às 15:46 - Atualizado em 22/08/2023 às 16:52
Os primeiros moradores
Para reconstruir a trajetória de uma cidade, os historiadores recorrem a diversas fontes, como documentos oficiais, atas da Câmara Municipal, fotografias, relatos orais e até mesmo à imprensa. Também é importante considerar as contribuições de várias áreas do conhecimento para conhecer o nosso passado. Por esses motivos, o Comunica UFU conversou com os professores Jean Neves Abreu, do Instituto de História da Universidade Federal de Uberlândia (Inhis/UFU), e Beatriz Ribeiro Soares, do Instituto de Geografia (IG/UFU), sobre a formação e o desenvolvimento urbano da cidade.
Segundo o Atlas Educacional de Uberlândia, os primeiros indícios de ocupação urbana da cidade correspondem aos indígenas do grupo étnico Caiapós. A primeira pessoa de origem europeia a conhecer a região foi o bandeirante Bartolomeu Bueno da Silva Filho, de acordo com Neves. O historiador complementa que paira sobre o imaginário social a figura dos bandeirantes como “heróis” nacionais e desbravadores, porém, essa percepção gera muitos debates e revisões nos estudos sobre a história nacional.
“A mitologia em torno dos bandeirantes está presente em livros como Vida e morte do bandeirante, de Alcântara Machado, em 1929. Este livro foi apropriado como obra que enaltece um determinado passado da história paulista. Porém, é interessante observar que outras publicações foram desconstruindo essa imagem, a exemplo de Caminhos e Fronteiras, de Sérgio Buarque de Holanda, e vários estudos publicados que procuraram desmistificar a imagem de heróis e desbravadores atribuída a esses indivíduos”, explica.
Essa interação entre os indígenas e os bandeirantes pode parecer ter sido totalmente pacífica. Entretanto, Neves ressalta que as populações que deram origem a São Pedro de Uberabinha (futura Uberlândia) “colaboraram no desenvolvimento das relações com outras regiões, mas também tiveram um impacto sobre as populações indígenas e também quilombolas. Impactos culturais e sociais na desarticulação de seus modos de vida, hibridismos de forma de vida, além de impactos na dizimação dessa população.”
Manter a memória dos povos indígenas da região de Uberlândia requer esforços. É por isso que a Universidade Federal de Uberlândia mantém o Museu do Índio - criado em 1987. Apesar das visitações presenciais estarem suspensas, você pode conferir a história indígena de Uberlândia por meio dos vídeos do canal do museu no YOUTUBE .
A constituição de Uberlândia
Uberlândia está situada na região de planejamento do estado Triângulo Mineiro. Essa área, então conhecida como ‘sertão da farinha podre’, pertenceu à província de Goiás até o ano 1816, quando o Triângulo foi incorporado a Minas Gerais. No ano seguinte, 1817, as primeiras posses de terra começaram a acontecer.
De acordo com o Atlas Educacional, em 31 de agosto de 1888, São Pedro de Uberabinha passou a ser um município, com duas ocorrências históricas importantes para o desenvolvimento da cidade: a criação da 1ª Câmara Municipal, em 1892, e a construção de uma ferrovia pela companhia Mogiana para fazer ligações com as cidades mais desenvolvidas. Em 1929, por meio de um plebiscito, o nome do município passou a ser Uberlândia, que significa ‘Terra Fértil’.
“O contato entre a antiga região de Uberlândia e os estados de São Paulo e Goiás foi estabelecido nas rotas abertas desde os séculos XVIII e XIX. Além disso, a estrada de ferro Mogiana (que se estendeu por aqui em 1895) colaborou também para comércio regional e entre São Paulo e Uberlândia. No início do século XX é que as rodovias assumiram uma fundamental importância para a região. Essa 'opção' pelo transporte rodoviário, feita por Uberlândia, veio garantir sua inserção comercial, já que não era 'ponta de linha' da Mogiana”, explica Neves.
A docente Soares graduou-se em Geografia pela UFU, no ano de 1974, e pesquisou os projetos urbanísticos e planos diretores de Uberlândia no mestrado e doutorado na Universidade de São Paulo (USP). Ela afirma que a cidade teve vários planos diretores e o primeiro veio em 1905, para o planejamento das cinco avenidas principais: Cipriano Del Favero, João Pinheiro, Floriano Peixoto, Afonso Pena e Cesário Alvim. Da próxima vez que você passar por alguma dessas avenidas, lembre-se: elas foram inspiradas pelo urbanista francês Haussmann, que remodelou o projeto urbano de Paris.
“Quando eu ainda estudava esses primeiros planos diretores, que foram o tema da minha tese de doutorado, vi que muita coisa ainda estava sendo construída no final dos anos 90. Por exemplo, a área cultural projetada por volta de 1954 tornou-se o próprio Teatro Municipal de Uberlândia posteriormente.”
A geógrafa também ressalta que as características físicas da região favoreceram para a expansão, uma vez que o sítio urbano é mais plano, sem uma barreira física como uma montanha, por exemplo. Também cabe destacar que o processo de urbanização da cidade contribuiu para o distanciamento de certas populações do centro da cidade, com a construção de conjuntos de casas populares distantes do centro.
Inevitavelmente, uma tendência para o espaço urbano uberlandense é o policentrismo: se você visitar os bairros Santa Luzia e Luizote, vai perceber que há avenidas com comércio variados, áreas de lazer e até centros médicos. A professora acredita que a descentralização da cidade pode acontecer com bairros como Pequis e Monte Hebron.
Política de uso: A reprodução de textos, fotografias e outros conteúdos publicados pela Diretoria de Comunicação Social da Universidade Federal de Uberlândia (Dirco/UFU) é livre; porém, solicitamos que seja(m) citado(s) o(s) autor(es) e o Portal Comunica UFU.
Palavras-chave: Uberlândia história Cidade
segunda-feira, setembro 11, 2023
A natureza de Uberlândia
O meio ambiente é uma parte fundamental para o desenvolvimento das cidades. Por isso, a Universidade Federal de Uberlândia (UFU) tem diversos cursos para a formação de profissionais que atuam no meio ambiente, PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO para investigar e solucionar problemas ambientais por meio das pesquisas, museus e projetos de educação ambiental.
Cachoeira de Miné, próxima ao Distrito de Martinésia. (Foto: Angá)De acordo com o ATLAS ESCOLAR DE UBERLÂNDIA, as três bacias hidrográficas (região de drenagem de um rio e dos afluentes) presentes no município são as dos rios: Araguari, Tijuco e Uberabinha. Na área urbana, a última é predominante, conforme a imagem abaixo mostra:
A Associação para a Gestão Socioambiental do Triângulo Mineiro (Angá) realizou, de 2013 a 2015, um amplo estudo referente ao DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO UBERABINH. De acordo com a associação, o estudo foi realizado com o apoio da UFU e teve como objetivo “fornecer subsídios para a conservação, preservação e recuperação de ambientes naturais presentes na bacia e, a partir dos resultados, orientar na proposição de políticas públicas que visem à sustentabilidade da diversidade biológica e dos recursos hídricos.”
“É uma região muito importante para a conservação das aves. Temos um tesouro”, afirma o biólogo Gustavo Bernardino Malacco da Silva, presidente da Angá. No levantamento, os ambientalistas verificaram a presença de espécies endêmicas do Cerrado na região de Uberlândia, como o bacurau-de-rabo-branco (Hydropsalis candicans), e outras aves que migram da Região Sul para escapar do frio.
O relatório destaca alguns motivos de ameaça para os seres vivos da bacia do Rio Uberabinha: “Perda e fragmentação de habitat pela substituição das formações naturais para implantação de empreendimentos hidrelétricos, destruição de áreas úmidas por drenagem ou atividades minerárias, incêndios criminosos, urbanização, degradação de habitat por pastejo e pisoteio pelo gado, perseguição e caça, captura para criação em cativeiro ou comércio de fauna, sobre-exploração e contaminação biológica.”
A professora Rosana Romero, docente do Instituto de Biologia da UFU, explica que no Triângulo Mineiro há duas unidades de conservação estaduais: o Parque Estadual do Pau Furado e o Refúgio de Vida Silvestre dos rios Tijuco e da Prata. Em Uberlândia, existe a Estação Ecológica do Panga e a Reserva Ecológica do Clube Caça e Pesca Itororó de Uberlândia.
No dia a dia urbano, vivemos em um ambiente estressante e que pode ser poluído. É por isso que as áreas verdes são tão importantes para dar um ‘respiro’ da selva de pedra e, como consequência, promovem melhoria na qualidade de vida. Além disso, esses espaços filtram a radiação solar, absorvem parte da poluição gerada por carros e indústrias e são importantes para a infiltração das águas das chuvas.
Rosana Romero: ‘As queimadas na região de Uberlândia acarretam uma diminuição drástica da biodiversidade a cada ano que passa, não havendo tempo para a vegetação se recompor’.Para impedir a degradação ambiental, a Angá recomenda ações pautadas em pesquisa, licenciamento ambiental e fiscalização, políticas públicas, conservação e educação ambiental. Nesta última, a Universidade Federal de Uberlândia se destaca pelo MUSEU DA BIODIVERSIDADE DO CERRADO, que detém um amplo acervo da biodiversidade do bioma disponível para visitação, além do oferecimento de cursos e palestras que visam à educação para a preservação.
“Políticas de conservação [em Uberlândia] podem melhorar. Os primeiros passos são: estimular a economia verde e recuperar áreas degradadas, principalmente nas áreas de preservação permanente. O município deve se comprometer com o Plano Municipal de Meio Ambiente definindo as áreas que não podem ser desmatadas, criar corredores ecológicos, criar unidades de conservação”, avalia Malacco.
A professora Romero concorda: “O governo local deveria incentivar e ampliar a criação de praças e jardins e facilitar a criação de novas reservas e áreas de proteção ambiental (APAs), uma vez que o entorno de nossa cidade é bastante alterado devido à exploração agrícola.”
Rio Uberabinha. (Foto: Angá)Política de uso: A reprodução de textos, fotografias e outros conteúdos publicados pela Diretoria de Comunicação Social da Universidade Federal de Uberlândia (Dirco/UFU) é livre; porém, solicitamos que seja(m) citado(s) o(s) autor(es) e o Portal Comunica UFU.
Palavras-chave: Uberlândia natureza pesquisa
sábado, março 04, 2023
Novo Panorama Ambiental Global da ONU alerta: sobrevivência na Terra está ameaçada
O cenário não é dos melhores, por isso, ações efetivas e com grande adesão mundial se fazem necessárias
- Post category:Atualidades / Jornal da USP no Ar 1ª edição / Rádio USP
- https://jornal.usp.br/?p=229464

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As consequências dessa forma de vida que foi assumida ao longo de anos já foram constatadas em diversos estudos. O derretimento do gelo contido no Oceano Ártico é um exemplo. O relatório da ONU cita o aumento das temperaturas na superfície polar como a causa do fenômeno e ainda aponta como decorrência dele a alteração dos padrões climáticos, uma vez que o aumento dos níveis oceânicos pode interferir na dinâmica das correntes marinhas. Serão afetados pela transformação do clima os animais vertebrados, inclusive os terrestres.
Assim, a documento mostra que houve uma queda bem significativa no índice global da vida no planeta. Essa diminuição envolve também vários outros fatores, como o desmatamento e a caça, mas a informação mostra como os vários ecossistemas estão conectados.
Pela interligação dos ecossistemas, o ser humano acaba se tornando outra vítima de suas próprias ações, seja de um modo direto ou indireto. Dados que constam no documento mostram a elevação, ao longo dos anos, da ocorrência de terremotos, tornados, deslizamentos de terra e outros fenômenos naturais que causam perdas para a sociedade. Isto é, os impactos desse processo na vida humana estão cada vez mais notáveis.
O GEO-6 analisa quão efetivas estão sendo as políticas de inovação e abordagens do governo que visam a diminuir os problemas ambientais. A análise da ONU é otimista, concluindo que essas medidas funcionam sim, apesar de demandar certos ajustes, e cita os acordos multilaterais como colaboradores para o aprendizado entre os países.
No final do relatório, a Organização das Nações Unidas indica a integração entre os setores de elaboração de políticas, incluindo agricultura, turismo, indústria, transporte e outros, além de investimento em estudos e sistemas de conhecimento (dados, indicadores, avaliações etc.) para possibilitar medidas mais efetivas e que possam ser aplicadas em mais lugares. Tais ações, certamente, demandariam mudanças nas preferências de consumo e responsabilidade corporativa, mostrando que as saídas existem. E que levarão, além da salvação dos ecossistemas, à promoção da saúde humana e sua prosperidade.
O Jornal da USP no Ar, veiculado pela Rádio USP, repercutiu o lançamento do GEO-6 com o professor Paulo Artaxo, do Instituto de Física da USP, coordenador científico do Painel GEO-6 da ONU, e com Paulo Saldiva – professor da Faculdade de Medicina e diretor do Instituto de Estudos Avançados da USP – para comentar o conteúdo do relatório, onde ressaltam e explicam a importância do documento. Confira:
Paulo Artaxo, professor do Instituto de Física da USP e coordenador científico do Painel GEO-6 da ONU
Paulo Saldiva, professor da Faculdade de Medicina e diretor do Instituto de Estudos Avançados da USP
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