segunda-feira, abril 02, 2018

O impacto destruidor do aquecimento global no Alasca
Vilarejos inteiros precisarão ser realojados por conta do derretimento do permafrost
Sara Goudarzi    26.mar.2018 às 17h28                                                                                                                                   Vladimir Romanovsky atravessa a densa floresta de coníferas com facilidade. Não para ou diminui o passo nem sequer para se equilibrar diante do musgo macio que cobre o permafrost —superfície que permanece congelada nas regiões polares
https://www1.folha.uol.com.br/ambiente/2018/03/o-impacto-destruidor-do-aquecimento-global-no-alasca.shtml  
À medida que o vilarejo de Kwigillingok descongela, a infraestrutura está desmoronando – Alamy 
É um dia quente de julho, e o cientista está procurando uma caixa que ele e sua equipe deixaram no solo. Ela está escondida cerca de dez quilômetros ao norte do Instituto de Geofísica da Universidade do Alasca, em Fairbanks, onde Romanovsky é professor de geofísica e responsável pelo Laboratório de Permafrost.
O recipiente, coberto por galhos de árvores, contém um coletor de dados conectado a um termômetro, instalado abaixo do solo para medir a temperatura do permafrost em diferentes profundidades.
O permafrost é qualquer material terrestre que permaneça a 0°C ou abaixo dessa temperatura por pelo menos dois anos consecutivos.
Vladimir Romanovsky coleta registros de temperatura abaixo do solo da floresta - Anthony Rhoades            
Romanovsky conecta então seu laptop ao coletor de dados para transferir os registros de temperatura desta localidade, chamada Goldstream 3, que mais tarde serão adicionados a um banco de dados online, acessível tanto para cientistas quanto para qualquer pessoa interessada.
"O permafrost é definido com base na temperatura. Esse é o parâmetro que caracteriza a sua estabilidade", explica o professor.
Quando a temperatura do permafrost é inferior a 0°C, por exemplo, -6°C, ele é considerado estável, o que significa que vai demorar muito para mudar ou descongelar. Já se está perto de 0°C, é classificado como vulnerável.
Todo verão, a porção de solo que cobre o permafrost, chamada de camada ativa, derrete —e congela de novo no inverno seguinte.
Em Goldstream 3, naquele dia de julho (verão no hemisfério norte), o derretimento chegava a 50 cm de profundidade.
Solo escuro indica a presença de carbono orgânico acumulado - Anthony Rhoades                                                              
À medida que a Terra aquece e as temperaturas aumentam no verão, o degelo está se expandindo e ficando mais profundo, fazendo com que o permafrost fique menos estável.
Se o derretimento continuar, haverá consequências profundas para o Alasca e para o mundo. Cerca de 90% do estado é coberto por permafrost, o que significa que vilarejos inteiros precisarão ser realojados, conforme as fundações dos edifícios e as estradas desmoronarem.
E se o permafrost liberar o carbono acumulado e retido há milênios dentro dele, poderá acelerar o aquecimento do planeta —muito além da nossa capacidade de controlá-lo.
ESTADO DE VULNERABILIDADE
À medida que o permafrost derrete, casas, estradas, aeroportos e outras infraestruturas construídas sobre o solo congelado podem rachar e até mesmo ruir.
"Estamos vendo mais serviços de manutenção em estradas que passam sobre o permafrost", diz Jeff Currey, engenheiro de materiais do Departamento de Transportes Públicos do Alasca.
"Um dos nossos superintendentes de manutenção contou recentemente que sua equipe está tendo que remendar certos trechos das rodovias com mais frequência do que há 10 ou 20 anos."
Da mesma forma, as infraestruturas construídas no subsolo —para atender os serviços de utilidade pública, por exemplo— estão sendo afetadas, conforme as temperaturas aumentam.
"Em Point Lay, na costa noroeste do Alasca, por exemplo, eles estão tendo todos os tipos de problema com as redes de água e esgoto no solo de permafrost", afirma William Schnabel, diretor do Centro de Pesquisa de Água e Meio Ambiente da Universidade do Alasca.
Leituras feitas a partir de sensores no solo indicam mudanças significativas em andamento - Anthony Rhoades              
A preocupação é ainda maior para aqueles que vivem em áreas rurais, que não dispõem de fundos suficientes para combater os efeitos do derretimento do permafrost.
Para esses moradores, não são apenas os edifícios que estão ruindo, o que é comum agora, mas também o abastecimento de água.
Muitas vezes, quando o permafrost derrete ao lado de um lago usado por um vilarejo como fonte de água, há uma fenda e ocorre um dreno lateral.
"Geralmente, é necessária uma infraestrutura bem cara para tirar água de um lago, levar para uma vila e armazená-la. E todos os componentes desta infraestrutura são vulneráveis ao degelo do permafrost", diz Romanovsky.
Permafrost é qualquer solo que permaneça congelado a 0°C ou menos por pelo menos dois anos consecutivos – Alamy                   
Se um vilarejo depende de um lago afetado para conseguir água, os membros da comunidade têm de levar sua infraestrutura e, às vezes, a vila inteira para outro lago, o que pode custar muito dinheiro.
De acordo com uma análise realizada pelo órgão de pesquisas geológicas americano US Geological Survey, aldeias como Kivalina, no noroeste do Alasca, terão que se mudar nos próximos dez anos.
"Mas estimativas sugerem que o custo desta mudança seria de cerca de US$ 200 milhões por cada vila de 300 pessoas", explica Romanovsky.
Chegar a uma quantia como essa só seria possível com o financiamento do governo federal —mas não há garantias de que uma nova localização também não seria afetada.
"Acredito que agora existam 70 vilas que realmente precisam ser realojadas em decorrência do derretimento do permafrost", avalia.
"Mas transferir os vilarejos para outra área no permafrost é muito difícil de garantir por uns 30 anos. E o governo federal não quer pagar por algo que precisará pagar novamente."
Vladimir Romanovsky no Laboratório de Permafrost, da Universidade do Alasca, em Fairbanks - Anthony Rhoades             
Além disso, é possível que a construção de assentamentos no permafrost também possa agravar o problema no Alasca.
"Quando você pensa em água e esgoto, você precisa mantê-los sem congelar. E, no caso do permafrost, você tem que mantê-lo congelado", diz Schnabel.
"Ou seja, vai correr água relativamente quente pelo permafrost e haverá alguma dissipação de calor lá."
Do mesmo jeito, quando uma estrada é construída, parte da vegetação que cobre o permafrost é removida para que a rodovia seja pavimentada com asfalto, o que aumenta a quantidade de radiação solar absorvida.
Por isso, embora os serviços de manutenção tenham aumentado, nem todos os problemas relacionados à infraestrutura podem ser atribuídos à mudança climática.
FREEZER CHEIO DE CARBONO
O Alasca, está, sem dúvida na linha de frente das mudanças climáticas, mas as questões relacionadas ao permafrost vão além da "última fronteira selvagem", como é conhecido. O derretimento do material afetará outros 48 estados americanos, localizados abaixo dele, assim como todo o planeta.
De acordo com Romanovsky, metade do estado e 90% do permafrost do interior do Alasca vão descongelar se houver um aumento médio global de 2°C na temperatura.
Isso é especialmente preocupante porque uma enorme quantidade de carbono orgânico é sequestrada no permafrost e na camada ativa que se sobrepõe a ele.
Uma vez que não há calor suficiente no solo congelado para ajudar os micro-organismos a decompor a vegetação morta, a matéria orgânica foi se acumulando durante milhares de anos no permafrost.
Algumas análises estimam que a quantidade de carbono no permafrost equivale a mais de duas vezes a de dióxido de carbono na atmosfera.
"Se mantivermos o curso atual, é bem provável que até 2100 uma parte significativa do permafrost, nos cinco metros superiores, descongele. E, com ele, toda a matéria orgânica que está atualmente retida ali", diz Kevin Schaefer, pesquisador do National Snow and Ice Data Center da Universidade do Colorado.
No Parque Nacional Denali, o aumento da temperatura começou a afetar a vida selvagem - Anthony Rhoades                         
"Isso significaria uma liberação de dióxido de carbono e metano, que aumentaria o aquecimento devido à queima de combustíveis fósseis."
Em artigo publicado em 2012 na revista científica Nature, Schaefer e seus colegas sugerem que os eventos de aquecimento súbito ocorridos anteriormente foram essencialmente desencadeados pela liberação de dióxido de carbono e metano do permafrost há cerca de 50 milhões de anos na Antártida.
E as projeções não parecem otimistas: "Teoricamente, se esse carbono for liberado para a atmosfera, a quantidade de CO2 será três vezes maior do que a que está lá [na atmosfera] agora", diz Romanovsky.
Desta forma, há uma genuína retroalimentação, uma vez que aquecimento aumenta em decorrência da queima de combustíveis fósseis.
Mas, apesar do fato de o aquecimento estar acelerando, os efeitos da retroalimentação serão graduais, levando tempo para serem sentidos.
"É um feedback muito lento", diz Schaefer.
"Imagine tentar conduzir um navio a vapor com o remo de uma canoa, esse é o tipo de feedback que estamos falando", compara.
Infelizmente, uma vez que o permafrost começa a derreter, é difícil congelá-lo novamente —pelo menos enquanto estivermos vivos. Além disso, a partir do momento que material sai do solo e vai para a atmosfera, não existe uma maneira fácil de enviar esse carbono de volta ao chão.
"A única maneira de fazer isso seria baixar a temperatura global e congelar de novo o permafrost, o que significaria que você estaria removendo o dióxido de carbono da atmosfera", diz Schaefer.
Segundo Romanovsky, os modelos climáticos mostram que os atuais compromissos intergovernamentais para reduzir o aquecimento global —conforme estabelecido no Acordo de Paris— podem não ser suficientes.
Em artigo publicado em 2016 na revista Nature Climate Change, a pesquisadora Sarah Chadburn e seus colegas estimam que, mesmo que o clima fosse estabilizado, conforme acordado pelos 196 países em 2015, "a área de permafrost seria eventualmente reduzida em mais de 40%".
No entanto, após o anúncio do presidente Donald Trump de retirar os Estados Unidos do Acordo de Paris, em junho do ano passado, é de se esperar uma perda ainda maior de permafrost no horizonte.
O JOGO DE CULPA
O Alasca é um estado conservador politicamente, então quem está de fora pode supor que seus moradores rejeitam a ideia do aquecimento global. Mas a realidade é mais complexa.
Uma pesquisa realizada no início deste ano pelo Alaska Dispatch News, com um total de 750 participantes, mostrou que mais de 70% da população local está preocupada com os efeitos da mudança climática.
"No Alasca, a quem você perguntar, vai responder 'sim, há aquecimento'", afirma Romanovsky.
"Quanto mais para o norte você for, especialmente no noroeste, mais forte é esse sentimento. Porque está acontecendo, você consegue ver. Claro, a questão sobre de quem é a responsabilidade depende das crenças políticas."
No Parque Nacional Denali, a guarda florestal Anna Moore testemunhou como o aquecimento pode afetar em pouco tempo a vida selvagem.
Ela reparou que a lebre do ártico, que muda a cor da pele de acordo com as estações do ano para se camuflar, parece não estar acompanhando mais as mudanças, como resultado do aumento da temperatura, o que a deixa mais exposta a predadores.
A lebre do ártico está tendo dificuldade para se camuflar, conforme a neve derrete - Getty Images                                                 
"No inverno, eles ficam brancos", diz Moore.
"À medida que está ficando mais quente, a neve está derretendo mais rápido, mas seus corpos são aclimatados a certas mudanças de temperatura e, portanto, mesmo que a neve já esteja derretendo, eles continuam brancos —e correndo perigo por causa dos predadores."
Moore acrescenta que, apesar de acreditar nas mudanças climáticas e estar observando seus efeitos na fauna e flora do parque, ela considera isso um resultado tanto das atividades humanas quanto de um ciclo natural.
Ashley Tench, sua colega, compartilha o mesmo sentimento: "Eu concordo com ela [em] como isso é em parte feito pelo homem, mas é também natural".
Por isso, Tench não acredita que a saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris faça diferença no clima.
Mas nem todo mundo no Alasca tem essa opinião. Para Bill Beaudoin, mergulhador e educador aposentado, que agora é proprietário de uma pensão em Fairbanks, é óbvio que os humanos são culpados e que devemos trabalhar para reverter os efeitos de nossas ações.
"Acredito que o Acordo de Paris era necessário ", diz ele.
"Na verdade, eu não achava [que era] suficiente. Há um país, a Nicarágua, que não assinou o acordo porque achou que não era forte o suficiente. Eu ficaria provavelmente ao lado da Nicarágua nesta questão", acrescenta.
O Acordo de Paris era necessário. Na verdade, eu não achava (que era) suficiente, afirma Bill Beaudoin, morador do Alasca - Anthony Rhoades                                                                                                                                                                                                    
Mas não importa quem seja o culpado pelo aquecimento e o consequente derretimento do permafrost. A população do Alasca está, em sua maioria, preocupada com seu futuro.
"As pessoas estão preocupadas, porque, claro, não existe seguro para derretimento do permafrost", diz Romanovsky.
"Os seguros não estão cobrindo os danos causados pelo permafrost, assim como por terremotos na Califórnia."
EM BUSCA DO CARBONO
De volta a Goldstream 3, Romanovsky observou que a 50 cm de profundidade, a temperatura do solo era de -0,04°C. Em um metro, chegava a -0,23 °C.
Na última vez que tinha verificado os dados, em março, a temperatura a um metro do solo era de -1,1°C.
Ele pega sua pá e faz um buraco no chão para observar o solo e checar se há presença de carbono. A superfície mais escura indica carbono orgânico acumulado.
Quanto mais ele cava, mais frio fica o solo. Ele escava tanto até que sua pá toca o permafrost —e aparentemente ele não pode ir além.
Pesquisadores do Instituto Geofísico da Universidade do Alasca estão monitorando mudanças de temperatura no longo prazo - Anthony Rhoades                                                                                                                                                                            
Romanovsky força um pouco mais e consegue desenterrar um pedaço do permafrost —do tamanho de uma pequena moeda. Segundos após segurar o solo congelado entre os dedos, ele derrete como se fosse um cubo de gelo.
Ele devolve a terra removida de volta ao buraco, desconecta seu laptop do coletor de dados, fecha a caixa, cobre novamente com galhos de árvore e se prepara para voltar.
Em uma semana, ele vai se deslocar para o norte do estado para registrar a temperatura em outras áreas, acrescentando mais informações a uma das bases de dados de permafrost mais abrangentes do mundo.
Enquanto isso, pouco a pouco, o Alasca vai derretendo —e o que vem pela frente não se sabe. O certo é que o grande degelo mudará para sempre a paisagem como é hoje —e provavelmente o planeta e seus habitantes.

quinta-feira, fevereiro 01, 2018

Com mudança do clima, urso polar gasta mais energia e come menos
Animais foram acompanhados no Ártico com GPS e câmeras
Urso polar que participou de pesquisa usa coleira com GPS e câmera em imagem divulgada pelo serviço geológico dos EUA no mar de Beaufort, no Ártido - Associated Press
SÃO PAULO
Ursos polares equipados com câmeras e aparelhos de GPS acoplados a uma coleira no pescoço revelaram que, com as mudanças climáticas, estão gastando mais energia do que consomem durante a alta da temporada de caça. 
Os animais contam basicamente com uma dieta rica em focas, caçadas na superfície do gelo. O problema é que a abundância de gelo no Ártico está caindo a uma taxa de 14% por década e reduzindo o acesso dos ursos às presas. 
Nos meses de abril de 2014, 2015 e 2016, pesquisadores americanos capturaram nove fêmeas no mar de Beaufort, no norte do Alasca,  para rastrear seu gasto energético, analisar amostras de sangue e urina e acompanhar sua atividade diurna com GPS e vídeos gravadas pelas câmeras. 
Os resultados, publicados nesta quinta na revista científica "Science", apontam que o metabolismo dos ursos polares é 1,6 maior do que o que se pensava; quatro das ursas acompanhadas perderam 10% ou mais de sua massa corporal durante o período de acompanhamento de 8 a 11 dias. 

terça-feira, janeiro 30, 2018

Araras são 'despertadores' no Pantanal, uma das regiões mais selvagens do mundo                           
MARINA CONSIGLIO
ENVIADA ESPECIAL A MIRANDA (MS)
27/01/2018 17h00
Ainda não são 6h da manhã, e você desperta com uma orquestra de cantos dos mais variados pássaros. Ainda sonolento, tenta conferir se de fato o dia nasceu. Abre lentamente a cortina da janela e, para sua surpresa, os raios solares estão apenas começando a vir à tona. A menos de cinco passos dali, um jacaré assiste incólume ao espetáculo.
Quando de fato o dia mostra a cara, um casal de araras-azuis risca o céu em voo. As aves, que já estiveram em extinção no Brasil até 2015, ajudam a transformar o Pantanal sul-matogrossense num dos maiores santuários de riquezas naturais da Terra. 
Viaja sãopaulo - Pantanal 

Araras-azuis no Pantanal Por: Araquém Alcântara 2018-01-26 17:38:08                                                                Para manter o colorido do céu com essas aves, um projeto tenta preservá-las em seu ambiente natural. Desde 1990, um grupo de sete pessoas, coordenado pela bióloga Neiva Guedes, monitora as aves, cadastra os animais e instala ninhos artificiais. Foi assim que nasceu o Arara Azul.
Em 1998, o projeto fixou-se no Refúgio Ecológico Caiman, em Miranda (a 236 km de Campo Grande). Ali, flora e fauna pantaneiras convivem harmoniosamente com o homem.
Com a iniciativa, é possível não apenas admirar as aves nos céus, mas dá também para visitar os ninhos e conhecer os filhotes, que têm cheiro de leite de coco.
O espaço, dedicado ao ecoturismo, abriga outros projetos de conservação: o Papagaio-Verdadeiro, que pesquisa o animal para propor ações de proteção, e o Onçafari, que monitora a presença do predador pela mata, aumentando as chances de observá-lo.
REFÚGIO
No finzinho da tarde, a sinfonia de passarinhos está de volta. É como se eles se despedissem do dia, num anúncio para o que virá à noite. Em veículos adaptados, a turma do Refúgio promove a observação noturna dos bichos.
Os pássaros vistos durante o dia dão lugar a mamíferos de maior porte, como antas, tamanduás e jaguatiricas. Binóculos e lanternas se fazem necessários. As luzes lançadas pelos guias mostram também que os solitários jacarés descansam nas áreas alagadas, enquanto aguardam o raiar do sol para mais um dia, que será espetacular.
A jornalista viajou a convite da Fundação Toyota do Brasil.
*
PROJETO ARARA AZUL
Em atividade na região do Pantanal sul-matogrossense desde 1990, o Projeto Arara Azul realiza o manejo e a conservação da ave em seu ambiente natural. Para isso, uma equipe de sete pessoas coordenadas pela bióloga Neiva Guedes acompanha essa espécie na natureza, monitora e instala ninhos artificiais numa área de 400 mil hectares.

Além do trabalho de campo, o projeto promove o turismo de observação das aves e o envolvimento da comunidade em atividades de educação ambiental com crianças, peões e fazendeiros. A arara-azul saiu oficialmente da lista de animais em risco de extinção no Brasil em 2015. Na última contagem, feita em 2008, foram registradas cerca de 5.000 aves
                               Grupo de Trinta-réis Por: Lalo de AlmeidaFolhapress 2018-01-26 17:38:08
                                           Casal de araras-azuis Por: Rafael Munhoz/Divulgação 2018-01-26 17:38:08
              Jacaré Caiman: animal dá nome a refúgio ecológico Por: Cristina Vilares/Divulgação 2018-01-26 17:38:08
Tuiuiú em área alagada no Pantanal Por: Cristina Vilares/Divulgação 2018-01-26 17:38:08
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quinta-feira, janeiro 18, 2018

Dinossauro 'arco-íris' chinês tinha penas como as de beija-flores  https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=14852578#editor/target=post;postID=8219862386362526798 
Representação de como seria o dinossauro Caihong
WILL DUNHAM DA REUTERS, EM WASHINGTON   18/01/2018  02h00
Cientistas anunciaram na segunda (15) a descoberta de um dinossauro do tamanho de uma gralha e semelhante a um pássaro, com penas iridescentes, que viveu há 161 milhões de anos, no período Jurássico, na China.
Os cientistas deram ao dino o nome Caihong, que significa arco-íris em mandarim.
Estruturas microscópicas no fóssil, bem preservado e quase completo, escavado na província de Hebei, indicam que ele dispunha de penas iridescentes, especialmente na cabeça, peito e pescoço, com cores que oscilavam e mudavam dependendo da luz, como ocorre nos beija-flores.
A descoberta "indica que o mundo Jurássico talvez tenha sido mais colorido do que imaginávamos anteriormente", disse Chad Eliason, biólogo evolutivo do Museu Field de História Natural, em Chicago, nos EUA, e um dos pesquisadores envolvidos no estudo publicado na revista "Nature Communications".
Usando microscópios, os cientistas detectaram nas penas resíduos de organelas chamadas melanossomas, responsáveis pela pigmentação. A forma dos melanossomas determina sua cor. As penas de Caihong tinham melanossomas em forma de panqueca, semelhantes aos dos beija-flores de penas iridescentes.
Embora o animal tenha muitas características em comum com os pássaros, os pesquisadores duvidam que pudesse voar. A plumagem talvez servisse para atrair parceiros e para fornecer isolamento térmico.

Caihong juji, nome científico que significa "arco-íris com grande crista", provavelmente caçava pequenos mamíferos e lagartos. O dino era um predador bípede com crânio semelhante ao de um velociraptor e dentes afiados. Ele tinha cristas por sobre os olhos que se assemelhavam a sobrancelhas ósseas.
Muitos dinossauros tinham penas. Os pássaros evoluíram de pequenos dinossauros plumados, perto do final do Jurássico.
Caihong tinha tanto plumas quanto penas penáceas, como as usadas para escrita. Ele é o exemplar mais antigo de criatura com penas assimétricas já identificado, um traço que os pássaros empregam para mudar de direção quando em voo. As penas penáceas de Caihong ficavam na cauda, sugerindo que penas de cauda e não penas nos braços foram usadas inicialmente para locomoção aerodinâmica.
"É bem parecido com alguns dos primeiros pássaros, como o arqueoptérix", disse o paleontologista Xing Ju, da Academia Chinesa de Ciência, se referindo ao primeiro pássaro conhecido, que viveu 150 milhões de anos atrás. "Seus membros anteriores eram configurados como asas. Para ser honesto, não sei bem que função as penas tinham, e não creio que seja possível excluir completamente a possibilidade de que elas o ajudassem a subir ao ar."
Perguntada sobre o que alguém diria ao ver Caihong, Julia Clarke, paleontologista da Universidade do Texas, respondeu: "'Uau!' E se a pessoa fosse parecida comigo, ia querer um desses como bichinho de estimação. Mas não seria um bom bicho para as crianças".                                                                                                                              

quarta-feira, janeiro 10, 2018

Fungos em fezes dão pistas sobre fim de bichos gigantes.
http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/2018/01/1949260-fungos-em-fezes-dao-pistas-sobre-fim-de-bichos-gigantes.shtml                                                        
Gliptodonte (parente extinto dos tatus)
REINALDO JOSÉ LOPES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA 
10/01/2018  02h02
Um dos maiores mistérios da pré-história brasileira ficou um pouco mais claro graças à análise meticulosa de fungos que crescem no cocô de herbívoros de grande porte. O declínio desses fungos a partir de 18 mil anos atrás sugere que a megafauna do Pleistoceno (ou seja, os mamíferos gigantes que existiam por aqui na Era do Gelo) começou a desaparecer antes que os seres humanos chegassem ao atual Brasil.
Esse dado, contudo, talvez não seja suficiente para demonstrar a inocência dos primeiros habitantes do país no fim da megafauna. É que a extinção dos bichos só ocorreu de vez há uns 11,5 mil anos –época em que o Homo sapiensjá estava instalado por aqui.
Faz sentido imaginar, portanto, que tenha havido uma interação entre a causa inicial do declínio (provavelmente a mudança climática) e a ação humana para que o desaparecimento dos animais se consumasse.
Tais conclusões estão num estudo publicado na revista científica "Quaternary Research" por um trio de pesquisadores: Marco Felipe Raczka, brasileiro que faz pós-doutorado no Instituto de Tecnologia da Flórida (EUA), Paulo Eduardo de Oliveira, do Instituto de Geociências da USP, e Mark Bush, também do instituto da Flórida.
LAGOA SANTA
O trio estudou um dos mais importantes complexos pré-históricos do Brasil, a região de Lagoa Santa (MG), perto de Belo Horizonte.
Fósseis de grandes mamíferos extintos e de seres humanos têm sido encontrados por cientistas nas cavernas calcárias de Lagoa Santa desde o começo do século 19.
A megafauna mineira, a exemplo da de outros locais do continente, incluía feras como preguiças-gigantes, parentes dos tatus do tamanho de um Fusca, gonfotérios (primos dos elefantes, também com tromba e grandes presas), ursos, cavalos e dentes-de-sabre (que não eram tigres, como se costumava dizer –eram parentes distantes dos felinos atuais).
Para reconstruir a história populacional desses bichos e a da vegetação que existia ao redor deles, os pesquisadores recolheram e dataram camadas de sedimentos de duas lagoas, conhecidas como Mares e Olhos D'Água.
A ideia é que, ao longo dos milênios, grãos de poeira e de pólen, pedacinhos de carvão e outros resquícios do ambiente circundante foram afundando e chegando ao leito das lagoas, formando uma espécie de biblioteca do que havia na região em cada período.
As datas obtidas pelos cientistas nos dois corpos d'água vão de 23 mil anos atrás até épocas recentes. Uma constatação importante derivada da análise é que o ambiente na região de Lagoa Santa era bem diferente do atual.
Hoje, a vegetação nativa da área é uma mistura de mata atlântica e cerrado, mas durante o Pleistoceno parecem ter sido comuns por ali as espécies de árvores típicas de regiões mais frias e/ou mais elevadas do país, como as araucárias (não por acaso, também conhecidas como pinheiros-do-paraná) e os podocarpos. Esse tipo de cobertura vegetal bate com a estimativa de que, naquela época, a temperatura média do Sudeste brasileiro era uns 5 graus Celsius mais fria do que a de hoje.

A outra pista crucial veio da abundância relativa dos esporos de fungos do gênero Sporormiella, que costumam estar presentes em grande quantidade, por exemplo, em lagos em cujas vizinhanças o gado pasta com frequência –o fungo nas fezes dos bichos acaba sendo carreado para a água.
Em estudos feitos na América do Norte, por enquanto o lugar onde o desaparecimento da megafauna foi estudado de forma mais completa, os últimos registros de fósseis dos bichões mais ou menos coincidem com a diminuição de Sporormiella nos sedimentos, e o mesmo vale, grosso modo, para os Andes.
Em ambas as lagoas do interior mineiro, os registros mais antigos são de abundância dos esporos fúngicos (na lagoa Olhos D'Água, por exemplo, chega a haver mais de 4.000 esporos por centímetro cúbico de sedimento). No entanto, a partir de 18 mil anos atrás, os restos de Sporormiella vão ficando paulatinamente mais raros, até desaparecer totalmente entre 12 mil e 11,5 mil anos atrás.
GOLPE DE MISERICÓRDIA
Dois detalhes cruciais precisam ser levados em consideração para tentar entender o que aconteceu.
Primeiro, de fato, o início desse processo, provavelmente ligado à extinção da megafauna, coincide com uma fase mais quente e úmida do clima, perturbando o habitat tradicional dos bichos e afetando a população deles. Nesse momento, ainda não havia seres humanos nas imediações de Lagoa Santa –nem, pelo que sabemos, no resto do Brasil.
O segundo ponto, porém, é que as condições climáticas voltaram a ficar mais frias por alguns milênios na região –e mesmo assim as perdas populacionais da megafauna continuaram, e isso numa fase em que o Homo sapiens já estava colonizando o interior mineiro. Esse conjunto de dados é que leva os pesquisadores a postular que a ação humana pode ter sido o golpe de misericórdia em espécies que já não andavam muito bem das pernas.
O que falta para encerrar o caso, então? Além de confirmar o quadro geral em sedimentos de outros locais do país, seria importante achar evidências diretas de que os primeiros brasileiros caçavam mesmo a megafauna.
Em Lagoa Santa, curiosamente, isso não existe: as escavações mais intensas feitas até hoje na região sugerem que os moradores originais capturavam mamíferos de porte mais modesto, como veados e porcos-do-mato. Nada que se compare, portanto, aos grandes sítios de abate de mamutes encontrados nos EUA no século passado.
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FALTOU CLIMA OU FOI O HOMEM?

Entenda o estudo sobre o fim da megafauna no Brasil
A MEGAFAUNA
Até cerca de 10 mil anos atrás, a região era habitada por uma conjunto impressionante de mamíferos de grande porte, hoje extintos. Veja exemplos de espécies da região de Lagoa Santa
                                                  Gliptodonte (parente extinto dos tatus
                                                  Dente-de-sabre Smilodon populator
                                                Preguiça-gigante Catonyx cuvieri
A ANÁLISE
Os cientistas recolheram, dataram e analisaram sedimentos do fundo de duas lagoas da região, conhecidas como Marés e Olhos D'Água. Eles procuraram, entre outras coisas, esporos de um fungo que só nasce em fezes de grandes mamíferos

A proporção dos esporos do fungo nos sedimentos começa a cair por volta de 18 mil anos atrás, antes da chegada dos seres humanos à região, chegando a níveis próximos de zero por volta de 11 mil anos atrás, quando já há humanos em Lagoa SantaOS RESULTADOS
CONCLUSÃO
O declínio da megafauna na área começou antes da interferência humana, talvez por razões climáticas, mas pode ter se intensificado por causa da caça