terça-feira, janeiro 30, 2018

Araras são 'despertadores' no Pantanal, uma das regiões mais selvagens do mundo                           
MARINA CONSIGLIO
ENVIADA ESPECIAL A MIRANDA (MS)
27/01/2018 17h00
Ainda não são 6h da manhã, e você desperta com uma orquestra de cantos dos mais variados pássaros. Ainda sonolento, tenta conferir se de fato o dia nasceu. Abre lentamente a cortina da janela e, para sua surpresa, os raios solares estão apenas começando a vir à tona. A menos de cinco passos dali, um jacaré assiste incólume ao espetáculo.
Quando de fato o dia mostra a cara, um casal de araras-azuis risca o céu em voo. As aves, que já estiveram em extinção no Brasil até 2015, ajudam a transformar o Pantanal sul-matogrossense num dos maiores santuários de riquezas naturais da Terra. 
Viaja sãopaulo - Pantanal 

Araras-azuis no Pantanal Por: Araquém Alcântara 2018-01-26 17:38:08                                                                Para manter o colorido do céu com essas aves, um projeto tenta preservá-las em seu ambiente natural. Desde 1990, um grupo de sete pessoas, coordenado pela bióloga Neiva Guedes, monitora as aves, cadastra os animais e instala ninhos artificiais. Foi assim que nasceu o Arara Azul.
Em 1998, o projeto fixou-se no Refúgio Ecológico Caiman, em Miranda (a 236 km de Campo Grande). Ali, flora e fauna pantaneiras convivem harmoniosamente com o homem.
Com a iniciativa, é possível não apenas admirar as aves nos céus, mas dá também para visitar os ninhos e conhecer os filhotes, que têm cheiro de leite de coco.
O espaço, dedicado ao ecoturismo, abriga outros projetos de conservação: o Papagaio-Verdadeiro, que pesquisa o animal para propor ações de proteção, e o Onçafari, que monitora a presença do predador pela mata, aumentando as chances de observá-lo.
REFÚGIO
No finzinho da tarde, a sinfonia de passarinhos está de volta. É como se eles se despedissem do dia, num anúncio para o que virá à noite. Em veículos adaptados, a turma do Refúgio promove a observação noturna dos bichos.
Os pássaros vistos durante o dia dão lugar a mamíferos de maior porte, como antas, tamanduás e jaguatiricas. Binóculos e lanternas se fazem necessários. As luzes lançadas pelos guias mostram também que os solitários jacarés descansam nas áreas alagadas, enquanto aguardam o raiar do sol para mais um dia, que será espetacular.
A jornalista viajou a convite da Fundação Toyota do Brasil.
*
PROJETO ARARA AZUL
Em atividade na região do Pantanal sul-matogrossense desde 1990, o Projeto Arara Azul realiza o manejo e a conservação da ave em seu ambiente natural. Para isso, uma equipe de sete pessoas coordenadas pela bióloga Neiva Guedes acompanha essa espécie na natureza, monitora e instala ninhos artificiais numa área de 400 mil hectares.

Além do trabalho de campo, o projeto promove o turismo de observação das aves e o envolvimento da comunidade em atividades de educação ambiental com crianças, peões e fazendeiros. A arara-azul saiu oficialmente da lista de animais em risco de extinção no Brasil em 2015. Na última contagem, feita em 2008, foram registradas cerca de 5.000 aves
                               Grupo de Trinta-réis Por: Lalo de AlmeidaFolhapress 2018-01-26 17:38:08
                                           Casal de araras-azuis Por: Rafael Munhoz/Divulgação 2018-01-26 17:38:08
              Jacaré Caiman: animal dá nome a refúgio ecológico Por: Cristina Vilares/Divulgação 2018-01-26 17:38:08
Tuiuiú em área alagada no Pantanal Por: Cristina Vilares/Divulgação 2018-01-26 17:38:08
QUEM LEVA
CVC VIAGENS
cvc.com.br; tel. 3003-9282
A partir de R$ 2.805
Com aéreo e quatro noites em apartamento duplo, com pensão completa aos hóspedes
VENTURAS VIAGENS
venturas.com.br; tel. 3879-9494
A partir de R$ 2.927
Inclui traslados e quatro noites em apartamento duplo com pensão completa, além de safári fotográfico, passeio de barco, pescaria esportivas e outros programas

quinta-feira, janeiro 18, 2018

Dinossauro 'arco-íris' chinês tinha penas como as de beija-flores  https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=14852578#editor/target=post;postID=8219862386362526798 
Representação de como seria o dinossauro Caihong
WILL DUNHAM DA REUTERS, EM WASHINGTON   18/01/2018  02h00
Cientistas anunciaram na segunda (15) a descoberta de um dinossauro do tamanho de uma gralha e semelhante a um pássaro, com penas iridescentes, que viveu há 161 milhões de anos, no período Jurássico, na China.
Os cientistas deram ao dino o nome Caihong, que significa arco-íris em mandarim.
Estruturas microscópicas no fóssil, bem preservado e quase completo, escavado na província de Hebei, indicam que ele dispunha de penas iridescentes, especialmente na cabeça, peito e pescoço, com cores que oscilavam e mudavam dependendo da luz, como ocorre nos beija-flores.
A descoberta "indica que o mundo Jurássico talvez tenha sido mais colorido do que imaginávamos anteriormente", disse Chad Eliason, biólogo evolutivo do Museu Field de História Natural, em Chicago, nos EUA, e um dos pesquisadores envolvidos no estudo publicado na revista "Nature Communications".
Usando microscópios, os cientistas detectaram nas penas resíduos de organelas chamadas melanossomas, responsáveis pela pigmentação. A forma dos melanossomas determina sua cor. As penas de Caihong tinham melanossomas em forma de panqueca, semelhantes aos dos beija-flores de penas iridescentes.
Embora o animal tenha muitas características em comum com os pássaros, os pesquisadores duvidam que pudesse voar. A plumagem talvez servisse para atrair parceiros e para fornecer isolamento térmico.

Caihong juji, nome científico que significa "arco-íris com grande crista", provavelmente caçava pequenos mamíferos e lagartos. O dino era um predador bípede com crânio semelhante ao de um velociraptor e dentes afiados. Ele tinha cristas por sobre os olhos que se assemelhavam a sobrancelhas ósseas.
Muitos dinossauros tinham penas. Os pássaros evoluíram de pequenos dinossauros plumados, perto do final do Jurássico.
Caihong tinha tanto plumas quanto penas penáceas, como as usadas para escrita. Ele é o exemplar mais antigo de criatura com penas assimétricas já identificado, um traço que os pássaros empregam para mudar de direção quando em voo. As penas penáceas de Caihong ficavam na cauda, sugerindo que penas de cauda e não penas nos braços foram usadas inicialmente para locomoção aerodinâmica.
"É bem parecido com alguns dos primeiros pássaros, como o arqueoptérix", disse o paleontologista Xing Ju, da Academia Chinesa de Ciência, se referindo ao primeiro pássaro conhecido, que viveu 150 milhões de anos atrás. "Seus membros anteriores eram configurados como asas. Para ser honesto, não sei bem que função as penas tinham, e não creio que seja possível excluir completamente a possibilidade de que elas o ajudassem a subir ao ar."
Perguntada sobre o que alguém diria ao ver Caihong, Julia Clarke, paleontologista da Universidade do Texas, respondeu: "'Uau!' E se a pessoa fosse parecida comigo, ia querer um desses como bichinho de estimação. Mas não seria um bom bicho para as crianças".                                                                                                                              

quarta-feira, janeiro 10, 2018

Fungos em fezes dão pistas sobre fim de bichos gigantes.
http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/2018/01/1949260-fungos-em-fezes-dao-pistas-sobre-fim-de-bichos-gigantes.shtml                                                        
Gliptodonte (parente extinto dos tatus)
REINALDO JOSÉ LOPES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA 
10/01/2018  02h02
Um dos maiores mistérios da pré-história brasileira ficou um pouco mais claro graças à análise meticulosa de fungos que crescem no cocô de herbívoros de grande porte. O declínio desses fungos a partir de 18 mil anos atrás sugere que a megafauna do Pleistoceno (ou seja, os mamíferos gigantes que existiam por aqui na Era do Gelo) começou a desaparecer antes que os seres humanos chegassem ao atual Brasil.
Esse dado, contudo, talvez não seja suficiente para demonstrar a inocência dos primeiros habitantes do país no fim da megafauna. É que a extinção dos bichos só ocorreu de vez há uns 11,5 mil anos –época em que o Homo sapiensjá estava instalado por aqui.
Faz sentido imaginar, portanto, que tenha havido uma interação entre a causa inicial do declínio (provavelmente a mudança climática) e a ação humana para que o desaparecimento dos animais se consumasse.
Tais conclusões estão num estudo publicado na revista científica "Quaternary Research" por um trio de pesquisadores: Marco Felipe Raczka, brasileiro que faz pós-doutorado no Instituto de Tecnologia da Flórida (EUA), Paulo Eduardo de Oliveira, do Instituto de Geociências da USP, e Mark Bush, também do instituto da Flórida.
LAGOA SANTA
O trio estudou um dos mais importantes complexos pré-históricos do Brasil, a região de Lagoa Santa (MG), perto de Belo Horizonte.
Fósseis de grandes mamíferos extintos e de seres humanos têm sido encontrados por cientistas nas cavernas calcárias de Lagoa Santa desde o começo do século 19.
A megafauna mineira, a exemplo da de outros locais do continente, incluía feras como preguiças-gigantes, parentes dos tatus do tamanho de um Fusca, gonfotérios (primos dos elefantes, também com tromba e grandes presas), ursos, cavalos e dentes-de-sabre (que não eram tigres, como se costumava dizer –eram parentes distantes dos felinos atuais).
Para reconstruir a história populacional desses bichos e a da vegetação que existia ao redor deles, os pesquisadores recolheram e dataram camadas de sedimentos de duas lagoas, conhecidas como Mares e Olhos D'Água.
A ideia é que, ao longo dos milênios, grãos de poeira e de pólen, pedacinhos de carvão e outros resquícios do ambiente circundante foram afundando e chegando ao leito das lagoas, formando uma espécie de biblioteca do que havia na região em cada período.
As datas obtidas pelos cientistas nos dois corpos d'água vão de 23 mil anos atrás até épocas recentes. Uma constatação importante derivada da análise é que o ambiente na região de Lagoa Santa era bem diferente do atual.
Hoje, a vegetação nativa da área é uma mistura de mata atlântica e cerrado, mas durante o Pleistoceno parecem ter sido comuns por ali as espécies de árvores típicas de regiões mais frias e/ou mais elevadas do país, como as araucárias (não por acaso, também conhecidas como pinheiros-do-paraná) e os podocarpos. Esse tipo de cobertura vegetal bate com a estimativa de que, naquela época, a temperatura média do Sudeste brasileiro era uns 5 graus Celsius mais fria do que a de hoje.

A outra pista crucial veio da abundância relativa dos esporos de fungos do gênero Sporormiella, que costumam estar presentes em grande quantidade, por exemplo, em lagos em cujas vizinhanças o gado pasta com frequência –o fungo nas fezes dos bichos acaba sendo carreado para a água.
Em estudos feitos na América do Norte, por enquanto o lugar onde o desaparecimento da megafauna foi estudado de forma mais completa, os últimos registros de fósseis dos bichões mais ou menos coincidem com a diminuição de Sporormiella nos sedimentos, e o mesmo vale, grosso modo, para os Andes.
Em ambas as lagoas do interior mineiro, os registros mais antigos são de abundância dos esporos fúngicos (na lagoa Olhos D'Água, por exemplo, chega a haver mais de 4.000 esporos por centímetro cúbico de sedimento). No entanto, a partir de 18 mil anos atrás, os restos de Sporormiella vão ficando paulatinamente mais raros, até desaparecer totalmente entre 12 mil e 11,5 mil anos atrás.
GOLPE DE MISERICÓRDIA
Dois detalhes cruciais precisam ser levados em consideração para tentar entender o que aconteceu.
Primeiro, de fato, o início desse processo, provavelmente ligado à extinção da megafauna, coincide com uma fase mais quente e úmida do clima, perturbando o habitat tradicional dos bichos e afetando a população deles. Nesse momento, ainda não havia seres humanos nas imediações de Lagoa Santa –nem, pelo que sabemos, no resto do Brasil.
O segundo ponto, porém, é que as condições climáticas voltaram a ficar mais frias por alguns milênios na região –e mesmo assim as perdas populacionais da megafauna continuaram, e isso numa fase em que o Homo sapiens já estava colonizando o interior mineiro. Esse conjunto de dados é que leva os pesquisadores a postular que a ação humana pode ter sido o golpe de misericórdia em espécies que já não andavam muito bem das pernas.
O que falta para encerrar o caso, então? Além de confirmar o quadro geral em sedimentos de outros locais do país, seria importante achar evidências diretas de que os primeiros brasileiros caçavam mesmo a megafauna.
Em Lagoa Santa, curiosamente, isso não existe: as escavações mais intensas feitas até hoje na região sugerem que os moradores originais capturavam mamíferos de porte mais modesto, como veados e porcos-do-mato. Nada que se compare, portanto, aos grandes sítios de abate de mamutes encontrados nos EUA no século passado.
-

FALTOU CLIMA OU FOI O HOMEM?

Entenda o estudo sobre o fim da megafauna no Brasil
A MEGAFAUNA
Até cerca de 10 mil anos atrás, a região era habitada por uma conjunto impressionante de mamíferos de grande porte, hoje extintos. Veja exemplos de espécies da região de Lagoa Santa
                                                  Gliptodonte (parente extinto dos tatus
                                                  Dente-de-sabre Smilodon populator
                                                Preguiça-gigante Catonyx cuvieri
A ANÁLISE
Os cientistas recolheram, dataram e analisaram sedimentos do fundo de duas lagoas da região, conhecidas como Marés e Olhos D'Água. Eles procuraram, entre outras coisas, esporos de um fungo que só nasce em fezes de grandes mamíferos

A proporção dos esporos do fungo nos sedimentos começa a cair por volta de 18 mil anos atrás, antes da chegada dos seres humanos à região, chegando a níveis próximos de zero por volta de 11 mil anos atrás, quando já há humanos em Lagoa SantaOS RESULTADOS
CONCLUSÃO
O declínio da megafauna na área começou antes da interferência humana, talvez por razões climáticas, mas pode ter se intensificado por causa da caça